Em ‘A iluminada’, Heloisa Périssé apresenta autoajuda em monólogo cômico
Heloisa, de 56 anos, sentiu que era a hora de a criadora receber os afagos de sua criatura e escreveu o monólogo em cartaz no Teatro Unimed
- Data: 11/06/2023 11:06
- Alterado: 11/06/2023 11:06
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
Crédito:Divulgação
Os bons amigos da atriz Heloisa Périssé conhecem a personagem Tia Doro há pelo menos uns 15 anos. Ela é uma espécie de coach, uma palestrante motivacional, que aparecia em festas ou nos bastidores da televisão ou do teatro quando o astral de alguém pesava e a artista tratava de desanuviar a situação. Bastava Heloisa falar “sabe qual é meu nome? Tia Doro” que o sorriso voltava a iluminar o rosto do colega diante da sonoridade carinhosa. Ingrid Guimarães ouviu vários dos seus conselhos, Bruno Mazzeo e Mônica Martelli viraram devotos e Paulo Gustavo (1978-2021) trouxe até uma peruca de presente para ela de uma de suas viagens a Nova York.
Depois de tanto cuidar de pessoas queridas, Heloisa, de 56 anos, sentiu que era a hora de a criadora receber os afagos de sua criatura e, em 2021, escreveu o monólogo cômico A Iluminada, em cartaz no Teatro Unimed, sob a direção de Mauro Farias, seu marido.
Tia Doro veio ao mundo Doroteia das Dores e superou todas as dificuldades que surgiram no caminho. Por isso, em suas palestras que, além de motivacionais, são inspiradas na física quântica, revela sua visão do mundo cheia de gratidão.
“O que mais ouço do público é ‘muito obrigado’. As pessoas dizem que as deixei mais felizes e motivadas e isso é inédito na minha carreira”, afirma. “Tem uma autoajuda grande neste espetáculo que me retroalimenta.”
CURA. Em junho de 2019, Heloisa recebeu o diagnóstico de um câncer raro nas glândulas salivares. A atriz entendeu que não tinha tempo a perder, mergulhou em dezenas de tratamentos em busca da cura e, quando começou a cogitar uma volta ao trabalho, o mundo parou por causa da pandemia da covid-19. “Depois de tudo isso, fiquei um pouco mais suave comigo”, reconhece. “Já penso que posso até ganhar na loteria porque o que parece difícil ficou fácil para mim.”
Heloisa recebeu um convite para levar a Portugal o espetáculo E Foram Quase Felizes para Sempre, de 2013. Ela aceitou, mas desde que fosse com uma peça nova. Então, se sentou à frente do computador e escreveu em menos de dois meses a história de Tia Doro. Era a hora de se convencer de que no fundo do poço é possível descobrir uma cama elástica. “Tenho uma família ótima, sempre amei meus pais, meus irmãos. Tudo o que não posso é assumir o papel de vítima e, através da minha arte, entendi que falaria comigo mesma.”
A atriz sempre foi muito religiosa e apoiada na fé. Nos últimos anos, porém, prefere se definir apenas como cristã. “Já passei pela igreja batista, pela presbiteriana, mas entendi que não preciso bater ponto em um lugar aos domingos, porque a igreja está dentro de nós e nos atos praticados no dia a dia”, diz. A recente descoberta da física quântica, segundo ela, mudou sua cabeça.
Começou a devorar um livro atrás do outro e entendeu, entre outras coisas, que ninguém tem o controle de nada – uma certeza endossada depois da luta contra o câncer e da pandemia mundial. “Entendi que somos livres para fazer as nossas próprias escolhas.”
As transformações também chegaram a sua carreira. Depois de 24 anos, a artista perdeu a estabilidade do contrato com a Rede Globo no fim de maio, e a temporada paulistana marca sua volta ao mundo dos autônomos. Mesmo assim, ainda pode ser vista na terceira temporada da série Cine Holliúdy e enfrenta a maratona do quadro Dança dos Famosos, no Domingão com Huck. “Eu esperava por isso, aproveitei muito bem esse tempo e já comecei algumas conversas com a Netflix e a Amazon”, conta.
OPORTUNIDADES. O movimento mais significativo projetado por Heloisa, porém, é mudar para trás das câmeras. Ela quer se voltar para o cinema, escrever roteiros e até dirigir filmes, algo que sempre desejou e considera que chegou o momento de buscar oportunidades. “Tem horas que a vida tira a gente daquele quentinho a que estamos acostumados e nos coloca em situações que representarão a nossa maior felicidade”, afirma. “É só voar com as próprias asas.”