Nomeação de Lula é absurda, diz oposição

“Vitória de Pirro”, "bala de prata", “último suspiro", ”autogolpe” são alguns dos termos utilizados. FHC diz que “É escandaloso Lula ser ministro no momento em que é investigado”

  • Data: 16/03/2016 14:03
  • Alterado: 16/03/2016 14:03
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo
Nomeação de Lula é absurda, diz oposição

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Diante da notícia de que o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva aceitou convite para assumir a Casa Civil do governo da presidente Dilma Rousseff nesta quarta-feira, 16, partidos de oposição apostam na pressão das ruas sobre os parlamentares para impedir que o ingresso do petista no Palácio do Planalto reverta a atual crise política e esfrie os ânimos favoráveis ao impeachment.

A entrada de Lula no governo é tida como a “bala de prata” do Planalto para reaglutinar a base aliada, destravar a relação com o Congresso e impedir o impeachment da presidente Dilma Rousseff.

“Vai haver eleição em outubro e os deputados não moram em Brasília. Alguns deputados serão candidatos, outros apoiarão (candidatos) e serão cobrados”, afirmou o líder do DEM na Câmara Pauderney Avelino (AM). “Parlamentares são sensíveis às ruas”, salientou Avelino. “O ambiente está muito conturbado. Lula está sendo acossado pela Justiça, a qualquer momento pode virar réu. Não tem margem para manobra”, disse o deputado.

O líder do PPS na Casa, Rubens Bueno (PR), foi na mesma linha. “O capital político dele (de Lula) é este que foi indicado pelas ruas (nas manifestações do último domingo, 13)”, disse o deputado. “A base está sendo pressionada pela população a votar rapidamente o impeachment”, afirmou Bueno.

Em nota divulgada no final da manhã desta quarta-feira, o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), afirmou que “a nomeação do ex-presidente Lula para a Casa Civil, anunciada hoje é um tapa na cara da sociedade que foi às ruas pedir o fim do governo Dilma e apoiar a Operação Lava Jato”.

CRÍTICAS
Os líderes oposicionistas na Câmara estenderam-se em críticas à nomeação. Os partidos ingressaram na terça-feira, 15, na Justiça Federal do Distrito Federal com ação popular para tentar impedir a posse de Lula. Nesta quarta-feira, farão o mesmo em todos os 26 Estados brasileiros.

“A Casa Civil do governo do PT é o lugar de onde os ministros saem queimados. O Lula já chega queimado”, disse Pauderney Avelino. “O que esperar de um governo desses?”, questionou.

Para o líder do DEM, Dilma entregou a Lula seu governo e, o petista, por sua vez, “fugiu” do juiz federal Sérgio Moro, já que, ao se tornar ministro, o ex-presidente passa a ter foro privilegiado e agora será julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e não mais pela Justiça Federal de Curitiba. “Ela renunciou seu mandato de presidente e entrega a Lula a condução do governo”, afirmou. “A presidente quer blindar o ex-presidente Lula”.

O líder do DEM disse temer que Lula leve para o governo as mudanças econômicas defendidas pelo PT, que considera equivocadas. “Querem usar as reservas para movimentar a economia e usar o Banco do Brasil e a Caixa Econômica para realizar empréstimos”, afirmou.

“Ela está dizendo que não quer mais governar. Está entregando o governo num último suspiro”, afirmou Rubens Bueno, para quem a nomeação de Lula é sinal de desespero. “Desesperado, o governo não tem a quem apelar”, disse Bueno.

“Em vez de se explicar e assumir as suas responsabilidades, o ex-presidente Lula preferiu fugir pelas portas do fundo. Vai assumir um ministério para garantir foro privilegiado e escapar do juiz Sérgio Moro. É uma confissão de culpa e um tapa na cara da sociedade. A presidente Dilma, ao convidá-lo, torna-se cúmplice dele”, afirmou Antonio Imbassahy em sua nota.

“É um governo que não tem mais nenhuma serventia ao País, apenas ao PT, Lula e Dilma. O Estado brasileiro, depois de ter sido tomado de assalto nestes últimos 13 anos para abastecer os cofres de um projeto político, está sendo transformado em refúgio de investigados. Isso é inadmissível”, disse o líder tucano.

