“Precisamos assumir o compromisso de exportar sustentabilidade”, diz Lula na Colômbia
Em visita a Bogotá, presidente do Brasil pede mais integração entre os países da América do Sul. Lula cumpriu ampla agenda no país vizinho, que incluiu reunião bilateral com o anfitrião Gustavo Petro e participação no Fórum Empresarial Brasil-Colômbia
- Data: 18/04/2024 09:04
- Alterado: 18/04/2024 09:04
- Autor: Redação
- Fonte: Governo Federal
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante reunião restrita com o Presidente da República da Colômbia, Gustavo Petro, na Casa de Nariño – Bogotá, Colômbia
Crédito:Ricardo Stuckert / PR
Na pauta, discussões em torno da proteção à Floresta Amazônica e do fortalecimento de uma agenda ambiental conjunta e bem estruturada. Foco na importância do estabelecimento de acordo em áreas sociais e econômicas capazes de ampliar as relações bilaterais entre os dois países. E o trabalho em torno de parcerias que promovam cooperação de forças policiais e militares das duas nações.
Ao final de uma ampla agenda, uma certeza por parte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva: “A vocação para unir o Caribe, o Pacífico e a Amazônia torna a Colômbia um sócio indispensável. Precisamos assumir a responsabilidade de definir que América do Sul nós queremos, que país nós queremos e que política de integração nós queremos”.
A visita do presidente Lula a Bogotá foi marcada por uma intensa agenda, que incluiu uma reunião bilateral com o presidente colombiano Gustavo Petro, a participação no Fórum Empresarial Brasil-Colômbia e presença na abertura da 36ª Feira Internacional do Livro de Bogotá (FILBo), maior evento editorial e cultural do país vizinho.
O encontro entre os dois chefes de Estado também foi marcado pela assinatura de atos internacionais, entre eles memorandos de entendimento e termos de cooperação técnica em diversas áreas, e serviu para Brasil e Colômbia ressaltarem o compromisso de trabalharem juntos nos mais variados setores, principalmente em temas ligados à biodiversidade.
“Precisamos assumir o compromisso de exportar sustentabilidade. Quando participou da Cúpula de Chefes de Estado na América do Sul (em maio do ano passado), o presidente Petro afirmou que a América do Sul pode ser a ‘Arábia Saudita da energia limpa’. E o presidente Petro tem toda a razão. A maior parte do fluxo de investimentos entre nossos países já se concentra no setor energético”, frisou Lula, ao discursar no Fórum Empresarial Brasil-Colômbia.
SEM MEDO – Ao lembrar os avanços obtidos nas relações comerciais entre os dois países nos últimos 20 anos, Lula mandou um recado aos empresários presentes no Fórum Brasil-Colômbia: “Minha proposta aos empresários colombianos e aos empresários brasileiros é: vamos parar de ter medo uns dos outros. Vamos ter em conta que Brasil e Colômbia têm condições de triplicar o nosso fluxo da balança comercial”.
Ao final da participação no encontro, já durante a conversa com os jornalistas, Lula voltou a ressaltar as potencialidades da parceria entre os dois países no campo energético. Ele inclusive listou alguns setores cruciais nesta agenda: “Temos, na transição energética, a possibilidade extraordinária de atrair o mundo inteiro para contribuir nos investimentos, no desenvolvimento de uma nova matriz energética. Seja o hidrogênio verde, seja o etanol, seja a biomassa, seja a energia solar”.
Promovido pela ApexBrasil e pela agência de promoção comercial ProColômbia, o Fórum Empresarial Brasil-Colômbia contou com painéis sobre temas importantes como tecnologia, reindustrialização e integração produtiva, segurança alimentar e infraestrutura. Cerca de 300 pessoas dos governos brasileiro e colombiano, além do setor privado e mais de 20 líderes de empresas de diferentes setores de ambos os países, participaram do Fórum.
Ao analisar a balança comercial e as perspectivas de crescimento nos negócios entre os dois países em torno de uma economia verde e descarbonizada, Gustavo Petro disse que a Amazônia deve unir Brasil e Colômbia. “A selva amazônica não deve ser vista como um abismo entre os dois países. É justamente o contrário. Tem que ser uma ponte”, declarou o presidente colombiano.
