Heleno diz que Bolsnaro queria um delegado ‘mais ativo’ no comando da PF

Segundo Heleno (GSI), Bolsonaro teria reclamado da 'demora da investigação' sobre o caso do porteiro. O ministro disse que não sabe informar 'se essa atribuição seria ou não da PF

  • Data: 13/05/2020 18:05
  • Alterado: 13/05/2020 18:05
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo
Heleno diz que Bolsnaro queria um delegado ‘mais ativo’ no comando da PF

Heleno diz que Bolsonaro queria maior agilidade na PF

Crédito:Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

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Bolsonaro se referia ao envolvimento de seu nome no depoimento do porteiro do condomínio Vivendas da Barra.

De acordo com o general, o presidente reclamou ‘da escassez de informações de inteligência que lhe eram repassadas para subsidiar suas decisões, fazendo citações especificas sobre sua segurança pessoal, sobre a ABIN, sobre a PF e sobre o Ministério da Defesa’.

O ministro afirmou à Polícia Federal que o presidente Jair Bolsonaro lhe teria dito, ‘em uma ou outra oportunidade’, e na presença do ex-ministro Sérgio Moro, que precisava de alguém ‘mais ativo’ no comando da Polícia Federal.

“Mais ativo no sentido de maior produtividade, o que não envolveria maior produção de relatórios de inteligência ainda que isso possa estar incluído no conceito de produtividade”, esclareceu o ministro.

Sobre a indicação de Alexandre Ramagem, Heleno afirmou considerar ‘natural’ que o presidente da República ‘queria optar por uma pessoa próxima’ para comandar a Polícia Federal, mas que a indicação se deveria à ‘eficiente administração de Ramagem’ em frente à Abin, relatada pelo próprio Heleno a Bolsonaro ‘em diversas oportunidades’.

Segundo Heleno, a relação entre Bolsonaro e Ramagem ‘não extrapola os limites de uma vinculação profissional entre chefe e subordinado’, mas que também ‘natural’ que haja ‘uma proximidade’ de Ramagem com o presidente e seus filhos, visto que o delegado foi encarregado da segurança pessoal de Bolsonaro durante a campanha eleitoral.

Heleno disse que chegou a conversar tanto com Moro quanto Bolsonaro sobre a troca de Valeixo por Ramagem. O nome do diretor da Abin, na visão do presidente, ‘daria um novo ânimo à Polícia Federal’. O ministro disse ter visto, pelas conversas, que ‘o processo se caracterizava por idas e vindas’.

Segundo Heleno, Moro disse que o presidente não tinha ‘elencado motivos’ que justificassem a troca de comando da PF. O ex-juiz estaria ‘irresignado’ com a mudança na chefia da PF.

“Em uma dessas oportunidades, disse ao ex-ministro Moro que por se tratar de uma atribuição legal do presidente da República, os motivos deste não precisariam ser os mesmos que o ministro Moro acharia relevantes”, afirmou Heleno, que disse que se ‘tentaria falar’ com Bolsonaro sobre o caso como ‘gesto de amizade’, mas sabendo que o presidente já estava determinado em fazer a troca de diretor-geral.

“O depoente nunca teve conhecimento de nenhuma missão específica que o presidente da República quisesse atribuir a Alexandre Ramagem no comando da Polícia Federal, seja no Rio de Janeiro, seja em Minas Gerais ou em qualquer Estado da federação, podendo apenas afirmar que o Presidente tem grande admiração por Ramagem pelo fato de tê-lo visto atuar em sua segurança pessoal e na Direção-Geral da Abin”, apontou o depoimento.

Agilidade e desempenho

O chefe do GSI informou à PF que ‘não tem conhecimento’ dos detalhes discutidos entre Moro e Bolsonaro a respeito de troca de comando da superintendência regional no Rio de Janeiro. Ele sabia, apenas, que ‘o presidente cobrava maior desempenho da Polícia Federal do Rio de Janeiro no combate à corrupção, inclusive envolvendo hospitais federais’.

Em relação à reunião ministerial do dia 22 de abril, Heleno informou que Bolsonaro cobrou ‘de forma generalizada todos os ministros na área de inteligência’. A reclamação seria por ‘escassez de informações de inteligência que lhe eram repassadas para subsidiar suas decisões, fazendo citações específicas à sua segurança pessoal’, mencionando a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), a Polícia Federal e o Ministério da Defesa.

“O presidente, na reunião do dia 22 de abril, menciona o exemplo de sua segurança pessoal, que se estivesse falha, tentaria trocá-la; e que se não conseguisse, trocaria o chefe, podendo chegar ao diretor e até o ministro”, disse.

Questionado se a PF estaria deixando de atender pedidos de inteligência, Heleno respondeu que a corporação estava ‘atendendo pedidos feitos pelos canais adequados’. “Mas que havia uma cobrança do presidente por maior agilidade, pois às vezes, o presidente tomava conhecimento de informações pela imprensa, e não oficialmente”.

No entanto, após a exibição do vídeo da reunião ministerial do dia 22, Bolsonaro afirmou que a gravação não contém as palavras ‘Polícia Federal’, ‘investigação’ nem ‘superintendência’. “Vocês vão se surpreender quando esse vídeo aparecer”, disse o presidente nesta terça, 12, na rampa do Palácio do Planalto. Na manhã desta quarta, 13, o presidente reforçou que não menciona a Polícia Federal no vídeo e disse que Ramos se ‘equivocou’.

A referência à PF durante a reunião também foi comentada pelo ministro Augusto Heleno (GSI) que disse em depoimento que o presidente ‘cobrou de forma generalizada todos os Ministros na área de inteligência’.

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  • Data: 13/05/2020 06:05
  • Alterado:13/05/2020 18:05
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo









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