Estudo identifica traços do Alzheimer que podem surgir décadas antes da perda de memória
Pesquisa realizada em roedores identificou alteração nas mitocôndrias antecedendo o quadro de Alzheimer nos animais
- Data: 09/11/2023 12:11
- Alterado: 09/11/2023 15:11
- Autor: Rodilei Morais
- Fonte: Folhapress
Crédito:Robina Weermeijer/Unsplash
Um estudo publicado por cientistas do Instituto Karolinska, na Suécia, revelou novas evidências da doença de Alzheimer que podem ser identificadas até 20 anos antes do início da perda de memória causada pela enfermidade. A expectativa dos pesquisadores é que a descoberta permita diagnósticos mais precoces e novas formas de tratamento para a doença.
Per Nilsson, professor do Instituto Karolinska e um dos autores do estudo, declara que “o Alzheimer é causado pela perda de sinapses, essencialmente, que se reflete nos sintomas. É muito importante entender o que acontece antes disso, tanto em termos de diagnóstico quanto em medicamentos que possam prevenir a neurodegeneração.” Os resultados da pesquisa apontam uma alteração no metabolismo das mitocôndrias — estruturas que produzem a energia utilizada nas células do corpo humano.
O trabalho foi realizado em camundongos modificados para que pudessem desenvolver os sintomas do Alzheimer. Luana Naia, principal autora do estudo, explica que a maioria das pesquisas usa animais com genes que exacerbam estes efeitos, mas os modelos utilizados por eles não possuem este viés, evitando conclusões equivocadas. Os resultados, contudo, ainda precisam ser confirmados em humanos.
O diagnóstico precoce é importante pois, mesmo os tratamentos disponíveis — como os medicamentos como o Aducanumab e o Lecanemab, aprovados nos Estados Unidos desde 2021 — não são capazes de reverter o quadro dos pacientes, mas conseguem desacelerar a evolução da enfermidade.
A descoberta fornece uma possibilidade de diagnóstico muito antes de um quadro em que a perda de memória já esteja avançada. “Quando os sintomas clássicos são visíveis no cérebro, a doença já está em um estágio mais avançado. Agora nós temos essa possibilidade de olhar em camundongos muito jovens e ver essas alterações”, afirma Maria Ankarcrona, professora de neurogeriatria no Instituto Karolinska que também colaborou na pesquisa.
Outras linhas de pesquisa atuais para identificar o Alzheimer precocemente estão usando algoritmos de inteligência artificial para prever a progressão da doença, mas os modelos ainda são considerados enviesados, inviabilizando uma aplicação prática.
Recomenda-se, para atrasar a progressão do Alzheimer, manter as atividades cognitivas depois da aposentadoria, ter uma dieta equilibrada e a prática de exercícios físicos. Outros fatores de risco que devem ser monitorados são hipertensão, obesidade, diabetes, depressão, baixa audição e o tabagismo.