Manifestantes vão às ruas por impeachment de Bolsonaro

Protestos são organizados por centrais sindicais e movimentos sociais; são esperados atos em 250 cidades no Brasil e no exterior

  • Data: 03/07/2021 12:07
  • Alterado: 03/07/2021 12:07
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo
Manifestantes vão às ruas por impeachment de Bolsonaro

Manifestação no Rio

Crédito:Reprodução Twitter

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Após semanas agitadas por suspeitas de corrupção no governo federal, grupos de oposição voltam às ruas neste sábado, 3, em manifestações em defesa do impeachment do presidente Jair Bolsonaro no Rio de Janeiro e no Recife. Também há registro de atos nesta manhã em outras capitais do Nordeste, como Teresina, Maceió e São Luís. De acordo com os organizadores, ao menos 261 cidades no Brasil e no exterior devem registrar protestos contra o presidente. Os atos deste sábado receberam o nome de “3JForaBolsonaro“.

Nos últimos dois meses, esta é a terceira manifestação organizada por opositores do governo com atos programados em centenas de cidades do País; o primeiro foi em 29 de maio e o segundo, em 19 de junho. Além do impeachment, os manifestantes pedem a retomada do auxílio emergencial de R$ 600 e a vacinação em massa da população. Este é o primeiro ato após o pedido unificado de impeachment, protocolado na Câmara dos Deputados na quarta-feira, 30.

Centenas de manifestantes já se concentram neste sábado, 3, no Monumento Zumbi dos Palmares, na Avenida Presidente Vargas, região central do Rio de Janeiro, para um novo ato contra o presidente Jair Bolsonaro. A grande maioria dos manifestantes usa máscaras, mas existem pontos de aglomeração.

O movimento tem apoio de partidos de oposição ao governo, como PT, PDT, PCdoB, PSOL e PCB. Centrais sindicais também estão presentes, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT). Os participantes exibem ainda cartazes e faixa em referência a diversos movimentos, como negro, feminista e LGBT.

A concentração começou por volta das 10h. Manifestantes carregam bandeiras com “fora, Bolsonaro”, “Bolsonaro genocida” e de demandas diversas, como vacina, cultura e educação. Um grande boneco inflável do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi montado na manifestação, com uma faixa “Lula livre” e uma máscara de proteção no rosto.

A expectativa dos organizadores é começar uma caminhada pela Presidente Vargas por volta das 11h, em direção à igreja da Candelária, onde o ato será encerrado com discursos. Guardas municipais e policiais militares acompanham o protesto e orientam o trânsito na região. Nenhuma ocorrência foi registrada até o momento.

A partir das 13h, a Cinelândia deve concentrar novos atos na capital fluminense.

No Recife, centenas de pessoas participam do ato deste sábado. Movimentos sociais e militâncias de partidos de esquerda marcam presença expressiva, mas, diferentemente do protesto do dia 19 de junho na capital pernambucana, muitos idosos, famílias e crianças participam do ato.

Poucos carros de som conduzem a multidão, que, em sua maioria, caminha sob gritos de “fora, Bolsonaro” e “genocida”, bem como o som de batucadas de percussão. A maior parte das pessoas veste vermelho, preto (com alguma referência ao luto pelos mais de 522 mil mortos pela covid-19 no País) ou as cores da bandeira do Brasil.

Em comparação aos dois protestos anteriores na capital pernambucana, há um registro maior no número de cartazes que pedem explicitamente o impeachment do presidente. Há também outros que citam crime de prevaricação, corrupção e a CPI da Covid.

Políticos de oposição ao governo Bolsonaro, como o senador Humberto Costa (PT) — membro da CPI — marcam presença no ato. Em alguns momentos, manifestantes puxam o canto “olê-olê-olá, Lula, Lula”, em referência ao ex-presidente petista.

Em São Paulo, o ato está previsto para iniciar às 15h. A concentração será em frente ao Masp, na Avenida Paulista. A Secretaria de Segurança Pública do Estado vai reforçar o esquema de policiamento, com cerca de 600 policiais.

Em Brasília, a manifestação está prevista para ter início às 16h, em frente ao Museu Nacional.

Os atos deste sábado são organizados por movimentos sociais como MST, MTST, frente Povo Sem Medo, Brasil Popular, Coalizão Negra por Direitos, União Nacional dos Estudantes (UNE), Central de Movimentos Populares (CMP) e Uneafro Brasil. Partidos como PT, PSOL e PCdoB apoiam as manifestações.

PROTESTOS NO EXTERIOR

Assim como nos últimos dois atos, protestos contra o presidente Bolsonaro também foram registrados no exterior. Em Berlim, na Alemanha, dezenas de manifestantes se reuniram no Portão de Brandemburgo. Segundo informou a agência de notícias Deutsche Welle em sua conta brasileira no Twitter, eles criticaram a gestão da pandemia no Brasil, pediram o impeachment de Bolsonaro, além de denunciarem a violência contra os povos indígenas. Cartazes também lembravam a vereadora Marielle Franco, assassinada em 2018.

Além da capital alemã, também foram registrados atos em Munique e Viena.

ATOS ADIANTADOS

As manifestações de hoje estavam previstas para ocorrer somente em 24 de julho, mas foram antecipadas pelos organizadores depois do caso Covaxin vir à tona na CPI da Covid.

Bolsonaro foi acusado de prevaricação por membros da comissão depois de o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) afirmar em depoimento que alertou o presidente da República sobre supostas irregularidades na compra de milhões de doses da vacina indiana contra a covid-19. Senadores protocolaram uma notícia-crime contra Bolsonaro na última segunda-feira, 28. A ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou na noite desta sexta-feira, 2, a abertura do inquérito para investigar se o presidente. Rosa Weber acolheu pedido assinado pelo vice-procurador-geral da República, Humberto Jacques de Medeiros.

Na quarta-feira, siglas da esquerda, centro e da direita, além de ex-bolsonaristas protocolaram na Câmara um “superpedido” de impeachment de Bolsonaro. O documento lista 23 crimes que teriam sido cometidos pelo presidente desde que tomou posse. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) também convocou uma reunião extraordinária para o dia 20 de julho com o objetivo de discutir a apresentação de um pedido próprio de impeachment.

No último dia 19 de junho, dezenas de milhares de pessoas protestaram contra o presidente em mais de 400 cidades do Brasil e do exterior. Os protestos ocorreram de maneira pacífica e reuniram, segundo os organizadores, mais de 750 mil pessoas. pelas redes sociais, o presidente Bolsonaro ironizou os protestos. O chefe do Executivo postou o vídeo de um protesto pequeno em Paranaguá para dar a entender que não houve adesão às manifestações.

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