Em Mariana, memória do desastre e espera por um novo lar

As casas dos 620 desalojados da vila de Bento Rodrigues, destruída pelo rompimento da barragem em Mariana, em novembro de 2015, só devem estar prontas no segundo semestre de 2020

  • Data: 01/02/2019 09:02
  • Alterado: 01/02/2019 09:02
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo
Em Mariana, memória do desastre e espera por um novo lar

Crédito:Leandro Couri/EM/D.A Press

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As máquinas de terraplenagem trabalham no arruamento do que será a nova vila de Bento Rodrigues, destruída pelo rompimento da barragem da Samarco, em Mariana

Até 2020, os moradores, cerca de 230 famílias, vão continuar morando de aluguel, espalhados por Mariana, e recebendo ajuda financeira equivalente a um salário mínimo, mais 20% desse valor por dependente e uma cesta básica.

“Dá uns R$ 1,5 mil, não dá para nada”, afirmou o comerciante José do Nascimento de Jesus, de 73 anos, presidente da Associação Comunitária de Bento Rodrigues. “Aquilo foi o presente de aniversário que me deram”, disse Zezinho de Bento, como é conhecido na região.

Ele nasceu no dia 3 de novembro. Morando em um apartamento alugado em Mariana, que tem três quartos, com suíte, sala, cozinha e dois banheiros, Zezinho de Bento é o representante dos moradores desalojados e o encarregado do grupo dos atingidos pela barragem de fiscalizar a obra da nova vila. O terreno escolhido tem 384 hectares e está a cerca de 13 quilômetros da vila destruída. “Fica no alto do morro e bem mais perto de Mariana”, disse ele.

Para a agente de saúde Cláudia de Fátima Alves, de 37 anos, solteira, também da comissão de desalojados, os antigos moradores estão com esperança de que logo possam estar nas novas casas. “A obra agora está andando”, disse Cláudia, que morava na Rua São Bento, 415, na vila. “Vamos ver se vai mesmo ser cumprido o cronograma.”

Fantasma
No vale devastado pelo rompimento da barragem, que deixou 19 mortos, as casas hoje formam uma vila fantasma, com mato crescendo por dentro e marcas da tragédia expostas por todo lado. Na parte mais alta, as casas ainda têm paredes em pé e muitas ainda com teto. Mas na parte mais baixa, perto do lago dos diques de contenção, cacos de paredes são só esqueletos amarelados de barro. Numa delas, com marcas do lodo ainda grudado de alto a baixo, um fogão aparece acima da fachada da frente da casa de esquina – abaixo do telhado.

A entrada na área é controlada pela Defesa Civil e representantes da associação comunitária. Segundo fontes que cuidam do local, poucos dos antigos moradores retornam à vila destruída. Uma estrada de terra, poeirenta, leva de Mariana a Bento, passando por uma área privada, com acesso controlado por vigias em guaritas. “Alguns vão lá, principalmente nos fins de semana”, disse Zezinho de Bento. “Eu não gosto de ir.”

Leandro Couri/EM/D.A Press)

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Crédito:Leandro Couri/EM/D.A Press
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  • Data: 01/02/2019 09:02
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