O Prêmio Nobel: História, funcionamento e passado recente.
Premiação, criada há mais de um século, é a maior referência na área acadêmica e foi criada a partir da Herança de Alfred Nobel.
- Data: 08/10/2020 08:10
- Alterado: 08/10/2020 08:10
- Autor: Redação
- Fonte: ABCdoABC
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O PRÊMIO NOBEL
O Prêmio Nobel, entregue anualmente, é um legado do industrialista e inventor sueco Alfred Nobel. Atualmente, e praticamente desde o seu início, o Nobel é mundialmente reconhecido como um dos maiores prestígios dados por alguma conquista intelectual ou acadêmica no mundo que promovesse o bem-estar da Humanidade.
Alfred Nobel (1833-1896) fez fortuna com a invenção da dinamite e outros produtos. A força gerada na explosão desses componentes foi de extrema importância para o desenvolvimento de túneis e para abrir caminhos onde seriam construídas ferrovias e estradas. Por outro lado, as invenções de Nobel também foram usadas como arma, o que, provavelmente, o incomodava.
Em 1888, um jornal francês publicou a foto do cientista com a legenda “comerciante da morte”. A publicação ocorreu em um momento conturbado da vida de Nobel, logo após a morte do seu irmão, e abalou ainda mais o cientista.
Pensando em seu legado, Nobel deixou claro em seu testamento que 94% da sua fortuna deveria ser destinada a criação de um prêmio com o objetivo de premiar ‘aqueles que, no ano anterior, tivessem conferido maior benefício à humanidade’.
Assim foi criada a Fundação Nobel, que surgiu em 1900, responsável para organizar e financiar o prêmio que elege vencedores na área de Literatura, Paz, Física, Química e Medicina e Fisiologia desde 1901.
O prêmio de Economia foi instituído apenas em 1969, por decisão da Fundação Nobel. Sendo assim, o Prêmio de Economia não possui relação com Alfred Nobel, e não é pago com o dinheiro privado da Fundação Nobel, mas sim com o dinheiro público do banco central sueco.
Tecnicamente, dessa forma, o prêmio de economia não é um Nobel, mas, ao mesmo tempo, é identificado como um e seus vencedores são anunciados como ganhadores do prêmio Nobel. Além disso, a premiação de ciências econômicas acontece ao mesmo tempo e no mesmo lugar que todos as outras categorias, na Cerimônia de Premiação do Prêmio Nobel.
Em 2020, por conta da pandemia causada pelo covid-19, a tradicional cerimônia de premiação e celebração que estava programada para o dia 10 de dezembro, em Estocolmo, na Suécia.
A cerimônia de entrega do Prêmio Nobel da Paz será realizada em um formato reduzido este ano, no auditório da Universidade de Oslo, onde haverá uma presença limitada de público e os vencedores poderão participar “física ou digitalmente”.
Embora o Brasil já tenha sido indicado ao Prêmio Nobel, com nomes como Carlos Drummond de Andrade, indicado ao prêmio literário, em 1967 e Carlos Chagas, indicado ao prêmio de Medicina, em 1913 e 1921, o país nunca foi agraciado.
COMO A PREMIAÇÃO FUNCIONA
Para a seleção dos laureados, há um extenso processo de pesquisa e procura. Apesar dos vencedores serem anunciados apenas no final do ano, o processo de seleção começa do final do ano anterior, quando a Instituição Nobel convida mais de 6 mil pessoas para propor ou nomear candidatos.
Mais ou menos mil pessoas fazem nomeações para cada prêmio, e número de selecionado normalmente fica entre 100 e 250. Dentre os que selecionam estão alguns laureados, em todas as categorias, além de membros de universidades e academias. Cada um deve enviar uma proposta escrita, com detalhes, que demonstra porque alguém merece ser laureado. Auto nomeações automaticamente desqualificam o nomeado.
Em primeiro de fevereiro os seis comitês do Nobel – um para cada categoria – começam a trabalhar nos nomes que foram recebidos. Especialistas fora do comitê são consultados com frequência durante o processo, com o objetivo de ajudar os cientistas a determinarem a originalidade e a importância da contribuição de cada nominado. Quando esse trabalho é finalizado, o trabalho é enviado para a Academia Real das Ciências da Suécia. A recomendação do comitê é normalmente seguida, mas pode ser mudada. Qualquer tipo de votação durante toda fase do processo é secreta.
A decisão final deve ser feita até o dia 15 de novembro. As premiações são dadas à indivíduos, exceto no Nobel da Paz, que também pode laurear uma instituição. Um indivíduo não pode ser nomeado postumamente, mas algum ganhador que faleça antes de receber a premiação, pode ser laureado, como já aconteceu com Dag Hammarskjöld em 1961, Erik Axel Karlfeldt em 1931, e Ralph M. Steinman e 2011.
Não há necessidade de contemplar todas as áreas todos os anos. No geral, o prêmio concedido com mais frequência é o da Paz.
NOMEAÇÕES HISTÓRICAS
Destaque para Marie Curie, que foi a primeira mulher a ganhar o Prêmio Nobel, em 1903. Em 1911, ela tornou-se a primeira pessoa a ganhar dois exemplares do prêmio em diferentes áreas (Física e Química), devido à descoberta e pesquisa sobre dois elementos químicos: o rádio e polônio. Além dela:
Joseph John Thomson (1906): fez investigações teóricas e experimentais sobre a condução da eletricidade por gases;
Albert Einstein (1921): contribuiu para o avanço da Física teórica e para a descoberta da lei do efeito fotoelétrico;
James Chadwick (1935): descobriu o nêutron;
Sir Alexander Fleming (1945): Descoberta do primeiro antibiótico, a penicilina;
Martin Luther King Jr (1964): Nobel da Paz pelo combate à discriminação racial nos EUA;
Jean-Paul Sartre (1964): Nobel concedido por sua obra literária.
NOS ÚLTIMOS 5 ANOS
O Prêmio Nobel de Química de 2015 foi para três pesquisadores que descobriram mecanismos biomoleculares naturais que reparam erros no DNA, a molécula que contém as informações para o desenvolvimento e funcionamento dos seres vivos. Paul Modrich, 68, americano, Aziz Sancar, 69, turco e Tomas Lindahl, 77, sueco, dividiram a premiação.
O Nobel de Medicina e Fisiologia de 2016 foi para o cientista Yoshinori Ohsumi, por suas descobertas importantes sobre os mecanismos de autofagia, processo pelo qual as células “digerem” partes de si mesmas. Os achados de Ohsumi abriram as portas para a compreensão do papel da autofagia em doenças neurodegenerativas, câncer, diabetes tipo 2, entre outras.
O americano Richard H. Thaler, de 72 anos, recebeu o Prêmio Nobel de Economia 2017 por suas pesquisas a respeito da economia comportamental. Richard, que é professor da Universidade de Chicago, desenvolveu a teoria da contabilidade mental, explicando como as pessoas simplificam as decisões financeiras.
A ex-escrava sexual do grupo extremista Estado Islâmico Nadia Murad e o médico ginecologista Denis Mukwege ganharam o Prêmio Nobel da Paz 2018 por seus esforços para acabar com o uso da violência sexual como arma de guerra e conflito armado.
O canadense-americano James Peebles e os suíços Michel Mayor e Didier Queloz foram os vencedores do Prêmio Nobel 2019 de Física por suas contribuições para a compreensão do universo e pela descoberta do primeiro planeta fora do Sistema Solar que orbita uma estrela semelhante ao Sol.