MAC USP recebe exposição inédita de artista plástica pernambucana

A exposição O Pernambuco Cósmico de Suanê traz uma seleção de obras que evidenciam sua ligação à cultura nordestina, em especial a pernambucana, através de símbolos, formas e cores, que a permitiram construir uma trajetória artística multifacetada

  • Data: 09/04/2024 14:04
  • Alterado: 09/04/2024 14:04
  • Autor: Redação
  • Fonte: Assessoria
suane-1989

Suanê em 1989

Crédito:Acervo

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A partir das 11h do sábado, 20 de abril, o terceiro andar do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo – MAC USP – vai receber a exposição gratuita O Pernambuco Cósmico de Suanê. A mostra conta com curadoria do pesquisador Tálisson Melo e reúne 62 obras da artista plástica pernambucana Lúcia de Barros Carvalho (1922-2020). Inédita, a exposição faz uma retrospectiva na produção artística de Suanê, de 1946 a 2019, e conta com financiamento do Programas Unidades de Fomento à Cultura (PROAC-SP), da Secretaria da Cultura, Economia e Indústrias Criativas do Estado de São Paulo.

Nascida em um engenho da região de Palmares do estado pernambucano, Lúcia passou sua infância e adolescência na vila Águas Belas, localizada no centro do território do povo indígena Fulni-ô. Ao conviver de perto com a cultura e tradições desta comunidade, Lúcia recebeu o nome Suanê, adotado por ela desde então. “Suanê foi uma artista que se recusava a perder suas raízes. Seus costumes, as celebrações populares, a passagem dos cangaceiros por sua região, a convivência com os Fulni-ô, o catolicismo e todos os aspectos culturais que a formaram, são características fortes e presentes em todas as suas obras. Sem dúvidas, esse é o seu grande diferencial”, afirma o curador.

Conhecida por trazer em seu trabalho o regionalismo e as raízes pernambucanas que moldaram seu estilo único, na exposição o público poderá conferir obras importantes da artista, que evidenciam a incorporação de elementos de várias proposições estéticas, em diferentes momentos de sua carreira. Entre as obras, destacam-se a Santa com anjos (1946), sua primeira pintura que remete à Nossa Senhora da Conceição, padroeira de Águas Belas; Enterro na Rede (1946) e Interior de Fazenda (1946), ambas pertencentes ao acervo do MAC USP; Barraca com romãs (1963), principal pintura de sua fase de síntese da figuração; e Tsakhakat-xua em duas cores (1988), que marca a presença de suas memórias com os Fulni-ô quando sua obra se abre definitivamente a uma espacialidade cósmica.

Apesar do pouco interesse de Suanê em mostrar seu trabalho em grandes exposições e integrar o circuito artístico de sua época, sua obra percorreu importantes espaços no país, como a I Bienal Internacional de São Paulo, no início da década de 50, e no mundo como a XXXII Bienal de Veneza e salões internacionais em Paris, Tóquio e Santiago, no Chile. Além disso, suas peças estiveram ao lado de grandes artistas como Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral, Graciano e Nóbrega e Alfredo Volpi, com quem teve forte ligação e influência.

Do popular ao contemporâneo 

Ao lado de sua família, Suanê chega à São Paulo em 1940. Iniciou sua produção artística cinco anos mais tarde, incentivada por seu marido Nelson Nóbrega, a tornar visível tudo o que cantava e contava, instigada também por rezas, lendas e suas memórias de infância. Em poucos meses, ela já havia produzido cerca 35 quadros que foram expostos pela primeira vez em abril de 1946, na Galeria Itá, no centro de São Paulo. A repercussão de suas primeiras obras foi significativa, sendo comentada por críticos destacados da época, embora tomada pelo calor de uma discussão mais ampla que a definia como “arte popular” e “regional”.

As pinturas produzidas durante as décadas de 1980 e 1990, chamadas de “cósmicas” pela própria artista, mostram a capacidade e desejo de Suanê em se reinventar constantemente. Entre linhas, formas e cores, ela desbravou em suas pinturas outra espacialidade e levou o Pernambuco e seus símbolos, como as famosas bandeirinhas de festas de São João à escala universal. O trabalho e a trajetória de Suanê também instigam a reflexão sobre os limites da história da arte entre os séculos XIX e XXI.

A curadoria propõe mostrar como, nas obras de Suanê, a presença de formas como as bandeirinhas está conectada às figurações da festa, do culto ao divino, da artesania, o imaginário, a memória, a identidade. “Mesmo em se tratando de um contexto também caracterizado pela fome, seca e desigualdade históricas, sua arte explorava temas relacionados à identidade, memória, natureza e sociedade, refletindo suas próprias experiências e observações do mundo ao seu redor”, afirma o curador. 

SERVIÇO:

O Pernambuco Cósmico de Suanê

A partir de 20 de abril (Sábado) a 21 de julho (Domingo)

Em MAC USP – Av. Pedro Álvares Cabral, 1301 | Ibirapuera | São Paulo – SP

De Terça-Feira a Domingo, das 10h às 21h.

Instagram: @projetosuane

Gratuito

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  • Data: 09/04/2024 02:04
  • Alterado: 09/04/2024 02:04
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