Motorista de carreta envolvida em tragédia na BR-116 é ouvido pela polícia
Defesa afirma que ele não fugiu do local.
- Data: 25/12/2024 09:12
- Alterado: 25/12/2024 09:12
- Autor: Redação
- Fonte: Agência Brasil
Na tarde de segunda-feira (23), Arilton Bastos Alves, o motorista da carreta envolvida em um grave acidente na BR-116, em Teófilo Otoni (MG), no último sábado (21), foi ouvido pela Polícia Civil por mais de seis horas. Após o depoimento, ele foi liberado sem restrições.
Conforme informações divulgadas pela defesa do caminhoneiro, Arilton não fugiu do local do acidente, mas saiu em estado de pânico ao perceber a gravidade da colisão, que envolveu um ônibus com 45 ocupantes, resultando na morte de 41 pessoas, além de um carro e sua própria carreta.
“Ele presenciou a cena aterradora do ônibus em chamas, com pessoas gritando e clamando por socorro. Embora não tenha responsabilidade pelo ocorrido, Arilton ficou apavorado e temeu ser agredido pelas testemunhas que se aglomeravam nas proximidades. Por não conseguir ajudar, decidiu se afastar”, declarou Raony Scheffer, advogado de Arilton, em entrevista à Agência Brasil.
Após deixar o local do acidente, Arilton se dirigiu a um posto próximo onde pediu carona até o distrito de São Vito, em Governador Valadares, aproximadamente 160 quilômetros distante. Ele conseguiu ajuda de um motorista conhecido e, uma vez em São Vito, contatou um parente que o levou para Barra de São Francisco (ES), onde reside e recebeu atendimento médico inicial.
O motorista foi medicado e orientado a repousar enquanto a empresa proprietária da carreta tomava as providências legais necessárias. Scheffer explicou que um representante legal da empresa compareceu ao local do acidente para esclarecer a situação ao delegado e formalizar a apresentação de Arilton na segunda-feira.
Ainda segundo o advogado, embora Arilton estivesse sob efeito de medicamentos e abalado emocionalmente, ele cooperou plenamente durante seu depoimento.
A Polícia Civil solicitou à Justiça autorização para a prisão do motorista, mas a solicitação foi negada.
Documentação Regularizada
Scheffer também desmentiu as alegações de que Arilton estava operando a carreta com a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) suspensa. Ele confirmou que houve uma suspensão anterior da habilitação do caminhoneiro; no entanto, uma decisão judicial recente revogou essa suspensão e devolveu a CNH a Arilton no dia 12 deste mês.
O advogado não soube explicar os motivos da suspensão anterior da habilitação.
Circunstâncias do Acidente
Na visão do advogado, o acidente foi uma fatalidade provocada por problemas mecânicos no ônibus. Scheffer mencionou depoimentos de sobreviventes do carro que colidiu com a carreta, indicando que um pneu do ônibus estourou, levando o motorista a perder o controle e invadir a pista contrária.
A hipótese de falha mecânica é uma das linhas investigativas adotadas pela Polícia Civil. Outra possibilidade é que a carreta estava sobrecarregada e trafegava em alta velocidade; testemunhas afirmam que um bloco de granito se desprendeu de um dos reboques da carreta antes de colidir com o ônibus.
Segundo Scheffer, Arilton estava dirigindo dentro dos limites permitidos pela via e respeitando as normas de trânsito. “A estrada permite velocidades de até 100 km/h em determinados trechos, e nossa carreta possui um dispositivo que limita sua velocidade a 90 km/h”, explicou o advogado. Ele ainda ressaltou que os dados sobre a velocidade estão sendo registrados remotamente e serão entregues às autoridades competentes pela empresa proprietária da carreta.
O advogado finalizou informando que a carreta envolvida no acidente era modelo 2022, encontrava-se em perfeito estado de conservação e havia passado por todas as revisões necessárias.