Posse de Trump eleva juros dos títulos do tesouro e preocupa investidores
A combinação de tarifas sobre importações e quedas nas taxas de juros gera receio de inflação nos Estados Unidos.
- Data: 24/01/2025 00:01
- Alterado: 24/01/2025 00:01
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: FOLHAPRESS
Crédito:RS/Fotos Públicas
O entusiasmo inicial dos investidores com a posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos dá lugar à cautela, refletida no comportamento das taxas dos títulos do Tesouro. Após um breve alívio no mercado global, os juros dos títulos de 10 anos registraram alta significativa nos dias subsequentes, sinalizando incertezas econômicas.
A taxa dos títulos do Tesouro americano com vencimento em 10 anos caiu de 4,79% (13 de janeiro) para 4,57% (20 de janeiro), mas fechou a quinta-feira (23) em 4,65%, marcando uma recuperação acentuada. Movimentos similares ocorreram no Reino Unido, Alemanha e Japão, refletindo um padrão global.
Promessas tarifárias e discurso em Davos
Trump reafirmou planos de impor tarifas sobre importações, incluindo elevações de até 100% para produtos de China e Brics, além de aumentos significativos sobre itens do Canadá e México. Durante o Fórum Econômico Mundial em Davos, o presidente americano exigiu cortes imediatos nas taxas de juros nos EUA e recomendou que outros países seguissem o exemplo.
“A queda nos preços do petróleo exige ações rápidas. Quero cortes nas taxas de juros agora”, declarou Trump.
Riscos inflacionários e cautela do Fed
Especialistas apontam para riscos inflacionários associados às medidas. Gustavo Bertotti, da Fami Capital, alertou: “Não há espaço para cortes; o mercado de trabalho segue aquecido e tarifas elevadas valorizam o dólar, pressionando a inflação.”
O Federal Reserve (Fed) se reunirá na próxima semana, e a expectativa dos analistas é pela manutenção da taxa de referência entre 4,25% e 4,5%. Eduardo Gribler, da AMW Asset, destacou os desafios da independência do Fed frente às pressões políticas de Trump.
Apesar das incertezas, o mercado acionário americano manteve desempenho positivo. Na quinta-feira, o índice S&P 500 avançou 0,5%, alcançando um novo recorde de 6.119 pontos, impulsionado pelo otimismo em relação aos balanços corporativos do quarto trimestre de 2024.