Lula diz que não se pode jogar ajuste fiscal no ombro dos mais necessitados
Lula defende que ajustes fiscais não penalizem os mais pobres e critique a especulação do mercado e o papel do Congresso e dos empresários na contribuição para o equilíbrio.
- Data: 06/11/2024 20:11
- Alterado: 06/11/2024 20:11
- Autor: redação
- Fonte: Folhapress
Crédito:Ricardo Stuckert/PR
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quarta-feira (6) que o governo federal não deve penalizar a população mais necessitada sempre que há necessidade de promover ajustes nos gastos.
Lula ainda criticou a “gana especulativa do mercado” e se os empresários estariam dispostos a abrir mão de subsídios que recebem. O mandatário também questionou a contribuição do Congresso Nacional para equilibrar as contas federais, em particular se deputados e senadores estariam dispostos a abrir mão das emendas parlamentares.
As declarações foram dadas durante entrevista para a Rede TV. A entrevista completa vai ao ar no domingo (10), mas alguns trechos foram divulgados.
Ao ser questionado sobre o ajuste de gastos, em discussão no governo, Lula afirmou que o pacote ainda não está concluído. E então criticou as reações do mercado financeiro.
“Eu não posso adiantar, porque a gente ainda não concluiu o pacote. Estou em um processo de discussão muito, muito séria com o governo porque eu conheço bem o discurso do mercado, a gana especulativa do mercado. E eu às vezes acho que o mercado age com uma certa hipocrisia, com uma contribuição muito grande da imprensa brasileira para criar confusão na cabeça da sociedade”, afirmou o presidente.
Lula disse que as camadas mais necessitadas não podem sofrer sempre que há necessidade de cortar gastos públicos. E então criticou empresários e o Congresso Nacional.
“Acontece que nós não podemos jogar, toda vez que tem que cortar alguma coisa, em cima do ombro das pessoas mais necessitadas. Nós temos que analisar e eu quero saber o seguinte: se eu fizer um corte de gastos para diminuir a capacidade de investimento do orçamento, a pergunta que eu faço é, o Congresso vai aceitar reduzir as emendas de deputados e senadores para contribuir com o ajuste fiscal que eu vou fazer? Porque não é só tirar do orçamento do governo”, afirmou o presidente.
“Os empresários que vivem de subsídio do governo vão aceitar abrir mão um pouco de subsídio para a gente poder equilibrar a economia brasileira? Vão aceitar? Eu não sei se vão aceitar”, completou o presidente.