Naufrágio no Rio Amazonas, no Amapá, deixa 13 mortos
Vento forte teria atingido o navio de médio porte Anna Karoline III; trecho onde aconteceu dificulta as buscas, pois as águas são escuras
- Data: 02/03/2020 08:03
- Alterado: 02/03/2020 08:03
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
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O governo do Amapá informou que 13 corpos já foram encontrados e 46 pessoas resgatadas com vida no naufrágio ocorrido na madrugada do sábado, 29, no Rio Amazonas, na região Sul do estado. Os dados estão sendo registradas no Centro de Informação e Acolhimento, criado no quartel do Corpo de Bombeiros, em Santana, para dar assistência às vítimas do naufrágio. Ao todo, 23 famílias informaram o desaparecimento de parentes que estavam na embarcação.
O governo informou também que o 4º Distrito Naval, ao qual o Amapá está vinculado, está disponibilizando um helicóptero de grande porte para auxiliar no translado dos corpos. Dez corpos que estão no município de Gurupá (PA) serão trasladados por este helicóptero na manhã desta segunda-feira, 2. De acordo com os bombeiros, 46 pessoas foram resgatadas com vida, incluindo integrantes da tripulação.
Três corpos encontrados no sábado foram levados para o município de Almerim, no Pará. Os quatro resgatados neste domingo foram levados para Macapá em aeronave do governo do Pará.
Até agora não se sabe o número de pessoas que estava a bordo da embarcação e nem o número de desaparecidos. Não há lista de passageiros. Uma central para recebimento de informações foi criada neste domingo, 1, para recolher depoimentos de familiares e tentar fechar uma lista com nomes de quem viajava na embarcação.
A embarcação, de porte médio, naufragou no Rio Amazonas próximo à localidade conhecida como Boca do Rio Jari, região sul do Amapá, a 290 quilômetros de Macapá.
Informações preliminares apontavam que o barco, que tem capacidade para 242 pessoas, navegava com 60 passageiros ao afundar. Um inquérito foi aberto para apurar as causas do naufrágio.
O navio Anna Karoline III saiu do Porto do Grego, em Santana (AP), na sexta-feira, às 18h, com destino ao município de Santarém, no Pará, onde deveria chegar as 6h deste domingo. Mas pouco antes das 5h da manhã de sábado, afundou. A embarcação faz parte da frota da Erlon Rocha Transporte LTDA, mas estava alugada para Paulo Márcio Simões Queiroz.
A CAPITANIA DOS PORTOS NO AMAPÁ FOI INFORMADA DO NAUFRÁGIO DUAS HORAS DEPOIS.
À Capitania, o comandante da embarcação relatou que o acidente foi causado por forte ventania que fez com a embarcação virasse e os passageiros caíssem na água. Vários deles foram resgatados por uma balsa que passava no local.
O trecho onde aconteceu o naufrágio dificulta as buscas, pois as águas são escuras e há muita correnteza.
O governo do Estado do Amapá auxilia a Capitania dos Portos no resgate às vítimas com duas aeronaves – um helicóptero e um avião cesna – e dois médicos e um enfermeiro. Um Centro de Informação e Acolhimento às famílias vítimas do naufrágio está sendo montado no quartel dos bombeiros de Santana.
O governo do Pará também está auxiliando a Capitania dos Portos com duas aeronaves que fizeram neste sábado o transporte de oito sobreviventes para Santarém e de quatro sobreviventes para Macapá neste domingo.
Dezoito mergulhadores do Pará e Amapá fazem as buscas na região. A partir de agora os corpos resgatados serão levados para Macapá em aviões do governo do Pará.
Comitê para auxiliar sobreviventes
A Prefeitura de Macapá montou um comitê para auxiliar sobreviventes do naufrágio e familiares dos mortos e desaparecidos. O comitê é formado pelas as secretarias de Gabinete, Secretaria de Zeladoria Urbana, de Assistência Social, entre outras.
A Secretaria Municipal de Assistência Social (Semast) já iniciou o apoio às famílias enlutadas, assegurando as condições necessárias aos sepultamentos, com auxílio funeral.
A secretária de Assistência Social, Mônica Dias, disse ao Estado que 25 urnas funerárias já foram entregues pela Prefeitura para a equipe de resgate. “Vamos continuar ajudando o governo do estado no que for preciso”, ressaltou.
Ela confirmou que não existe uma lista de passageiros, portanto é praticamente impossível saber quantas pessoas estavam na embarcação e quantas estão desaparecidas. Sobreviventes atendidos por esse comitê contaram que havia mais de cem passageiros e que acreditam que cerca de 40 que estavam na área vip – que é toda fechada e climatizada – não conseguiram sair, e devem estar mortos dentro do navio, bem como os que estavam em camarotes.
O sub-secretário municipal de Assistência Social, Max Yataco, contou que dez pessoas (oito adultos e duas crianças) da família da sua cunhada estavam na embarcação e apenas quatro conseguiram se salvar: o pai, a mãe e dois tios. Segundo esses sobreviventes, tudo aconteceu em questão de segundos. O navio parou para ser abastecido por um barco e de repente começou a virar, sem dar tempo dos que estavam na área vip e nos camarotes saírem. Segundo esses sobreviventes, havia cerca de 110 pessoas no navio. “O tio da minha cunhada contou que o navio saiu com poucas pessoas do Porto, mas foi pegando passageiros nas comunidades. Ele disse que havia muita carga no navio e que já estava navegando com problemas, fazendo zig-zag”, contou Yataco.
O Corpo de Bombeiros ainda não informou se além dos seis corpos resgatados até o início da tarde deste domingo outros foram encontrados. O local do naufrágio é de difícil acesso e comunicação.
O Governo do Pará está enviando para o local um técnico para instalar antena a fim de viabilizar comunicação e internet no local do acidente. Esse técnico saiu hoje do município de Breves (PA) mas só deve chegar ao local nas primeiras horas de segunda-feira.