Novo Ministro da Educação – Currículo Contestado aqui e pelos “Hermanos”
Franco Bartolacci comentou sobre a não conclusão do doutorado por Carlos Alberto Decotelli. "A tese dele foi avaliada negativamente", diz reitor argentino
- Data: 28/06/2020 10:06
- Alterado: 28/06/2020 10:06
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
Carlos Alberto Decotelli
Crédito:Andre Sousa/MEC
Reitor da Universidade de Rosário, na Argentina, Franco Bartolacci, afirmou que o novo ministro da Educação, Carlos Alberto Decotelli, recebeu avaliação negativa dos três jurados em sua tese e que, por isso, não concluiu o doutorado.
Bartolacci disse ainda que caso Decotelli deseja retomar o doutorado teria de solicitar uma nova admissão, já que, segundo o reitor Universidade de Rosário, o prazo já venceu.
No sábado, o ministro da Educação emitiu uma nota oficial para se explicar, informando que iria mudar o currículo para “dirimir quaisquer dúvidas” sobre sua formação e produção acadêmica.
O sr. afirma que o ministro da Educação não concluiu o doutorado na Universidade de Rosário porque lhe faltou a tese. Ele não fez sua tese de doutorado ou fez e teve desempenho insuficiente?
Ele cursou o doutorado da Faculdade de Ciências Econômicas e Estatísticas da Universidade de Rosário, mas não completou todos os requisitos exigidos para conseguir aprovação. Falta a tese. Ele apresentou a tese, mas ela foi avaliada negativamente na opinião dos três jurados. Portanto, não foi aprovada.
Ele ainda poderia apresentar uma tese, se quiser?
Sim. Teria de solicitar novamente admissão ao doutorado, porque já venceu o prazo. Teria de validar as disciplinas que fez e apresentar uma nova tese.
O ministro poderia ter concluído um pós-doutorado na Alemanha (Wuppertal) se não é doutor? Isso poderia ter ocorrido na Universidade de Rosário?
Aqui, em geral é preciso ter o doutorado para ingressar no pós-doutorado. Na Alemanha, não sei como funciona. Caberia à instituição alemã dizer em que condições ele fez esse pós-doutorado.
Militantes bolsonaristas lembraram que o ex-presidente Lula recebeu um título de doutor honoris causa da Universidade de Rosário e insinuaram que haveria um componente ideológico na sua reação. Há?
É verdade que nossa universidade, por uma decisão do conselho superior, fez esse reconhecimento (a Lula). Mas uma coisa não tem a ver com a outra. Não faço juízo de valor ou considerações de caráter político ou ideológico sobre o governo Bolsonaro. Só me limito, como reitor da universidade, a esclarecer uma informação que é falsa e afeta nossa universidade. Foi o governo do Brasil, o próprio presidente, quem disse que o novo ministro da Educação era doutor pela Universidade de Rosário. Eu me vi na obrigação de esclarecer que não obteve o título, embora tenha cursado o doutorado. Falta a tese.
No fim do dia, o novo titular do MEC atualizou o seu currículo na plataforma ‘Lattes’, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Ele passou a declarar que teve “créditos concluídos” no curso de doutorado, em 2009. No campo relacionado ao orientador, o ministro assinalou: “Sem defesa de tese”.
FGV VAI APURAR SUSPEITA DE PLÁGIO EM DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
A Fundação Getulio Vargas (FGV) informou neste sábado, 27, que vai investigar a suspeita de plágio na dissertação de mestrado do novo ministro da Educação, Carlos Decotelli. O economista Thomas Conti apontou, no Twitter, possíveis indícios de cópia no trabalho, de 2008. Ele citou trechos na dissertação idênticos a um relatório do Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul) para a Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
“A Fundação Getúlio Vargas vai apurar os fatos referentes à denúncia de plágio na dissertação do Ministro Carlos Alberto Decotelli. A FGV está localizando o professor orientador da dissertação para que ele possa prestar informações acerca do assunto”, informou a instituição de ensino. Procurado, o MEC não se manifestou.