Educação, segurança e gestão de risco
Recentes ataques a instituições de ensino levantam debate; pró-reitor aponta a necessidade de aprofundar o debate na comunidade acadêmica
- Data: 02/05/2023 09:05
- Alterado: 02/05/2023 09:05
- Autor: Redação
- Fonte: Alessandro Coutinho Ramos
Além das escolas
Crédito:Pexels
O debate sobre as crescentes ameaças de ataques a instituições de ensino tem ganhado corpo nos últimos dias. O motivo: tanto os ataques efetivamente ocorridos em escolas neste ano – e, claro, nos anos anteriores – quanto o rastreamento de mensagens, grupos e postagens em redes sociais supostamente organizando novas incursões violentas.
Além das escolas, as universidades também lidam com o clima de incertezas em relação a este tema. No último dia 10 de abril, uma aluna da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), em Vitória, foi ameaçada com uma faca por uma pessoa, porém tanto a Universidade quanto a Polícia afirmaram se tratar de um “caso isolado”. No entanto, o episódio levantou temores e também acirrou a discussão sobre esse tipo de situação no ambiente universitário.
Em recente entrevista para a Unicamp, uma das mais importantes pesquisadoras de problemas de convivência na escola e radicalização da juventude, Telma Vinha, professora da Faculdade de Educação (FE) e pesquisadora do Instituto de Estudos Avançados (IdEA) da Unicamp, afirma que a maior parte das mensagens veiculadas pelas redes sociais que tratam de supostos ataques em escolas tem características de um movimento organizado para causar pânico.
Segundo a especialista relata na entrevista, em nenhum momento é possível afirmar que um ataque não vai acontecer, nem mesmo em instituições que se consideram totalmente seguras. Contudo, a pesquisadora ressalta que é preciso cautela para não gerar pânico.
O Pró-reitor de Pesquisa, Pós-graduação e Extensão da Universidade de Vila Velha (UVV), Alessandro Coutinho, ressalta a importância das discussões internas sobre o tema. Segundo o professor, o assunto não deve ser evitado ou tratado em sua superfície. “Quanto mais evitamos debater o tema com a comunidade, mais aberto fica o espaço para a disseminação de informações desencontradas e até mesmo de fake news”, ressalta.
Para o Pró-reitor, todos os agentes devem ser envolvidos em ações educativas direcionadas. “As conversas sobre o tema devem ser iniciadas entre os gestores e, então, ações de conscientização serem desenvolvidas para alcançarem o quadro de docentes, os alunos e os funcionários. É crucial que todos sejam munidos de dados, estatísticas e de análises concretas sobre este cenário, até para que também levem essas informações para fora do ambiente da universidade, contribuindo para a sociedade de modo geral”, pontua Coutinho.
Uma pesquisa feita pelo FBI entre os anos de 2000 e 2013 mostrou que a comunicação por escrito esteve presente em 27% dos casos de ataques estudados. O levantamento mostra que em 73% dos casos analisados, foi identificado algum tipo de ligação com o local do ataque – 88% dos agressores com menos de 18 anos atacaram a escola onde estudavam. Nos casos envolvendo estudantes, tendências comportamentais que indicavam a possibilidade de ataque foram percebidas, em sua maioria, por professores e funcionários das escolas (75% das ocorrências) e por colegas de sala (92% das ocorrências).
“Considerando os dados existentes, fica ainda mais evidente a importância das ações dentro do ambiente universitário, incluindo o treinamento especializado da segurança, instalação de controle de acesso por meio de catracas e cartões de identificação, o uso da tecnologia avançada com videomonitoramento e inteligência artificial. Além disso, programas de educação, conscientização e informação, é possível ajudar a comunidade universitária a entenderem os riscos de segurança e identificar com mais facilidade comportamentos suspeitos, prevendo e até mesmo evitando situações de ataques efetivos”, conclui.