Diatrans Diadema acolhe e homenageia mães

Apoio familiar é fundamental para fortalecimento de vínculo durante o período de transição para pessoas trans; serviço municipal disponibiliza grupos para usuários atendimentos e familiares

  • Data: 03/06/2024 13:06
  • Alterado: 03/06/2024 13:06
  • Autor: Redação
  • Fonte: PMD
Diatrans Diadema acolhe e homenageia mães

Crédito:Dino Santos

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“É importante a família estar presente porque ele vai saber que está sendo aceito do jeito que ele é”. É assim Vera Lúcia Santos, mãe de Alexander, define o acolhimento familiar que fortalece a pessoa trans ao longo da vida. Ela foi uma das convidadas e homenageadas no 1º Encontro de Mães dos Usuários do Ambulatório Diatrans Diadema, promovido na tarde de 28 de maio, no Quarteirão da Saúde Engenheiro Osvaldo Misso.

A ideia do evento surgiu da vinculadora do serviço, Dandara Santos, para mães compartilharem suas jornadas individuais, desafios e aprendizados, fortalecendo os laços entre elas, mostrando que sentem as mesmas emoções e dúvidas. O objetivo principal foi criar um ambiente seguro e inclusivo para facilitar a troca de experiências, apoio mútuo e o estabelecimento de uma rede de solidariedade e aceitação. Para Vera, o novo contexto “não foi uma questão de aceitação, foi de entender. Depois que me explicaram, comecei a entender melhor. Esse sentimento de ‘não estar sozinho’ fortaleceu muito ele. E aqui foi fundamental para isso”, relata.

De acordo com a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), a expectativa de vida de uma pessoa trans é, em média, de 35 anos de idade. A gerente do ambulatório, Vanessa Romão, explica que o número alarmante é reflexo do preconceito e da sociedade hostil. “Além de não se enxergar naquele corpo em que nasceu, a pessoa trans ainda tem a devolutiva da sociedade, da família, sujeito a violências”, ressalta.

O serviço acompanha 380 pessoas e disponibiliza consultas médicas e de outras categoriais profissionais, respeitando as necessidades e especificidades de cada indivíduo para atendimento, além dos grupos terapêuticos para usuários e famílias. Já o processo de terapia hormonal, também conhecido como processo transexualizador, é realizado em pessoas com idade mínima de 16 anos.

“Mas não é só a mudança corporal, porque apenas isso não vai fazer com que eles se sintam completos. Por isso é fundamental que participem dos grupos”, ressalta Vanessa. Ela informa que os temas trabalhados nesses encontros abordam situações do dia a dia, enfrentamento de desafios e novas perspectivas de vida, como a chance de fazer um curso ou uma faculdade e usar o banheiro desses locais tranquilamente, sem passar por constrangimento.

“A transição é coletiva, não é só individual”, afirma o responsável pelos grupos terapêuticos para pessoas em acompanhamento no serviço, Eloy de Brito Luciano. Ele explica que esse processo é vivido por todo o núcleo familiar, pois as mães também precisam se adaptar a novos nome, pronome e identidade.

A cabeleireira e instrutora técnica, Pamela Rogers Teixeira de Souza, conta que o preconceito ainda é muito grande, mas que há 20 anos era muito pior, e sempre que pode leva a mãe de 76 anos aos eventos. “Acho importante acompanhar. Só não vou se ela não me avisa”, confirma a mãe Eva Conceição Leite de Souza. Para Pamela, o amor e o respeito nesse processo são fundamentais. “Hoje eu me reconheço como eu sempre fui”.

Política pública

A demanda por um ambulatório destinado ao atendimento de pessoas trans é antiga, para além de 2008, quando Dandara começou a trabalhar no Centro de Referência (CR) em IST da Prefeitura. “Naquele momento já tinha uma demanda muito grande, de mães que me procuravam e não tínhamos suporte dentro do município. Agora esse é o nosso espaço de fala e construímos isso junto. Agradeço a cada uma de vocês por depositar essa confiança em nós”, conta a vinculadora.

O responsável pela Coordenadoria de Políticas de Cidadania e Diversidades de Diadema, Robson Carvalho, ainda explanou sobre as políticas públicas adotadas desde 2021 para o público LGBT+, como a coordenadoria, fluxo de internação nos serviços municipais que garante atendimento para pessoa trans de acordo com a identidade de gênero, ações de retificação de nome. “São pequenos passos que a gente vai construindo e avançado no nosso trabalho de humanização, humanizar a nossa cidade. Essa gestão abre esse espaço de fala e de empoderamento”, reforçou.

O coordenador também convidou as participantes para o evento “Manto da Transição: Diálogos de Amor e Respeitos LGBT+”, na próxima quarta-feira (05/06), às 19h, no auditório da Fundação Florestan Fernandes (FFF), com a participação da escritora Adélia Nicolete, que vai compartilhar a experiência de ser mãe de um menino trans.

A equipe municipal ainda contou com a presença da diretora do Ambulatório de Especialidades, Maria Cláudia Vilela; o psicólogo do Centro de Referência em IST e Hepatites Virais, Willian Cristoffer de Souza; e a estagiária de serviço social da Coordenadoria de Políticas de Cidadania e Diversidades, Donata Alves de sant Anna Loyola.

Cirurgia

A cirurgia de redesignação de gênero envolve algumas etapas, de acordo com as características de cada procedimento. “Nesses grupos, trabalhamos o que é a cirurgia, quais as condições de saúde exigidas para realizar a operação, o que esperar e aspectos do pós operatório e outros temas que envolvem a decisão de fazer ou não o procedimento e como isso vai influenciar na vida da pessoa”, afirma Eloy.

Pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a realização da cirurgia pode demorar, em média, de dois a 11 anos, são exigidos dois anos de acompanhamento cirúrgico e índice de massa corpórea (IMC) abaixo de 27. Para auxiliar no processo, o DiaTrans, em parceria com a Secretaria de Segurança Alimentar, oferece acompanhamento nutricional para redução de peso.

Atendimento

Para o atendimento, destinado a pessoas que moram em Diadema, é preciso comparecer ao serviço, de segunda a sexta-feira, das 8h às 16h, para o acolhimento inicial.

Serviço:

Ambulatório DiaTrans / Centro de Especialidades Quarteirão da Saúde Engenheiro Osvaldo Misso

Avenida Antônio Piranga, 700 – 2º andar – Centro.

Tel.: (11) 4043-8093 – WhatsApp (11) 913195659

E-mail: [email protected]

Funcionamento: Grupo de Entrada (acolhimento inicial), de segunda a sexta-feira, das 8h às 16h.

Coordenadoria de Políticas de Cidadania e Diversidades

Rua Almirante Barroso, 246, Vila Dirce

Atendimento: segunda a sexta-feira, das 8h às 17h

Contato: [email protected] e [email protected]

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  • Data: 03/06/2024 01:06
  • Alterado:03/06/2024 13:06
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