Gravidez na adolescência: Desafios e consequências

Conheça os riscos e a importância da educação sexual

  • Data: 29/01/2025 10:01
  • Alterado: 29/01/2025 10:01
  • Autor: Redação
  • Fonte: UOL
Gravidez na adolescência: Desafios e consequências

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Crédito:FioCruz

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A gravidez na adolescência representa um grave desafio de saúde pública, com implicações físicas, psicológicas e sociais significativas tanto para as jovens mães quanto para seus filhos. Os riscos associados a essa condição são variados e abrangem desde problemas de saúde até dificuldades na continuidade da educação e inserção no mercado de trabalho.

De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS), a gestação precoce continua a ser um fator relevante que contribui para a mortalidade materna e infantil, perpetuando ciclos de doenças e pobreza. Embora o Brasil tenha registrado uma queda nos índices de gravidez na adolescência nos últimos anos, os números ainda são alarmantes: mais de 380 mil casos são registrados anualmente, especialmente entre jovens a partir dos 15 anos, cuja taxa é 50% superior à média mundial.

A Dra. Albertina Duarte Takiuti, especialista em ginecologia e coordenadora do Programa Saúde do Adolescente em São Paulo, ressalta que o Brasil ainda enfrenta desafios significativos nesse contexto. “Embora tenhamos observado uma redução nos casos, ainda estamos acima da média global, com estados do Norte e Nordeste apresentando índices alarmantes. O Sul do país, especialmente São Paulo, ajuda a equilibrar esses números”, explica.

A faixa etária entre 10 e 15 anos é identificada como a mais crítica em termos de riscos associados à gravidez. As adolescentes nessa faixa têm maior probabilidade de desenvolver complicações como mortalidade materna, hipertensão, diabetes gestacional e infecções. Para os recém-nascidos, o risco de parto prematuro e baixo peso ao nascer é acentuado.

O impacto psicológico da gravidez precoce não deve ser subestimado. Muitas meninas lidam com a mudança abrupta em sua autoimagem devido às transformações corporais rápidas durante a gestação. Além disso, elas frequentemente enfrentam uma sensação de isolamento social à medida que suas vidas se tornam centradas na maternidade, levando a consequências negativas em sua autoestima e nas relações interpessoais.

As estatísticas indicam que o abandono paterno é uma realidade comum nessas situações; cerca de 60% das jovens grávidas são deixadas por seus parceiros durante a gestação. Este abandono tem repercussões sociais e financeiras profundas, pois muitas meninas acabam assumindo sozinhas a responsabilidade pela criança.

Além disso, os dados apontam que a maioria das adolescentes que engravidam abandonam os estudos. “Mais de 70% delas não conseguem retornar à escola após o nascimento do bebê”, afirma Dra. Albertina. Essa interrupção educacional dificulta ainda mais suas chances de inserção no mercado de trabalho no futuro.

O pré-natal adequado é essencial para minimizar riscos à saúde da mãe e do bebê; no entanto, muitos adolescentes iniciam esse acompanhamento tardiamente. A Dra. Takiuti enfatiza que o início do pré-natal deve ocorrer idealmente antes das 12 semanas de gestação para assegurar monitoramento adequado.

Para combater essa questão, a educação sexual adequada é crucial. Apesar dos adolescentes conhecerem métodos contraceptivos, a resistência ao uso efetivo ainda persiste devido ao medo e à falta de comunicação entre parceiros. “É fundamental promover espaços seguros onde os adolescentes possam discutir abertamente sobre sexualidade e as consequências da gravidez”, sugere a médica.

Por fim, ações preventivas devem incluir não apenas informações sobre métodos contraceptivos mas também abordagens que envolvam as famílias e incentivem o diálogo aberto sobre sexualidade nas escolas. “Os adolescentes tendem a ouvir mais seus pares; por isso, é vital que influenciadores e figuras públicas se engajem nessa discussão”, conclui Dra. Albertina.

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  • Data: 29/01/2025 10:01
  • Alterado:29/01/2025 10:01
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