Os reflexos da guerra na economia brasileira e o que esperar para os próximos meses

Conflito europeu pode causar pressão nos preços e impactar a inflação no Brasil

  • Data: 01/04/2022 14:04
  • Alterado: 17/08/2023 06:08
  • Autor: Redação
  • Fonte: Instituto Mauá de Tecnologia
Os reflexos da guerra na economia brasileira e o que esperar para os próximos meses

Dinheiro

Crédito:Arquivo - Agência Brasil

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As disputas entre Rússia e Ucrânia se estendem há anos, porém, agora, com a invasão russa ao país, o conflito tomou novas proporções, atingindo civis e impactando diretamente o mercado internacional. Nesse cenário, a economia brasileira – e mundial – também é afetada. 

O doutor em Administração com ênfase em Negócios Internacionais e coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), Ricardo Balistiero, explica que, desde o início, o principal reflexo está ligado ao setor de alimentos. “O Brasil compra muito trigo importado e a Rússia é uma grande fornecedora desse cereal. Embora nosso país não compre diretamente o produto russo, o trigo sofreu uma grande alta no mercado internacional, e isso certamente impacta boa parte dos produtos derivados. Então, a primeira tensão vem desse lado”.

Não apenas no mercado agrícola: essa pressão se reflete também no setor de alimentos como um todo. Tendo em vista que períodos de guerra representam um momento de grande escassez, invariavelmente, os preços são diretamente afetados. Segundo o especialista, como o Brasil é um grande fornecedor de alimentos, esses produtos acabam por apresentar um grande aumento em seu valor de mercado, o que vai abalar de forma significativa o bolso dos brasileiros. 

Além disso, o conflito também afeta o setor de energia. “Com o preço do barril do petróleo passando de US$ 100, isso vai ter efeitos negativos no preço da gasolina internamente. Assim, podemos considerar que esse é o terceiro fator que vai gerar inúmeros impactos no bolso dos brasileiros por causa da guerra”, acrescenta Balistiero. Para o professor, essa pressão nos valores é a principal consequência esperada. “Nesse cenário, o que acontece é o que chamamos de ‘choque de oferta’, e isso é o que causa a alta de preços, além de influenciar a inflação brasileira. Quando isso ocorre, o Banco Central certamente terá de utilizar a taxa básica de juros como um elemento para poder combater a inflação”, pontua. 

O economista também explica que, quando a taxa de juros é utilizada com o intuito de lidar com a inflação, a economia desacelera. “Para os próximos meses, o que nós podemos esperar é uma economia com uma recuperação bem mais lenta do que aquela que nós prevíamos anteriormente, e com preços mais altos. E, nesse cenário, não há muito o que os brasileiros possam fazer”.

“A grande expectativa é de que o governo possa ter políticas sociais para minimizar os custos da guerra e do aumento dos preços, principalmente. Uma possibilidade é buscar soluções focalizadas para subsidiar os preços dos alimentos e combustíveis para a população de baixa renda, que certamente será a parcela mais afetada”. Para o especialista, mecanismos como controle de preço da gasolina não são muito eficazes neste momento. “O ideal é que se pense em contribuir com políticas redistributivas, que possam tornar menos pesado o fardo do aumento de preços, que afeta principalmente a parcela mais vulnerável da população brasileira”, conclui Balistiero. 

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  • Data: 01/04/2022 02:04
  • Alterado:17/08/2023 06:08
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