MEC pode ter R$ 4,2 bi a menos em 2021; federais perderiam R$ 1 bi

O MEC poderá ter redução de 18,2% no orçamento para despesas discricionárias (não obrigatórias) no ano que vem, o que representa aproximadamente R$ 4,2 bilhões a menos para a pasta

  • Data: 13/08/2020 12:08
  • Alterado: 13/08/2020 12:08
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo
MEC pode ter R$ 4,2 bi a menos em 2021; federais perderiam R$ 1 bi

MEC prevê redução de 18

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O corte afetará as universidades federais, que devem perder R$ 1 bilhão. As instituições de ensino veem situação “insustentável” e a impossibilidade de cumprir suas atividades no ano que vem. A previsão de queda no orçamento ocorre em um momento em que as instituições de ensino superior estão fechadas para conter a disseminação do novo coronavírus e enfrentam dificuldades para manter as aulas a distância e alunos de baixa renda.

Para as universidades federais, o porcentual de queda no orçamento deverá ser o mesmo do MEC, de 18,2%. As verbas discricionárias são aquelas usadas, por exemplo, para o pagamento de terceirizados, contas de água e luz e para manter os programas de assistência estudantil.

Com o corte, a previsão da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) é de R$ 185 milhões a menos para o Plano Nacional de Assistência Estudantil (PNAES), que oferece assistência à moradia estudantil alimentação e transporte. O orçamento do PNAES é de R$ 1 bilhão.

Os valores para a pasta no ano que vem constam de documento do Ministério da Economia. Um projeto de lei orçamentária anual ainda deverá ser encaminhado ao Congresso Nacional – e dirigentes das universidades federais já se articulam para reverter as previsões.

Para o presidente da Andifes, Edward Madureira Brasil, causa apreensão a proposta de redução. “(Os cortes) podem levar à interrupção de serviços essenciais para as universidades”, diz o reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG). “Recebemos essa notícia com muito desapontamento e preocupação.”

Nos últimos três anos, segundo a Andifes, não há reajuste no valor repassado às universidades e algumas já tinham dificuldades em arcar com todas as despesas. Agora, o retorno às aulas presenciais deve demandar uma série de adequações nos câmpus e a aquisição de equipamentos para aulas híbridas, uma vez que se entende que mesmo no ano que vem não será possível a volta integral.

As instituições já fazem levantamentos. A UFRJ, por exemplo, prevê que os gastos para a retomada, apenas para a limpeza, podem ser de 30% a 50% maiores. Reitor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no Rio Grande do Sul, Paulo Afonso Burmann diz que “o setor que mais vai sofrer é a assistência estudantil”, que se tornará ainda mais necessária.

Nos últimos anos, vem aumentando o número de estudantes de baixa renda nas universidades federais, o que traz desafios às ações de permanência estudantil. O porcentual de estudantes pertencentes a famílias com renda mensal per capita de até 1,5 salário mínimo saltou de 44,3% em 1996 para 66,2% em 2014, e alcançou o índice de 70,2% em 2018.

Por meio de nota, o MEC diz que deverá haver esforço na otimização dos recursos. “Em razão da crise econômica em consequência da pandemia do novo coronavírus, a Administração Pública terá de lidar com uma redução no orçamento para 2021, o que exigirá um esforço adicional na otimização dos recursos públicos e na priorização das despesas.”

A pasta também informa que liberou recursos adicionais para as universidades voltados a projetos de redução de despesas. Segundo a pasta, esses recursos totalizaram aproximadamente R$ 450 milhões.

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