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Estado de SP tem pelo menos 10 obras de rodovias atrasadas há mais de um ano

Às vésperas das férias de verão, o Estado de São Paulo ainda tem pelo menos dez obras viárias com mais de um ano de atraso.

  • Data: 15/12/2017 11:12
  • Alterado: 16/08/2023 02:08
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo
Estado de SP tem pelo menos 10 obras de rodovias atrasadas há mais de um ano

Obras do trecho Norte do Rodoanel

Crédito:Reprodução

Se estivessem prontas no prazo, as vias já poderiam reduzir congestionamentos, frequentes nesta época do ano. Entre os projetos pendentes, estão obras importantes, como o trecho norte do Rodoanel e a Nova Tamoios Contornos. Já outra da lista – a duplicação da estrada federal Régis Bittencourt na região da Serra do Cafezal – é prometida para até a próxima semana.

Segundo o governo estadual e a concessionária responsável pela Régis, a Arteris, parte dos atrasos se deve a questões ambientais e desapropriações. Além disso, diz o governo, houve efeitos negativos da crise econômica no ritmo das obras.

O projeto da Nova Tamoios Contorno, com pista dupla entre São Sebastião e Caraguatatuba, no litoral norte, foi licitado em 2012. A entrega deveria ter sido feita há um ano. O primeiro de quatro lotes deve ser entregue até junho. Os outros três lotes, até o fim de 2018.

O trecho norte do Rodoanel, com 47,6 km de extensão, era para estar pronto em fevereiro de 2016. A nova previsão é de que a rodovia seja totalmente liberada ao tráfego só no fim de 2018. Se for cumprido o prazo, o Rodoanel será concluído 20 anos após o anúncio do projeto.

O trecho da Serra do Cafezal, na altura de Miracatu, tornou a Régis Bittencourt, que liga São Paulo ao Sul do País, conhecida como “rodovia da morte”, pelo alto número de acidentes. Em 2016, houve uma morte a cada 3,7 km da serra, segundo a Polícia Rodoviária Federal.

A duplicação do último trecho será entregue na próxima semana, com cinco anos de atraso. Obras para melhorar a via são discutidas desde a década de 1970. “Está tudo pronto. Estamos só testando a iluminação dos túneis. Será um presente de Natal para São Paulo”, diz o superintendente da concessionária Arteris, Nelson Bossolan. O processo de licenciamento da obra na serra, um dos mais longos do País, foi refeito várias vezes para preservar a fauna local e pequenas nascentes.

Entre as obras atrasadas, além da Régis, há outro projeto federal: a duplicação da rodovia Transbrasiliana, a BR-153. Atualmente, está sendo duplicado um trecho de 2,8 km, entre São José do Rio Preto e Bady Bassit, no interior paulista, mas quase todo o resto continua em pista simples. Procurado, o Ministério dos Transportes não se manifestou.

Sobrecarga

“Nos últimos dez anos, a frota quase dobrou e não houve expansão equivalente da malha. Rodovias importantes estão saturadas porque recebem tráfego para o qual não foram dimensionadas, o que fica evidente em períodos de grande demanda”, diz o diretor da Confederação Nacional de Transportes, Bruno Batista.

A frota paulista é de 28,9 mil veículos – em 2008 eram 18,4 mil, segundo o Departamento Estadual de Trânsito (Detran).

Comemoração
Parado numa área de descanso no km 360 da rodovia Régis Bittencourt (BR-116), em Miracatu, o motorista Milton Francelozo de 71 anos, de São Bernardo do Campo, custa a acreditar que finalmente vai trafegar pelos túneis e viadutos da nova pista na Serra do Cafezal.

“Nem me imagino passando ali, depois de 30 anos pegando a pista simples, com tantos acidentes. Na terça (dia 12), tinha um carro batido e um morto no asfalto, perto de Juquitiba e, na serra, o trânsito parado por causa de um caminhão em chamas”, conta.

As curvas sinuosas e descidas ou subidas íngremes da Serra do Cafezal assustam até motoristas experientes, como Antonio Lopes, de 59 anos, de Minas. Para chegar ao porto de Santos, ele prefere a pista simples da Padre Manoel da Nóbrega a seguir pela Régis até o Rodoanel. “É perigosa e está sempre parada por causa dos acidentes.”

Dono de oficina mecânica à beira da rodovia, em Juquiá, o mecânico José Yamamoto fez a vida consertando caminhões na Régis mas há dez anos não sobe a serra em direção a São Paulo. “Não escondo, tenho medo. Já vi muitas mortes ali.”

Crise econômica
O secretário de Transportes e Logística do Estado de São Paulo, Laurence Casagrande Lourenço, atribuiu o atraso em obras estaduais à crise econômica do País. A partir de 2015, o governo paulista entrou em um processo de redução de arrecadação e foi obrigado a reprogramar os investimentos.

“Junto com a crise na economia, algumas empresas de engenharia tiveram problemas com as investigações da Lava Jato e isso refletiu no andamento dos cronogramas”, disse Lourenço. “O acesso ao financiamento federal ficou mais difícil e teve empresa com problema de caixa, que entrou em recuperação judicial. Muitas não conseguiram manter o ritmo das obras.”

No caso do Rodoanel, que ele considera a maior obra rodoviária do País, houve ainda atraso nos repasses do governo federal, que obrigou o governo do Estado a redirecionar recursos próprios que seriam aplicados em outras obras. “Hoje, temos um saldo de R$ 712 milhões a receber de Brasília”, disse.

O projeto da Nova Tamoios Contorno, segundo ele, foi mudado para reduzir o número de famílias atingidas e os impactos ambientais, o que atrasou a emissão das licenças.

Em relação às outras obras atrasadas, Lourenço informou que houve mudanças de projeto, dificuldades de licenciamento e financiamento, além de problemas judiciais.

Concessões. Giovanni Pengue Filho, da Agência de Transportes do Estado de São Paulo (Artesp), disse que o governo adotou um sistema de gatilho nas novas concessões para adequar o plano de obras ao crescimento do tráfego.

“Nos contratos antigos, as obras eram previstas para serem realizadas ao longo da concessão de 20 ou 30 anos e não se podia mexer. O que aconteceu foi que algumas regiões cresceram mais do que a gente imaginava e houve necessidade de obras que não estavam previstas. Agora, vamos rever a cada quatro anos”, diz. “Também estamos prevendo que, se a concessionária atrasar uma obra, ela pode sofrer desconto no reajuste da tarifa.” São preparadas novas concessões para rodovias no litoral. O Ministério dos Transportes não se manifestou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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  • Data: 15/12/2017 11:12
  • Alterado: 16/08/2023 02:08
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