Especialistas preveem queda de emissões na China em 2024 graças a energias renováveis
Estudo indica que China pode entrar em um processo de redução gradativa de emissões de carbono graças a seus investimentos em energia limpa
- Data: 14/11/2023 07:11
- Alterado: 14/11/2023 07:11
- Autor: Rodilei Morais
- Fonte: The Guardian; Phys.org
Crédito:Shubert Ciencia/Wikimedia Commons
Um relatório divulgado pelo Centro de Pesquisa em Energia e Ar Limpo aponta que, após um pico em 2023, as emissões de carbono da China — o atual país mais poluidor no mundo — devem entrar em um processo estrutural de queda a partir do próximo ano. De acordo com a instituição europeia, o motivo para esta inversão histórica nas emissões do país é o resultado de seus investimentos em energias renováveis.
De acordo com Lauri Myllyvirta, principal analista responsável pelo estudo, a capacidade energética instalada na China entre as fontes solar, eólica, hidrelétrica e nuclear é suficiente para suprir toda a demanda da França. Além disso, a parcela do mercado ocupada por carros elétricos na capital chinesa de Pequim já ultrapassou a meta do governo para 2025, que era de 20%.
Lauri declara que o aumento mais surpreendente foi no setor de energia solar, com 210 gigawatts (GW) instalados somente em 2023 — o dobro de toda a capacidade solar presente hoje nos Estados Unidos. Já no setor eólico, o país acrescentou 70 GW à sua capacidade, o equivalente ao que o Reino Unido produz por ano a partir dos ventos.
Estes fatores devem se provar mais do que o bastante para atender às novas demandas de energia no país, tornando-o menos dependente de fontes não-renováveis, especialmente do carvão mineral.
Uma nova tendência ou uma diminuição temporária nas emissões?
Embora os números indiquem uma boa perspectiva climática para o futuro, Myllyvirta diz que o sucesso desta nova política energética chinesa depende da capacidade do governo em lidar com o lobby dos produtores de carvão no país. É notável que, mesmo com os investimentos em energia limpa, o país segue com a instalação de usinas termelétricas a base do combustível fóssil.
O relatório aponta que o país tem em obras usinas que somariam 136 GW provenientes do carvão, com mais uma série de projetos aprovados que acrescentariam 124 GW a este total. Estes últimos números vão de encontro com uma promessa recente do presidente Xi Jinping, de “controlar estritamente novos projetos de geração de energia à base de carvão” e diminuir as emissões do país.
Lauri diz ainda que, para cumprir o pico projetado para 2023 de 1.370 GW instalados em termelétricas, a China precisaria cessar imediatamente a aprovação de novos projetos ou encerrar as atividades de usinas já operantes.
Para qual caminho o gigante asiático deve seguir deve ficar claro na postura do país na COP28, conferência pelo clima que acontece nas próximas semanas em Dubai. De qualquer forma, Myllyvirta declara que o “investimento sem precedentes em tecnologia de baixo carbono significa que a China está fazendo uma enorme aposta econômica no sucesso de uma transição energética global, o que pode afetar seu posicionamento diplomático.”