PF realiza Operação My Way

A diretoria de engenharia e serviços da Petrobrás é o foco principal da nova fase da Operação Lava Jato, que incluiu pela primeira vez também a BR Distribuidora entre os alvos da investigação. Os procuradores do Ministério Público explicaram que a maioria dos mandados de condução coercitiva e busca e apreensão são referentes a 11 operadores responsáveis por lavagem de dinheiro e pagamento de propinas a funcionários da Petrobrás, incluindo fatos ocorridos também em 2014. O tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, foi um dos nomes da lista e foi levado para depor na sede da PF em São Paulo, sendo alvo de dois mandados, um de condução coercitiva e outro de busca e apreensão. Também foi feita uma operação de busca e apreensão no escritório da Oil Drive, de Julio Faerman, acusado de pagar propinas a funcionários da Petrobrás no caso da SBM.

Os investigadores explicaram que foram incluídas 26 empresas na lista dos mandados, sendo “a maioria de fachada”, nas palavras de um deles. Duas pessoas foram presas na empresa Arxo, de construção de tanques e caminhões-tanque para abastecimento de aviões, em Itajaí, Santa Catarina, em função de revelações feitas por um dos acusados que assinou acordo de delação premiada. Disso resultou o primeiro caso envolvendo contratos da BR Distribuidora. Outros dois mandados de prisão tinham sido expedidos, mas não foram cumpridos porque os alvos não foram encontrados.

A nova fase da operação tem relação direta com os contratos assinados sob o comando do ex-diretor de serviços Renato Duque, que inclusive deu nome à operação, chamada My Way. Os investigadores explicaram que a expressão em inglês era usada pelo ex-gerente da Petrobrás Pedro Barusco, um dos operadores do esquema, quando ele se referia a Duque. Barusco está colaborando com as investigações e se comprometeu a devolver cerca de US$ 98 milhões desviados para contas no exterior.

No Rio de Janeiro, são 13 mandados, sendo o único de prisão preventiva, 12 de busca e apreensão e oito de condução coercitiva. Em São Paulo, foram 10 mandados de condução coercitiva, sendo que sete já foram cumpridos. No Rio, o alvo do mandado de prisão não foi revelado pela Polícia Federal, mas os investigadores informaram que não o encontraram nas buscas e continuam a procura.

Os procuradores não revelaram os nomes dos acusados e ressaltaram que os alvos dessa fase da operação ainda não são acusados formalmente, mas estão na etapa prévia a isso, de investigação apenas.  “Temos suspeitas claras de que essas pessoas ouvidas participaram de esquemas de lavagem de dinheiro, mas não podemos citar os nomes ainda, para não atrapalhar a operação. Até o final do dia os documentos serão abertos para a consulta de todos”, informou um dos procuradores.

Numa das empresas em que está sendo feita a busca, houve um volume muito grande de dinheiro apreendido, por isso a procuradoria afirmou que o resultado da operação deve demorar a ser divulgado.

Eles explicaram ainda que cada um dos operadores tinha contratos específicos em que eram encarregados de pagar propina, explicando que ainda não é possível saber qual era o número total de operadores envolvidos em esquemas na estatal. “Temos fatos mostrando que isso acontecia até recentemente, até o ano de 2014”, afirmou um dos procuradores.

A 9ª fase da Operação Lava Jato conta com 62 mandados, sendo um de prisão preventiva, três de prisão temporária, 18 de condução coercitiva e 40 de busca e apreensão. A ação está ocorrendo ao mesmo tempo nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Santa Catarina. As acusações envolvem corrupção ativa, lavagem de dinheiro, organização criminosa e fraude em licitação na investigação que apura desvio de verbas na Petrobrás. A ação conta com 200 policiais e 25 servidores da Receita.