Florianópolis: Meta Lixo Zero até 2030 e transformação na gestão de resíduos
Cidade busca reduzir 90% de resíduos orgânicos e reciclar 60% do material reciclável
- Data: 13/01/2025 21:01
- Alterado: 13/01/2025 21:01
- Autor: Redação
- Fonte: G1
Lixos
Crédito:Reprodução - Jornal Nacional
O município de Florianópolis, capital de Santa Catarina, estabeleceu um decreto com uma meta ousada: até 2030, a cidade pretende reduzir em 90% a quantidade de matéria orgânica enviada aos aterros e reciclar 60% de todo o material reciclável produzido.
Considerada a única cidade lixo zero do Brasil desde 2018, Florianópolis tem se destacado por implementar políticas públicas que transformam a forma como a sociedade lida com resíduos. A iniciativa lixo zero propõe uma nova visão sobre o que é descartado, evidenciando que muitos itens considerados lixo ainda podem ter utilidade.
De acordo com Ulisses Laureano Bianchini, superintendente de gestão de resíduos, a meta é desafiadora. “Atualmente, estamos conseguindo desviar 40% da fração orgânica e 35% dos materiais secos. Para alcançar os objetivos estipulados, é fundamental um esforço conjunto que envolve não apenas a gestão municipal, mas também a colaboração da população”, destacou.
A participação da comunidade é crucial para o sucesso do projeto. Aretuza Fernandes Basso, síndica de um condomínio em Florianópolis, relatou que todas as unidades do seu edifício estão engajadas na iniciativa. “Recebemos novos moradores com uma apresentação das nossas práticas de reciclagem e coleta seletiva. Aqui, transformamos a lixeira em uma central de resíduos”, afirmou.
Além disso, Aretuza mencionou práticas inovadoras, como o encaminhamento de tampas plásticas para instituições que promovem a castração de animais e a coleta de óleo de cozinha para ser convertido em produtos de limpeza.
A coleta seletiva na cidade é ampla, com pontos de entrega voluntária espalhados por Florianópolis. Somente na coleta de vidro, cerca de 150 toneladas são recolhidas mensalmente através desses pontos. Este sistema se destaca no Brasil devido à sua eficácia e organização mecânica, garantindo segurança durante o manuseio do material.
Outro desafio enfrentado pela cidade é o descarte do isopor, um material geralmente negligenciado na reciclagem nacional. No entanto, parte do isopor coletado em Florianópolis é processada em uma fábrica localizada em Braço do Norte, onde é transformada em novos produtos, como rodapés e revestimentos. Essa inovação mostra como materiais considerados lixo podem ter um ciclo produtivo valioso.
Com um olhar voltado para o futuro sustentável, a prefeitura também implementou uma central de valorização dos resíduos onde anteriormente existia um lixão. O projeto lixo zero busca maximizar o uso da madeira coletada nas ruas e das podas de jardins para gerar adubo orgânico que será utilizado nas atividades municipais.
A compostagem doméstica também é incentivada pelo projeto, com a distribuição gratuita de composteiras. Cerca de 1.640 cidadãos já receberam esses equipamentos e passaram por treinamentos sobre como utilizá-los efetivamente. Renato Figueiredo, ex-aluno do curso oferecido pela prefeitura, tornou-se consultor voluntário e compartilha seu conhecimento com os vizinhos sobre o manejo adequado dos resíduos orgânicos.
Embora ainda seja cedo para avaliar se todas as metas estabelecidas serão cumpridas até 2030, os esforços demonstram um compromisso significativo com a redução do desperdício e a promoção da sustentabilidade. Aretuza reforçou essa responsabilidade compartilhada: “Temos um dever com as gerações futuras; precisamos garantir um ambiente saudável e sustentável”.
Florianópolis continua sendo um exemplo inspirador para outras cidades brasileiras e internacionais que buscam implementar soluções eficazes para a gestão de resíduos e promover práticas sustentáveis no cotidiano dos cidadãos.