Doações de sangue são transformadas em medicamentos gratuitos para pacientes do SUS
No Brasil, cerca de 3,4 milhões de doações são realizadas anualmente; o número representa cerca de 1,8% da população brasileira, com hábito de fazer doações de forma regular
- Data: 20/06/2024 15:06
- Alterado: 20/06/2024 15:06
- Autor: Redação
- Fonte: Assessoria
Crédito:Tomaz Silva/Agência Brasil
Junho é um mês de mobilização e de celebração mundial do Doador de Sangue. No Brasil, o ato altruísta, voluntário e não remunerado dessas pessoas vai além de salvar vidas em emergências. Você sabia que o doador também beneficia pacientes que precisam de transfusões, cirurgias e queimaduras e contribui de forma determinante para a produção e distribuição gratuita de hemoderivados pela Hemobrás (Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnológicos)?. Os hemoderivados, que têm o plasma sanguíneo como matéria-prima, são medicamentos que desempenham função essencial no tratamento de diversas doenças graves, como câncer, queimaduras graves, hemorragias (muitos pacientes internados em Unidade de Terapia Intensiva), hemofilia e outras doenças de coagulação do sangue e talassemia (anemia crônica hereditária). E o plasma sanguíneo é um componente do sangue humano.
Com a doação de uma pessoa, pelo menos quatro vidas podem ser salvas através de transfusões e milhares de pessoas podem ter a qualidade de vida melhorada pelos hemoderivados. O percentual está muito aquém do considerado ideal, que fica entre 3% e 5%, conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Por esta razão, o mês serve ainda para conscientizar a população para a relevância das doações e a ampliação dos estoques dos hemocentros. A lógica da doação de sangue é encadeada: se o número de doadores aumenta, o volume de plasma excedente segue a mesma tendência e, assim, mais plasma pode ser repassado à Hemobrás para que uma quantidade ainda maior de hemoderivados sejam produzidos e distribuídos a quem precisa.
Todo o mês de junho é dedicado à campanha “Junho Vermelho”. De caráter internacional, ela busca conscientizar a população sobre a importância da doação de sangue e aumentar os estoques dos hemocentros. Os serviços de hemoterapia públicos e privados que se disponibilizam a contribuir com a produção de medicamentos realizam a coleta e processamento do sangue para a separação dos hemocomponentes, como o plasma, hemácias, plaquetas e crioprecipitados (fontes de proteínas plasmáticas insolúveis à baixa temperatura). Pela legislação brasileira, o plasma excedente das doações desses serviços de hemoterapia deve ser fornecido pela hemorrede para a Hemobrás. A Portaria nº 1.719/2020 do Ministério da Saúde prevê que a Hemobrás é responsável pela gestão do plasma excedente do uso hemoterápico no país, transformando-o em medicamentos hemoderivados e fornecendo-os para o SUS. Atualmente, a empresa fornece Albumina, Imunoglobulina, Fatores Coagulantes VIII e XIX, além do Fator Coagulante VIII na versão recombinante, ou seja, produzido através da biotecnologia e que não depende do plasma.
Doar sangue é simples, rápido e seguro; a doação leva em torno de 30 minutos e é um processo indolor. Todos os materiais utilizados são descartáveis e o cidadão não corre risco de contrair doenças. Para ser um doador, basta estar em bom estado de saúde, ter entre 18 e 65 anos, pesar no mínimo 50 quilos, apresentar documento de identidade com foto e, sendo mulher, não estar grávida ou amamentando. Para a doação, basta dirigir-se a qualquer hemocentro do Brasil.
No Brasil, a doação de sangue tem sido objeto de acalorado debate recente em virtude da apreciação da PEC 10/2022, conhecida como PEC do Plasma no Congresso Nacional. Se aprovada, a PEC pode causar grande impacto negativo no volume de plasma excedente doado para a produção de hemoderivados e “comprometer os estoques do país para fins transfusionais”, aponta um manifesto publicado pela Hemobrás e intitulado Dez motivos que justificam o arquivamento da PEC do Plasma em 2023.