Lewandowski vai analisar pedido da PGR para abrir inquérito contra Pazuello
O objetivo da Procuradoria-Geral da República é apurar se houve omissão de Pazuello no enfrentamento da crise provocada pela falta de oxigênio para pacientes com covid-19 em Manaus (AM)
- Data: 25/01/2021 19:01
- Alterado: 25/01/2021 19:01
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
Lewandowski vai analisar pedido de Aras para abrir inquérito contra Pazuello
Crédito:Reprodução
O ministro Ricardo Lewandowski, do STF, vai analisar o pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras, para abrir inquérito contra o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.
Neste mês, dezenas de pacientes morreram devido à falta de abastecimento do gás medicinal na região, diante do aumento vertiginoso no número de casos e internações.
Após Aras enviar ao Supremo o pedido de investigação, Pazuello viajou a Manaus, sem data para voltar. Sob pressão no cargo, Pazuello deve ficar em Manaus “o tempo que for necessário”, segundo informou o ministério. Os adiamentos envolvendo a campanha de imunização e a negociação de insumos para a vacina também pesam para o desgaste da imagem do ministro, nomeado para o cargo por sua experiência em logística.
O pedido da PGR foi encaminhado nesta segunda-feira (25) a Lewandowski “por prevenção”, ou seja, não foi sorteado livremente entre os integrantes da Corte. Segundo o Estadão apurou, o ministro pode decidir ainda hoje sobre o caso.
A ofensiva de Aras é uma resposta à representação feita por partidos políticos, que acionaram a PGR sob a alegação de que Pazuello e seus auxiliares têm adotado uma “conduta omissiva”. Ao longo dos últimos dias, a pressão de parlamentares e da opinião pública cresceu sobre a PGR.
Ao comunicar a abertura de inquérito, Aras considera “possível intempestividade” nas ações de Pazuello, indicando que o ministro da Saúde pode ter demorado a reagir à crise em Manaus. O próprio governo já admitiu ao STF que a pasta sabia desde 8 de janeiro que havia escassez de oxigênio para os pacientes em Manaus, uma semana antes do colapso.
O Ministério da Saúde, no entanto, iniciou a entrega de oxigênio apenas em 12 de janeiro, segundo as informações prestadas. A PGR menciona ainda que a pasta informou ter distribuído 120 mil unidades de hidroxicloroquina para tratamento da covid-19 no dia 14 de janeiro, às vésperas do colapso. O medicamento não tem eficácia comprovada contra a doença. Após o estouro da crise e declaração da própria Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sobre a inexistência de tratamento comprovado contra a covid-19, Pazuello passou a negar que tenha recomendado a cloroquina para combater a enfermidade.
Aras considerou os fatos “gravíssimos”. De acordo com a Procuradoria, o ministro da Saúde pode responder pelos fatos nas esferas cível, administrativa e criminal, caso seja comprovada sua omissão na crise em Manaus. “Considerando que a possível intempestividade nas ações do representado (Pazuello), o qual tinha dever legal e possibilidade de agir para mitigar os resultados, pode caracterizar omissão passível de responsabilização cível, administrativa e/ou criminal, impõe-se o aprofundamento das investigações a fim de se obter elementos informativos robustos para a deflagração de eventual ação judicial”, afirmou o procurador-geral.