OPOSIÇÃO CLASSIFICA NOMEAÇÃO DE LULA COMO ‘VITÓRIA DE PIRRO’ E ‘AUTOGOLPE’

Líderes de partidos de oposição no Senado afirmaram nesta quarta-feira, 16, que a nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula para ser ministro da Casa Civil de Dilma Rousseff não terá a capacidade de reduzir a crise política que o País passa. Eles destacam que não há saída para o governo sem a queda de Dilma e que os protestos das ruas devem aumentar porque os dois foram os principais alvos das manifestações do domingo, 13.

“É uma vitória de Pirro (vitória obtida a alto preço), um gesto para tentar abafar a importância do evento de domingo. É criar um factoide para tentar desviar a discussão, mas o recado das ruas foi de defesa do impeachment”, disse o líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), para quem o ex-presidente assumiu o cargo para “se esconder” da força tarefa da Operação Lava Jato. “É um abraço dos afogados”, acusou.

Caiado destacou que parlamentares do partido vão recorrer à Justiça para barrar a indicação de Lula para a Casa Civil. “Esse gesto vai ter ainda um outro desdobramento, que será a reação da população brasileira ao governo que não está respeitando a crise instalada no País, cujo único objetivo é a manutenção de poder”, completou.

O líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), disse que a mudança significa um “autogolpe”. “É a decretação do fim do governo”, criticou. Para ele, a oposição terá como único objetivo retirar a presidente do Palácio do Planalto e que, com Lula na Casa Civil, não haverá trégua da oposição. O tucano disse que Lula deverá apelar para um populismo fiscal a fim de dar um fôlego para o mandato de Dilma.

Para o vice-líder do PSDB no Senado, Paulo Bauer (SC), a nomeação de Lula será uma tentativa “em vão” de salvar o governo. É escandaloso Lula ser ministro no momento em que é investigado, diz FHC

É UM ERRO, DO PONTO DE VISTA DO FUNCIONAMENTO DO GOVERNO, DIZ FHC SOBRE LULA
A escolha do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva como ministro da Casa Civil no lugar de Jaques Wagner é um erro do ponto de vista do funcionamento do governo, na opinião do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. “Por aí não vai. Acho difícil. A Casa Civil no Brasil é responsável pelo comando da máquina administrativa não é da política. Precisa de alguém comandar para as coisas acontecerem. Colocar política (na Casa Civil) vai fazer uma confusão no Congresso que vai cobrar vantagens”, avaliou ele, em evento, em São Paulo.

O ministro da Casa Civil, segundo FHC, é a pessoa que tem de “dizer não”. Com Lula no cargo, de acordo com ele, a administração do País vai sofrer. “Do ponto de vista de como funciona o governo, é um erro. E é qualquer um. Não é o Lula. Pode ser eu. Ele vai fazer política. Não vamos sair desse círculo”, avaliou o ex-presidente.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) afirmou nesta quarta-feira, 16, que é “escandaloso” Lula ser alçado a ministro-chefe da Casa Civil num momento em que é investigado pela Justiça e pode se tornar réu. “Isso aumenta a crise moral no País”, disse o ex-presidente tucano, após proferir palestra em evento da área de seguros na capital paulista.

Na avaliação de FHC, a ida de Lula para a Esplanada dos Ministérios vai apenas “postergar” decisões que precisam ser tomadas. Sem falar diretamente na discussão do impeachment da presidente Dilma Rousseff, FHC destacou que a sociedade e as forças do Congresso é que terão de reagir com força. “Lula é competente no jogo político e vai usar a sua capacidade para postergar decisões.”

Segundo FHC, como o ex-presidente petista não tem convicções firmes em área nenhuma “e muito menos na econômica”, se continuar nessa fase de baixar juros e aumentar crédito, o País irá retroceder. “É um mau momento para isso”, emendou.

E continuou: “Se o poder político dele for nessa direção, vai atrasar ainda mais (a recuperação do País), porque pode causar euforia momentânea em alguns setores, mas vai agravar ainda mais a situação lá pra frente.” FHC ironizou: “Lula é maleável, se a sociedade gritar ele vai retroceder na economia.”

Ainda sobre Lula, sem citar especificamente o agora ministro-chefe da Casa Civil, Fernando Henrique disse que não se pode dirigir o País sendo analfabeto. “Assim não dá”, frisou. O ex-presidente tucano estava neste momento falando que o Brasil precisa investir em Educação e que seus dirigentes devem ter conhecimento. Após o evento, FHC deixou o local sem falar com a imprensa.

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  • Data: 16/03/2016 02:03
  • Alterado:16/03/2016 14:03
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo









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