Miguel Nicolélis está à frente do projeto batizado “Andar de Novo”
170 pesquisadores de diversos países trabalham para a criação de um exoesqueleto que permite a jovem brasileiro paraplégico dar o pontapé inicial da Copa de 2014
- Data: 03/07/2013 16:07
- Alterado: 22/08/2023 21:08
- Autor: Redação
- Fonte: Portal da Copa
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Cientistas de várias partes do mundo estão trabalhando para que o pontapé inicial do jogo de abertura da Copa do Mundo FIFA 2014 seja dado por um jovem brasileiro com paralisia. A ideia pode soar impossível, mas, segundo o neurocientista Miguel Nicolélis, que está à frente do projeto batizado “Andar de Novo”, o resultado da pesquisa única no mundo, dará movimento a pessoas que sofreram lesões ou doenças neuromotoras.
Em entrevista concedida no Centro Aberto de Mídia (CAM), na tarde deste sábado (30.06), o neurocientista brasileiro explicou que isso será possível com a utilização de um exoesqueleto (uma espécie de roupa mecânica), controlado por estímulos cerebrais para integrar cérebro-máquina no uso clínico em reabilitação motora, por meio de neuropróteses. O trabalho atualmente envolve 170 pesquisadores de diversos países.
“Nossa ambição é que cadeiras de roda se tornem objetos de museu. Não podemos desprezar que também existem imponderáveis na ciência, mas nossa pesquisa está adiantada e temos confiança de que em breve poderemos devolver os movimentos para pessoas com problemas neuromotores”, disse Nicolélis.
Para o cientista, a Copa será uma oportunidade de mostrar ao mundo outro importante aspecto do País. “A imagem da ciência brasileira ganhou proeminência internacionalmente nos últimos anos. Alcançar essa meta, na partida inaugural da Copa, mostra que nos preocupamos com a ciência como instrumento de inclusão”, afirmou.
As pesquisas desenvolvidas no âmbito do projeto vêm sendo desenvolvidas com a participação de diversas áreas como a neurociência, robótica, engenharia eletrônica, reabilitação motora e ciência da computação. No Brasil, o projeto “Andar de Novo” recebe o apoio da Agência Brasileira de Inovação (Finep), ligada ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, por meio de financiamentos do Instituto Internacional de Neurociências de Natal, no Rio Grande do Norte, idealizado por Nicolélis.
EXOESQUELETO
Os testes desenvolvidos e documentados com animais demonstraram que a atividade elétrica cerebral pode ser codificada e depois decodificada para comandar o movimento de aparelhos, no caso o exoesqueleto. “Trata-se agora de ajustes entre a decodificação da atividade elétrica cerebral e aspectos da coordenação motora, de forma que a utilização do aparelho funcione com eficiência”, explicou o neurocientista.
O trabalho passará a se concentrar no Brasil com a chegada de aparelhos, intercâmbio de profissionais, interação com o sistema e acompanhamento fisioterapêutico para as pessoas que irão testar as próteses dos exoesqueletos. “A experiência com a interligação cérebromáquina sugere que o cérebro passe a incorporar o aparelho como parte do corpo, assim como um bom tenista sente a raquete como extensão de seu braço”, finalizou.
O Prof. Dr. Miguel Nicolélis é premiado e reconhecido por seu trabalho com a neurociência. É professor titular de Neurobiologia e Co-Diretor do Centro de Neuroengenharia da Duke University – EUA, há mais de 20 anos, além de fundador e Coordenador do Instituto Internacional de Neurociências de Natal – Edmond e Lily Safra (IINN-ELS), em Macaíba, Rio Grande do Norte. O cientista passa a maior parte do ano nos Estados Unidos. Quando está no Brasil, fica entre São Paulo e Natal, onde coordena o Instituto de Neurociências.