Positividade tóxica: entenda o que é
Especialista explica como lidar com atitudes de pessoas que praticam positividade excessiva
- Data: 25/03/2024 18:03
- Alterado: 25/03/2024 18:03
- Autor: Redação
- Fonte: Assessoria
Crédito:Divulgação/Freepik
Enxergar o lado bom de situações adversas é uma saída para amenizar os danos emocionais que elas podem gerar. No entanto, exagerar nas atitudes positivas, como uma espécie de repetição, pode ser uma lente perigosa para observar o mundo.
A positividade tóxica, muitas vezes confundida com otimismo, pode ser extremamente prejudicial para quem pratica e, também, para quem convive com pessoas que tendem a ter esse comportamento. E infringir ou reprimir todo e qualquer sentimento negativo pode causar diversos efeitos psicológicos negativos.
De acordo com Eliana Santos de Farias, professora doutora coordenadora do curso de Psicologia do Centro Universitário Braz Cubas, é incerto afirmar de onde surge esse tipo de comportamento, mas ele está comumente relacionado com questões psicológicas pessoais. “Seguramente está ali, no lugar de algum tipo de defesa emocional. Assim, a pessoa não precisa acessar suas inseguranças, imaturidade, conflitos e conhecimento raso ou inexistente sobre si e sobre o outro, bem como evitar responsabilidades, sobre si inclusive”, comenta.
Segundo a especialista, a prática da positividade tóxica, nos dias atuais, está muito relacionada com o desenvolvimento das relações entre influenciadores digitais e o público. Por exemplo, com a disseminação de rotinas altamente produtivas, alimentações regradas, metas facilmente alcançadas e avanços financeiros contínuos, sem considerar que esses êxitos não dependem unicamente de iniciativa e empreendedorismo e ignoram diversos marcadores sociais, como renda, entre outras variáveis.
O resultado, afora mostrar alguma fragilidade no funcionamento emocional de quem pratica a positividade excessiva, é o distanciamento do público em relação ao outro. “Além de não contribuir para o enfrentamento das adversidades cotidianas”, menciona Eliana.
Para romper com esse ciclo prejudicial, a professora defende que é necessário posicionamento e cautela: “É preciso entender que existem desigualdades bem reais em todo o mundo, seja em condições sociais e econômicas ou em rede de apoio socioemocional. É preciso se posicionar diante do que não nos faz bem”.
Por isso, a psicoterapia é bastante recomendada nesses casos, uma vez que trabalha o autoconhecimento e desenvolvimento de estratégias de enfrentamento assertivo e coeso. O tratamento profissional pode ter resultados muito positivos, levando a comportamentos pró-sociais e relações mais humanas e saudáveis consigo e com o próximo.
“É preciso compreender que avançamos não só em situações em que percebemos emoções e sentimentos positivos. De fato, quando me deparo com sensações, emoções ou mesmo sentimentos que nos parecem aversivos, temos aqui uma oportunidade de reconhecer nossos limites e aprender com eles. Quando isso acontece, estamos nos preparando para enfrentar situações semelhantes futuras e, assim, amadurecemos”, conclui.