Entenda o que contribui para acentuar onda de calor no Brasil

O Brasil vem passando pela sua oitava onda de calor no ano de 2023 — a atual, atinge diversas regiões do país, elevando a temperatura em até 5 ºC. Além das mudanças climáticas, que já vêm tornando mais intensas e frequentes estas ocorrências, e o fenômeno El Niño, que ciclicamente afeta o clima global, um bloqueio atmosférico

O que difere a onda de calor atual das demais é a grande extensão da zona de alta pressão atmosférica presente sobre a América do Sul neste momento. Abrangendo uma área que vai do norte da Argentina ao sul da Amazônia, esta região na atmosfera está dificultando a chegada de frentes frias. A presença do El Niño também influencia a circulação destas massas de ar, o que vem contribuindo com todo o processo.

Nesta segunda-feira (13), São Paulo bateu seu recorde de temperatura neste ano, atingindo 37,4 °C. Em grandes cidades, o clima local ainda é influenciado por materiais com alta absorção de calor — como o asfalto das ruas — além da maior concentração de gases de efeito estufa.  

Falta de chuva aumenta o calor

Além de não ser possível contar com o alívio momentâneo fornecido pelas chuvas, o meteorologista Marcelo Seluchi, do Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), explica que sua ausência intensifica o calor. Segundo o especialista, “a energia do sol é consumida em duas coisas: aumentar a temperatura e evaporar a água do solo. Com um solo pouco úmido, porque ainda não estamos na estação chuvosa, a maior parte vai para a temperatura.”

Se do centro-sul do país até a região Norte o cenário é de seca, fora desta região a situação é a oposta. Com o El Niño estacionando as massas de ar quente, as massas de ar frias estão concentradas na região Sul, onde os níveis de precipitação têm causado uma série de desastres ao longo do ano.

“Nos primeiros 12 dias de novembro na região de Porto Alegre [RS], geralmente chove em torno de 105 milímetros. Já tivemos, neste ano, 147 milímetros e provavelmente veremos a próxima semana mais chuvosa”, afirma Guilherme Borges, meteorologista do Climatempo.

Borges reforça que, tanto o calor na maior parte do Brasil quanto o aumento de chuvas na região Sul são consequências de um processo de mudanças climáticas que vem se intensificando há décadas. “Desde 1950 vivemos um ciclo de aquecimento potencializado pelas emissões de gases de efeito estufa,” conclui.