Hepatites virais: especialista reúne dicas para prevenção e tratamento
Apesar da meta global de erradicação da doença até 2030, difícil diagnóstico e pouco acesso ao tratamento seguem como desafios
- Data: 13/08/2024 14:08
- Alterado: 13/08/2024 14:08
- Autor: Redação
- Fonte: Far.me
Campanha de Testagem para Hepatites Virais
Crédito:Evandro Oliveira/PMM
Infecção que atinge o fígado e pode gerar sérios problemas para a saúde, quadros de hepatite viral são uma crise em escala global que afetam um número grande de pessoas ao redor do mundo. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, a doença é responsável pela morte de 3,5 mil pessoas diariamente, enquanto no Brasil, o Ministério da Saúde estima que, entre 2000 e 2022, mais de 750 mil casos tenham sido diagnosticados.
A própria OMS e seus estados-membros se propõe, até 2030, na eliminação da doença, que a partir das lesões causadas no fígado, podem levar à morte por cirrose e câncer hepático. Apesar da meta, os recentes aumentos no número de afetados surgem como um desafio para a erradicação das hepatites virais. “Ainda hoje, muitas pessoas seguem sem acesso ao diagnóstico da doença, e, por consequência, ao tratamento necessário para combater ou evitar o avanço da doença”, explica Hágabo Silva, head de clínica farmacêutica da Far.me.
A complexidade para a eliminação ocorre também pela existência de diferentes tipos do vírus, cada qual com quadros e tratamentos específicos. “Ao menos cinco tipos de hepatite viral são conhecidas, sendo que as do vírus A, B e C são as mais comuns no Brasil. Se por um lado a primeira tende a não acarretar problemas no fígado ao longo da vida, as duas últimas apresentam uma gravidade consideravelmente maior e podem se tornar crônicas”, explica o profissional da saúde. “Se cada variante apresenta um quadro específico, elas possuem algo em comum: a dificuldade em seu diagnóstico”, complementa.
Uma vez que as hepatites virais podem não apresentar sintomas facilmente percebidos, Silva lista algumas dicas que podem auxiliar para a prevenção da transmissão e durante seus tratamentos.
Apesar dos sintomas presentes nas hepatites A, B e C serem parecidos e generalistas, como o cansaço, mal-estar, vômitos e febres, um indicador pode ajudar no diagnóstico: a apresentação da icterícia nas escleras, isto é, amarelamento na parte branca dos olhos;
Ainda que a hepatite A possa ser considerada mais leve, a chance de letalidade tende a aumentar com o avanço da idade. A procura por profissionais de saúde é fundamental para seu tratamento, e a automedicação precisa ser evitada. Sem o devido acompanhamento, a ingestão de alguns medicamentos, como paracetamol e ibuprofeno, podem sobrecarregar o fígado;
Nos casos de hepatite A, a maioria das pessoas se recupera em até 15 semanas. Dentro deste período, é importante se manter em repouso e evitar atividades físicas até que os sintomas desapareçam completamente. Posteriormente, é indicado cortar a ingestão de bebidas alcóolicas por até um ano, para não sobrecarregar o órgão;
As hepatites B e C são transmitidas em contato com sangue contaminado ou fluídos corporais, também pela transmissão vertical (da gestante para o filho) e por via sexual.. Desta forma, é importante não compartilhar objetos pessoais, como lâminas de barbear, escovas de dente, além de usar preservativo nas relações sexuais;
A hepatite B não tem cura e pode se tornar crônica, aumentando o risco de desenvolver cirrose ou câncer de fígado. A principal forma de prevenção, além dos já mencionados, é a vacina disponível no sistema público de saúde;
Por sua vez, não existe vacina para a hepatite C, mas ela tem cura e seu tratamento é feito com antivirais que apresentam taxas de cura de mais 95% e são realizados em até seis meses;
Cuidado com a ingestão de produtos à base de plantas. Nenhum tratamento fitoterápico foi comprovado como eficaz para melhorar os sintomas da hepatite B e C. Além disso, eles podem aumentar o risco de toxicidade no fígado;
Fumar é um hábito que precisa ser interrompido. O cigarro está associado com aumento do risco de câncer no fígado em pessoas com hepatites B e C;
Em caso de diagnóstico positivo para um quadro de hepatite viral B ou hepatite viral C, seus respectivos medicamentos para tratamento fazem parte do componente estratégico da assistência farmacêutica e são distribuídos pelo Ministério da Saúde no sistema público.