Novo projeto da CDHU retira família de condição precária para moradia digna e segura
Recompra permite que o Governo de São Paulo adquira imóveis de mutuários que querem vender suas unidades para realocar outras famílias
- Data: 26/09/2024 09:09
- Alterado: 26/09/2024 09:09
- Autor: Redação
- Fonte: Agência SP
Dona Raimunda conseguiu mudar de casa com mais rapidez
Crédito:Divulgação/Governo de São Paulo
O Governo de São Paulo entregou a primeira moradia por meio do Recompra, projeto piloto de habitação que realiza o sonho da casa própria de famílias carentes utilizando imóveis que já pertenceram a outros beneficiários que agora querem vender a propriedade. A iniciativa começou em agosto em Capivari, no interior, e já conseguiu mudar a realidade da dona Raimunda Ferreira da Silva, 52 anos. A autônoma, de 52 anos, finalmente se mudou neste mês sua nova casa após assinar um contrato com a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) que garantiu a ela e a seus filhos um lar mais seguro e digno do que aquele onde viveram por 40 anos.
“Eu estava pedindo a Deus uma casinha para poder sair daqui. Quando chegou o recado, eu chorei. Fiquei muito feliz, era meu sonho sair dessa casa e conseguir um lugar bom para mim”, disse ela com lágrimas nos olhos. A antiga casa foi interditada e demolida pela Defesa Civil do município para evitar novas ocupações.
O Recompra permite que a Companhia adquira os imóveis de mutuários com contratos ativos há pelo menos 18 meses, estando eles com as prestações em dia ou não, e que por algum motivo queiram mudar de casa. A recompra destes imóveis vai permitir atendimento imediato a famílias que ainda esperam realizar o sonho da casa própria, em especial as que vivem em áreas de risco, como o caso de dona Raimunda.
O sonho de um novo lar
Localizada na comunidade São Luís, em Capivari, a casa em que a autônoma vivia era precária, com chão de terra batida e cimentada e paredes de tijolo sem reboco. Em épocas de chuvas, o imóvel tinha muitas goteiras, danificando móveis e eletrodomésticos comprados.
“Eu vi minha mãe muitas vezes falando ‘Deus me ajude pelo menos a comprar uma porta para minha casa’. Em tempo de chuva, ela ligava para mim e falava ‘filha, está molhando tudo dentro da casa da mãe. Vem aqui, pelo menos para ajudar a arrumar o telhado para parar de molhar’”, conta Maria Alaíde, a filha mais velha.
A mudança de dona Raimunda para Capivari aconteceu há 40 anos, quando ela e o ex-marido partiram de Campinas para que ele pudesse trabalhar nos bambuzais do município. A princípio, o casal morava em um imóvel também precário. Tempos depois, mudou para o terreno alagadiço e acidentado, sem infraestrutura de saneamento básico, onde construiu o pequeno imóvel para criar seus oito filhos, quatro dos quais ainda moram com ela.
A realização
“A casa está bonita. Sempre foi meu sonho ter uma casa assim. Ela vai ajudar demais”, disse Raimundo logo após entrar na casa nova pela primeira vez.
A residência, que fica localizada no Conjunto Teresa D’Avila e é a primeira a ser vendida para a CDHU pelo Recompra, possui sala, cozinha, banheiro e dois quartos, além de um quintal amplo que será território para as brincadeiras dos netos de dona Raimunda e dos churrascos para o encontro de toda a família. “Agora, a casa vai estar sempre cheia, vamos estar aqui todo o final de semana”, disse a filha Débora.
Depois de conhecerem todo o espaço, os sorrisos e as brincadeiras logo foram dando lugar ao choro de emoção e alegria das cinco filhas mulheres de dona Raimunda. “A senhora merece, mãe”, disse Carol enquanto todas abraçavam a mãe limpando as lágrimas.
“Para quem queria só uma reforminha da casa, hoje tem uma toda murada, com portão, né? Uma casa que não vai mais chover dentro. Você lembra, mãe, da gente com os baldinhos? Agora é adeus goteiras”, comemorou Maria ao lado da mãe e das irmãs.
Condições facilitadas de pagamento e atendimento rápido
Para pagar o novo imóvel, dona Raimunda terá as facilidades concedidas pelas diretrizes da Política Habitacional do Estado de São Paulo, que preveem juros zero para famílias com renda mensal de até cinco salários-mínimos. A parcela mensal será de cerca de R$ 280 ao longo de 30 anos, já que o contrato sofrerá apenas a correção monetária calculada pelo IPCA – índice de inflação oficial do IBGE.
As condições facilitadas de pagamento garantiram um valor que coube dentro do orçamento da autônoma, que, segundo ela, também foi determinante para realizar o sonho da mudança de casa. “Se não fosse dessa forma, eu não ia conseguir comprar. Então, ajudou demais”, disse.
O Recompra permitiu que a família de dona Raimunda conseguisse conquistar seu novo lar de forma mais rápida, sendo retirados de forma imediata da área de risco onde moravam. O programa também traz condições de impulsionar famílias atendidas pela CDHU que ao longo dos anos elevaram seus patamares socioeconômicos e agora podem subsidiar outras moradias.
Conectando histórias
A chegada de dona Raimunda ao conjunto construído pela CDHU foi possível porque Daniel Francisco Paes Júnior, 47 anos, casado e com três filhos, realizou a primeira transferência do programa Recompra. O técnico de enfermagem arrumou um emprego em Jundiaí, a cerca de 90 quilômetros de Capivari, e precisava vender o imóvel. “A CDHU foi muito importante nos dez anos que morei em Capivari para dar uma estrutura para minha família. Tenho muito o que agradecer”, avalia ele, que deseja à família de Raimunda sucesso na nova etapa. “Da mesma forma que me estabilizei tendo um ponto de partida, que é ter uma casa, a Raimunda vai ter”, complementa.
“É um projeto que dá celeridade. Para construir uma comunidade, com várias casas, requer tempo. Com essa Recompra, é mais rápido, porque a pessoa adquire e já vai para dentro da casa”, disse o técnico de enfermagem.
No programa, os imóveis que melhor atendam as necessidades habitacionais da CDHU terão preferência. O valor de recompra será definido a partir da avaliação de mercado do imóvel, podendo ser de até R$ 200 mil. Além disso, serão levados em conta o valor de referência da dívida a partir do prazo remanescente do contrato e a dedução de débitos contratuais e tributários, como o IPTU. A proposta final deverá ser entre 30% e 60% do valor da avaliação de mercado feita pela CDHU.
Os mutuários dos Conjuntos Capivari A, C e D, inclusos no projeto, que tiverem interesse em participar do programa, poderão entrar no site da CDHU e se inscrever na Central de Serviços, onde também podem encontrar o edital com a descrição de todas as regras, pelo link: cdhuonline.cdhu.sp.gov.br.