Inclusão é tarefa coletiva nas Etecs e Fatecs do Centro Paula Souza

Kerolin é aluna da Fatec de Itapetininga, Alex é professor de Física e Química, e coordenador de projetos de inclusão para pessoas com deficiência. Os dois são deficientes visuais

  • Data: 28/09/2023 07:09
  • Alterado: 28/09/2023 07:09
  • Autor: Redação
  • Fonte: Centro Paula Souza
Inclusão é tarefa coletiva nas Etecs e Fatecs do Centro Paula Souza

Kerolin faz o curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas na Fatec ‌

Crédito:Divulgação

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O dia a dia de Kerolin Ferreira de Oliveira, aluna do curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas (ADS) da Faculdade de Tecnologia do Estado (Fatec) Prof. Antonio Belizandro B. Rezende de Itapetininga é como o de qualquer outro estudante da unidade: toma seu lugar na sala de aula, conecta o computador à rede e acompanha os professores atentamente, tirando dúvidas quando necessário. No intervalo, bate-papo com amigos da mesma idade e com o namorado, também fatecano.

A diferença é que Kerolin tem amaurose congênita de Leber (LCA), uma mutação genética que provoca falta de cones e bastonetes na retina. É a primeira aluna deficiente visual da Fatec Itapetininga, fato que exigiu algumas adaptações no local. “Uso um programa chamado NVDA, que lê a tela do computador com uma voz sintética. Eventualmente, utilizo a impressora 3D da unidade para figuras como o diagrama de Venn e as portas lógicas, assim consigo tocá-los”, conta.

O namorado a acompanha no trajeto de ida e volta para a faculdade, das 18 às 23 horas. Os professores disponibilizam o material de aula com antecedência para que ela possa acompanhar o que está impresso pela voz do computador.

“Kerolin é muito proativa e dedicada, tem vontade de aprender e participar ativamente de todas as oportunidades oferecidas. Vê-la se desenvolver e superar os desafios que a sua deficiência congênita lhe traz é um belo exemplo de força, garra e superação para todos que convivem com ela: alunos, funcionários e educadores”, diz o professor Jefferson Biajone.

Ele foi responsável por aplicar o Test of English for International Communication (TOEIC), oferecido a 20 mil alunos e funcionários do Centro Paula Sousa (CPS). Uma porta aberta para cursos de graduação e pós-graduação pelo mundo, além de um diferencial para a busca de emprego e evolução na carreira.

“Ainda não sou fluente no inglês, mas fiz o teste para avaliar meu nível real e seguir me desenvolvendo. Sou a primeira pessoa da minha família a fazer um curso universitário e já estou empregada na área há dois anos”, conta Kerolin. O TOEIC foi aplicado em braile, uma versão inédita oferecida pelo CPS.

Inclusão é tarefa coletiva

No Paula Souza, inclusão é uma tarefa coletiva, que vai muito além do espaço físico. “Nosso trabalho é garantir o direito ao acesso e permanência de alunos com necessidades especiais. Se o deficiente visual tem dificuldade de comunicação, providenciamos um auxílio para comunicação, se ele lê em braile, temos material em braile”, enumera a coordenadora de Projetos de Inclusão para Pessoas com Deficiência, Cristiane Alves de Freitas Teixeira.

O conceito de “educação especial na perspectiva da educação inclusiva” passa por garantias de direitos e busca por autonomia, que incluem reuniões técnicas e vídeos para instrumentalizar as unidades. O responsável por ajuda as unidades quanto ao uso das tecnologias assistivas é Alex Rodrigues Barbosa, que também é deficiente visual.

Ele tem retinose pigmentar, uma doença degenerativa que o fez perder a visão gradualmente desde a infância. Até a adolescência ainda podia ver algo com ajuda de óculos, mas na juventude já dependia de tecnologias assistivas, como leitores de tela para computador e celular. Essa experiência, Alex leva hoje à sala de aula. “Ajudo os professores a entenderem a melhor maneira de lidar com um aluno com deficiência, seja visual, auditiva ou qualquer outra. Fui percebendo que 90% dos estudantes não conhecem as tecnologias disponíveis, por isso, meu trabalho é treiná-los também.”

O exemplo também ensina muito, já que ele ministra aulas de física e química em duas Etecs, além de atuar na coordenação de Projetos de Inclusão para Pessoas com Deficiência do CPS. Alex terminou o Ensino Médio, fez graduação, especialização e mestrado já sem a visão. Mais do que ferramentas, ele oferece inspiração. “Percebo que os alunos com deficiência param para me escutar pois sabem que vivi e vivo o que eles estão vivendo. Se eu consegui chegar até aqui, eles também podem. É para isso que trabalhamos”, conclui.

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  • Data: 28/09/2023 07:09
  • Alterado:28/09/2023 07:09
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  • Fonte: Centro Paula Souza









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