Rafael Brito quer Lula na campanha em Maceió e diz que pretende rever acordos da Braskem
Cerca de 14 mil imóveis foram atingidos de forma direta pelo afundamento do solo causado pelas atividades de mineração da empresa na capital alagoana.
- Data: 30/07/2024 16:07
- Alterado: 30/07/2024 16:07
- Autor: Redação
- Fonte: FolhaPress/José Matheus Santos
Crédito:Reprodução
O deputado federal e pré-candidato à Prefeitura de Maceió Rafael Brito (MDB) disse, nesta terça-feira (30), que quer quer rever acordos com a Braskem após o desastre ambiental na cidade e que pretende contar com a presença do presidente Lula na campanha eleitoral.
“Aqui, o poder público correu para o colo da Braskem. A prefeitura fez um acordo para ter dinheiro, até hoje nenhum centavo desse dinheiro foi para vítima. Esse é um problema muito sério e, a partir de 1º de janeiro, vou rever todos os acordos que a prefeitura tem com a Braskem”, disse em sabatina Folha/UOL.
“Tenho proposta que é muito diferente do que está posto no lugar. A prefeitura de Maceió deu à Braskem um perdão dos crimes do passado, do presente e dos que aparecerão no futuro naquela região. Há também perdão de todos os débitos tributários daquela região, é um acordo pró-Braskem”, acrescentou, sobre o maior desastre ambiental urbano do país.
“Aqui, o poder público correu para o colo da Braskem, a prefeitura. Fez um acordo para ter dinheiro, até hoje nenhum centavo desse dinheiro foi para vítima. Esse é um problema muito sério e a partir de 1º de janeiro vou rever todos os acordos que a prefeitura tem com a Braskem”, acrescentou Brito.
De acordo com o MPF (Ministério Público Federal), cerca de 14 mil imóveis foram atingidos de forma direta pelo afundamento do solo causado pelas atividades de mineração da empresa na capital alagoana.
Maceió foi a única capital nordestina a dar vitória a Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno das eleições de 2022, mas o candidato afirma que pretende contar com a presença de Lula em seu palanque.
“Com certeza [quero Lula na campanha], Lula é fundamental, tem promovido mudanças importantíssimas no país”, disse.
Ele também teceu críticas à família do atual prefeito João Henrique Caldas (PL).
“A gente não fala da família Caldas. A mãe disputou para suplente de Rodrigo Cunha, o pai foi candidato várias vezes e, na última eleição, não foi candidato porque é ficha suja. O irmão foi candidato a deputado federal, perdeu e mudou a titularidade de forma errada para a cidade de Marechal Deodoro. O TRE teve que invalidar. A única família em Alagoas que vive da política e para a política é justamente a família Caldas. Isso não é ataque, a gente está falando o que é sério”, disse Brito.
“É a única de Alagoas e talvez seja a única família do Brasil em que todos do lar disputam eleições”, acrescentou.
Rafael Brito foi perguntado sobre a possibilidade do prefeito JHC, caso seja reeleito, disputar as eleições de 2026. O gestor é cotado como possível candidato ao governo estadual.
“O cidadão vai ter que também analisar o nome que ele escolherá para a [candidatura de] vice. Com um ano e três meses, se ele realmente [for reeleito e] for candidato em 2026, o prefeito será outro que o eleitor nem conhece. Então é muito importante que durante a eleição a gente faça essa discussão”, disse.
Rafael Brito prometeu construir um memorial às vítimas do desastre e um parque municipal na área. “Temos que fazer um fundo de verdade para as vítimas, fazer moradias para as vítimas, dividir o dinheiro com as vítimas, construir um novo bairro.”
Quanto à aliança com o PT, o pré-candidato disse que a considera natural. Na segunda-feira (29), a direção nacional do partido retirou a pré-candidatura de Ricardo Barbosa a prefeito de Maceió e determinou o apoio a Rafael Brito, apoiado pelo senador Renan Calheiros (MDB) e pelo ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB-AL).
“O PT faz parte da nossa aliança há muito tempo. A gente milita junto há muito tempo, demos apoio ao presidente Lula desde o primeiro turno na eleição passada”.
Rafael Brito também minimizou as derrotas dos aliados Lula e Paulo Dantas (MDB), governador de Alagoas, no segundo turno das eleições em Maceió.
Nas eleições de 2022, em Maceió, Bolsonaro teve 57,18% dos votos válidos no segundo turno, ante 42,82% de Lula. Já na disputa pelo Executivo estadual, Rodrigo Cunha (Podemos), atual senador, recebeu 62,05% dos votos válidos na capital, enquanto Paulo Dantas teve 37,95%.
“Maceió teve esse viés mais conservador em toda a sua história. Serra venceu em 2002 contra Lula. Mas isso nunca impediu Renan Filho de ganhar duas eleições e Paulo Dantas vencer [no primeiro turno] na eleição passada”, disse.
Rafael Brito disse que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o prefeito JHC (PL) e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), “fazem parte do mesmo pacote”. “É o campo [político] que diz, como disse o presidente Bolsonaro, que o nordestino é o pior povo que existe e o Nordeste é o pior lugar para se viver.”
Diego Sarza conduziu a sabatina, com participação dos jornalistas Carlos Madeiro, do UOL, e João Pedro Pitombo, correspondente da Folha em Salvador.
Rafael Brito é empresário e graduado em administração de empresas pela Ufal (Universidade Federal de Alagoas). Já foi secretário estadual do Trabalho, do Desenvolvimento Econômico e da Educação. Em 2022, concorreu e foi eleito deputado federal. Disputa a prefeitura maceioense pela primeira vez.
Além dele, outros dois postulantes foram convidados. Nesta sexta-feira (2), às 14h, o entrevistado será o ex-deputado estadual Lobão (Solidariedade). O prefeito João Henrique Caldas (PL) também foi convidado, mas não quis participar.