Racha no PCC: a crise anunciada e ignorada pelo Governo de São Paulo

A segurança pública é um campo que exige uma análise minuciosa de riscos e a implementação de estratégias para mitigá-los

  • Data: 27/02/2024 10:02
  • Alterado: 27/02/2024 10:02
  • Autor: Fábio Jabá
  • Fonte: Assessoria
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Presidente do SIfuspesp, Fábio Jabá

Crédito:Divulgação

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O Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo (SIFUSPESP) apontou, no relatório “Raio X do Sistema Prisional” entregue à equipe de transição do atual governo, em 2022, uma série de vulnerabilidades dentro do sistema prisional de São Paulo.

Dentre os diversos pontos de atenção levantados pelo SIFUSPESP, destacamos o risco de um colapso funcional, impulsionado pela defasagem de servidores e pelo crescente número de aposentadorias e afastamentos, além da real possibilidade de conflitos internos dentro do Primeiro Comando da Capital (PCC), capazes de incitar rebeliões, assassinatos e ataques contra agentes públicos.

Contrariando nossas expectativas de uma gestão proativa, o Governo de São Paulo, sob a liderança do Secretário de Administração Penitenciária, Marcello Streifinger, optou por negligenciar nossos alertas.

Esses avisos, apresentados ao governo no final de 2022, ficaram evidenciados em uma reportagem do jornalista Josmar Jozino, do portal UOL, baseada em informações do promotor Lincoln Gakia, que noticiou um racha interno no PCC, uma situação prevista por nosso sindicato.

A experiência nos mostra como disputas internas dentro do sistema prisional tendem a ser resolvidas: com violência nas unidades e nas ruas. A escalada dessas divisões internas exige um sistema prisional robusto e preparado, o que, infelizmente, não existe atualmente. Enfrentamos uma crítica defasagem de servidores em todas as esferas da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), especialmente na segurança interna, crucial em momentos de rebeliões.

A realidade é alarmante: estamos à beira de um colapso de pessoal. O acúmulo de funções e a sobrecarga de trabalho têm adoecido nossos colegas, que se afastam cada vez mais por motivos de saúde. Observamos que todos estão operando no limite de suas capacidades físicas e mentais, em um ambiente onde falhas não são toleradas.

Esta situação de tensão é agravada pelo aumento das agressões, motins e violações disciplinares, reflexo da deterioração das condições materiais das instalações prisionais, que enfrentam problemas de alimentação e fornecimento de coisas básicas, como água e itens de higiene. Uma guerra aberta dentro do crime organizado pode desencadear uma crise de proporções inimagináveis, exacerbada pela escassez de pessoal.

Durante os anos sob gestão do PSDB, habituamo-nos a um governo que se recusava a reconhecer a realidade com a qual lidamos diariamente. A negação da existência do PCC pelo Governo do Estado facilitou o crescimento e fortalecimento da facção, que hoje opera em todos os estados brasileiros e em diversos países da América Latina, com influência até mesmo na Europa.

É imperativo entender que ignorar os problemas apenas contribui para o seu crescimento. A história já nos mostrou isso. Nós, do Sindicato, alertamos para a necessidade urgente de reconhecer e enfrentar essas questões, antes que seja tarde demais. Negar os problemas não os fará desaparecer; pelo contrário, apenas os intensificará.

CLIQUE AQUI PARA LER O RAIO-X (O alerta do Sindicato está na página 14)

Fábio Jabá

Fábio é presidente do Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo (SIFUSPESP)

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  • Data: 27/02/2024 10:02
  • Alterado: 27/02/2024 10:02
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