REAPROXIMAÇÃO – A visita de Lula à Colômbia marca mais uma etapa no processo de reaproximação entre os dois países, iniciado com a presença de Gustavo Petro na cerimônia de posse do líder brasileiro, em 1º de janeiro de 2023 e, depois, com a vinda do chefe de governo colombiano à reunião de presidentes da América do Sul, em Brasília, no final de maio do ano passado. Soma-se a isso a presença de Lula no encerramento da Reunião Técnico-Científica da Amazônia, em julho de 2023, em Letícia, na Colômbia, evento prévio à Cúpula de Belém.
Brasil e Colômbia estão alinhados em torno da construção de uma agenda ambiental colaborativa, uma vez que a América do Sul é hoje o coração das discussões relativas ao meio ambiente e ao combate às mudanças climáticas. As duas nações se destacam por serem os países que mais têm reduzido o desmatamento no mundo e em breve estarão no centro das discussões ambientais globais. A Colômbia sediará a Cúpula de Biodiversidade da ONU, a COP 16, em outubro deste ano, e o Brasil se prepara para receber a COP 30, em Belém, em 2025.
Além das afinidades em torno da agenda ambiental, Lula e Gustavo Petro têm opiniões convergentes sobre temas importantes, como a integração sul-americana, a valorização das comunidades tradicionais e a atenção às populações fronteiriças. Prova disso é que o Brasil voltou a participar da Mesa de Diálogos de Paz entre o governo colombiano e o Exército de Libertação Nacional.
ATOS – Brasil e Colômbia assinaram nesta quarta-feira atos internacionais, entre eles memorandos de entendimento e termos de cooperação técnica em diversas áreas, como direitos das pessoas LGBTQIA+, migrantes, idosos, pessoas com deficiência e pessoas em situação de rua; combate ao tráfico de pessoas; desenvolvimento agrário e agricultura familiar; comunicação e tecnologia e cartografia, entre outros.
FILBO – Ainda nesta quarta-feira, Lula participou da abertura da 36ª Feira Internacional do Livro de Bogotá (FILBo), que, neste ano, tem o Brasil como país convidado de honra. Na condição de homenageado, o Brasil contará com amplo pavilhão próprio, espaço que servirá para exposição de livros de autores brasileiros. O Ministério da Cultura estará presente com uma grande programação, com mais de 60 autores e autoras e, também, com programação cultural, com a curadoria da poetisa Stephany Borges. Esta será a terceira vez em que o Brasil é homenageado na feira, após as edições de 1995 e 2012. A feira, maior evento editorial e cultural da Colômbia, prossegue até o dia 2 de maio e neste ano terá como lema “Ler a Natureza”. O público está estimado em mais de 600 mil pessoas.
JORNADA EXPORTADORA – A Apex promoverá, entre esta quarta-feira até o dia 24 de abril, tanto na capital colombiana quanto em Medellín, segunda maior cidade do país, o lançamento do programa Jornada Exportadora. O objetivo é impulsionar negócios com empresários locais e a iniciativa permitirá que uma delegação de representantes de 13 empresas brasileiras de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) possam fazer uma imersão comercial na Colômbia para aprofundar os conhecimentos sobre as principais tendências do setor.
INTERCÂMBIO COMERCIAL – Os dois países mantêm um intercâmbio comercial significativo. O Brasil é o terceiro maior parceiro da Colômbia e as exportações brasileiras para o país apresentam tendência de crescimento desde 2003. No ano passado, o comércio bilateral totalizou US$ 6,1 bilhões. As exportações brasileiras alcançaram US$ 3,8 bilhões e as importações da Colômbia somaram US$ 2,3 bilhões.
O Brasil é a principal origem das importações colombianas de automóveis e suas partes (19% do total) e de papéis e cartões (19% do total); e a segunda de cereais (21% do total). Entre os produtos agropecuários brasileiros exportados para a Colômbia destacam-se as vendas de milho e de café não torrado, que respondem, respectivamente, por 12% e 5% do total exportado pelo Brasil em 2023.
Nas relações bilaterais entre os dois países, observa-se atualmente forte interesse em diferentes setores de ampliar a integração de cadeias produtivas nacionais em áreas como indústria automobilística, farmacêutica, cosmética, agroalimentar, de defesa e de produtos fitoterapêuticos. Estima-se haver grande margem para aumento das exportações brasileiras, tanto no setor industrial quanto no setor agropecuário. A estimativa é de que aproximadamente 70 empresas brasileiras operem naquele país.