Estados e Municípios rejeitam diretriz de Teich
Teich reagiu ao posicionamento dos conselhos de saúde de Estados e municípios, que rejeitaram a possibilidade de adotarem, como modelo, diretrizes de isolamento social em cada localidade.
- Data: 11/05/2020 19:05
- Alterado: 11/05/2020 19:05
- Autor: Redação
- Fonte: Estadão Conteúdo e Agência Brasil
Teich apresenta diretriz do Ministério daSaúde para isolamento social
Crédito:Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Sem citar nomes, Teich voltou a dizer que não se trata de dizer se é melhor flexibilizar ou isolar certa população por causa da disseminação do novo coronavírus, mas sim de trabalhar sem “interesse pessoal”, mas pela coletividade.
O Ministério da Saúde divulgou hoje as novas diretrizes para orientar a definição de medidas de distanciamento social. As propostas, batizadas em torno do que foi chamado de “plano de gestão de risco”, servem como um guia de análise da situação de cada estado ou cidade para definir as medidas de distanciamento social e estratégias complementares.
Serão avaliados quatro eixos: a capacidade instalada de tratamento, o nível epidemiológico, a velocidade de crescimento e as condições de mobilidade urbana. Na capacidade instalada, estarão aspectos como quantidade e taxa de ocupação de leitos. Os detalhes sobre os eixos não foram divulgados. O ministro da Saúde, Nelson Teich, afirmou que os critérios serão apresentados de forma completa na quarta-feira, quando a versão final deverá ser anunciada
Cada grupo possui indicadores que geram uma pontuação, que começa de 0 e pode chegar a 20 pontos no caso de um dos eixos. Com isso, são avaliados os níveis de risco, de muito baixos a muito altos. A partir dessa classificação de riscos são indicados tipos de distanciamento social: seletivo I e II, ampliado I e II e restrição máxima.
Além da avaliação quantitativa, o plano traz mecanismos para realizar também uma outra de caráter qualitativa. Ela serve para que os eixos sejam considerados mesmo quando as informações disponíveis não permitam uma verificação exata da análise quantitativa.
“Não é uma política de isolamento nem de flexibilização. É análise de cada local e a partir delas definimos as ações que consideramos ideais. Isso é diretriz. As decisões cabem aos estados e municípios. O que o MS faz é disponibilizar uma linha de avaliação adequada. Vai estar sempre disponível pra discutir com qualquer secretário estadual ou municipal para ajudar na interpretação da ferramenta e vamos trabalhar junto”, declarou o ministro Nelson Teich.
Como informou hoje o Estado, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems), órgãos que os representantes de Estados e municípios junto do Ministério da Saúde, rejeitaram a adoção da nova diretriz, principal promessa de Nelson Teich ao assumir a pasta para rever a estratégia de combate a covid-19. “Enquanto estivermos empilhando corpos, não tenho como discutir isso”, disse o presidente do Conass, Alberto Beltrame.
Nelson Teich disse que, apesar de todas as preocupações atuais estarem voltadas aos casos mais graves da doença, o governo tenta encontrar uma forma de atuar mais fortemente nos casos em que os sintomas são mais recentes, para começar a fazer o tratamento o mais rápido possível. “É uma doença que você aprende todo dia. Tudo é reavaliado todo dia. “Não dá pra gente focar só no doente mais grave. Isso reduz a evolução para fase mais crítica, o que seria um grande alívio para o sistema e isso aumenta a capacidade de cuidar. É uma abordagem que vai ser feita agora”, disse o ministro.
Sem dar detalhes, Nelson Teich também afirmou que o Brasil trabalha para que um grupo de pacientes seja integrado à fase de testes de uma vacina contra a doença. “A gente está trabalhando para fazer parte de um grupo que vai testar a primeira vacina para covid-19. O Brasil está interagindo para fazer parte do grupo que vai testar vacina”, comentou.
‘Comunicar melhor’
Teich reconheceu que a pasta tem muito a fazer e precisa “comunicar melhor” as ações durante a pandemia do novo coronavírus. “Nossa equipe está avaliando as melhores estratégias de como abordar o problema da doença (covid-19)”, disse nesta segunda-feira, 11.
Em conversa com jornalistas, Teich também anunciou um reforço no trabalho da pasta em conjunto com Estados e municípios. Como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo, os conselhos de saúde que representam Estados e municípios rejeitaram a nova diretriz do Ministério da Saúde sobre distanciamento social.
“O nosso foco sempre é cuidar das pessoas, isso é fundamental deixar claro. A gente trabalha com total transparência. Existe um trabalho conjunto com Estados e municípios”, disse Teich no início da entrevista coletiva à imprensa, no final da tarde desta segunda.
Teich informou que novas conversas com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems) devem ocorrer nos próximos dias.
Para o ministro, é preciso diagnosticar e tratar mais cedo a covid-19 no Brasil. “O mais importante é começar a tratar (a covid-19) o mais rápido possível”, afirmou. “Isso (coronavírus) é uma coisa que você aprende todo dia e reavalia tudo que tem sido feito, as suas ações e propostas”, disse.
Desta forma, o ministro da Saúde considera que será possível buscar formas de superar o gargalo na aquisição de respiradores, essenciais para atender os pacientes graves em Unidades de Terapia Intensiva (UTI).