Diálogo ou tela? Um dilema atual na educação dos filhos
Educar requer carinho e diálogo
- Data: 25/07/2024 07:07
- Alterado: 25/07/2024 07:07
- Autor: Redação
- Fonte: Dra. Andréa Ladislau
Crédito:Divulgação
Que a conversa em família foi substituida por telas e eletrônicos, todos sabemos. E quem nunca ouviu pais ou responsáveis dizendo: “No meu tempo, não tinha essa de conversa não. Os meus filhos eram educados com castigos e muitas palmadas”.
Comentários como esse hoje em dia, levantam muita polêmica e geram reflexões em relação ao modo de educar as crianças. Mas afinal, devemos bater nas crianças para educar?
Do ponto de vista da prática terapêutica, esse tipo de atitude pode gerar traumas ou algum outro tipo de transtorno psíquico? Vale a pena refletir sobre o fato e entender melhor essas questões.
Qualquer tipo educação que fuja do diálogo e seja feita à base de palmadas, pode normatizar a agressão e a violência. Bater ou agredir, não importa a alegação, nunca será educar e nem pode ser uma medida corretiva saudável.
Essa atitude apenas serve para gerar e alimentar emoções e sentimentos negativos na criança, além de contribuir para ensina-la maneiras erradas de interação com o outro e com a sociedade de uma forma geral.
Sabemos que, esse hábito está enraizado em nossa sociedade do passado, na qual nossos pais ou nossos avós, disseminavam uma crença limitante de que o educar estava intimamente ligado ao castigo e punição pelos erros.
Um castigo, muitas vezes, precedido por pancadas ou palmadas, para corrigir os erros cometidos. Um tipo de educação, demonstrada em diversos estudos, que favorece o surgimento de inúmeras dificuldades emocionais e sociais nesta criança.
Além de ser crime, agredir só irá fomentar uma violência que gera medo e mais violência. Ao ser agredida, o cérebro da criança identifica sinais de perigo, insegurança e ameaça. O medo é ativado e o coração acelera. As recordações negativas começam a ser registradas e se transformam em angústia e ansiedade e neste momento, todo e qualquer processo de aprendizado é bloqueado.
Portanto, bater passa bem longe do objetivo de se educar. É preciso haver uma consciência clara de que, não é porque o indivíduo foi educado com agressão que ele deverá perpetuar esse tipo de atitude ao educar seu filho. O ciclo precisa ser quebrado.
Educar é enxergar os erros como oportunidades de aprendizagem, não de sofrimento. A agressão não deve ser o caminho que ultrapassa o diálogo, é mais importante educar por via de exemplo, visto que a criança reproduz tudo que ela é exposta.
Ou seja, se mostramos a agressão como forma de lidar com situações de estresse e dor, ela irá reproduzir exatamente esse comportamento e irá entender que violência é o caminho para resolver seus problemas, já que o amor também pode ser expressado através da agressão.
E o mais comum, é que crianças agredidas carreguem para a vida adulta uma tendência de se envolver em relacionamentos abusivos.
Uma coisa é fato: todo ser humano possui o direto de ter sua integridade física e psíquica respeitada e quando se tenta educar com violência, você não está ganhando respeito do seu filho, você só está o deixando com medo, pois as palmadas geram medo, desconfiança e desconexão com os pais, além de causar raiva e baixar a auto estima, favorecendo traumas profundos ligados à dor de ser ferido por quem se ama.
Enfim, a orientação não pode estar na conta das telas ou das redes sócias. Muito menos no castigo físico ou violento.
Educar requer carinho e diálogo. Os impactos negativos de uma palmada no desenvolvimento da criança são comprovados cientificamente e suas consequências psíquicas e emocionais podem ser bastante significativas.
Bater para educar é agressão e de violência o mundo já está cheio. Não se pode espelhar ainda mais agressividade, pois as coisas só mudam através do exemplo e se somos espelhos para nossos filhos, não podemos espelhar a dor através das palmadas.
Reflita sobre isso e provoque a mudança de hábitos comportamentais na educação dos pequenos. Isso fará uma diferença enorme na instalação da harmonia no lar.