Desigualdade racial e de gênero persiste no trabalho

Brancos ganham 67% a mais por hora, mulheres enfrentam disparidade salarial e informalidade atinge negros

  • Data: 04/12/2024 11:12
  • Alterado: 04/12/2024 11:12
  • Autor: Redação
  • Fonte: Agência Brasil
Desigualdade racial e de gênero persiste no trabalho

Crédito:Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Você está em:

Uma análise aprofundada dos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela uma persistente desigualdade racial e de gênero no mercado de trabalho brasileiro. De acordo com a Síntese de Indicadores Sociais, os trabalhadores brancos recebem, em média, 67,7% a mais por hora trabalhada do que seus colegas negros, compreendendo pretos e pardos. Concretamente, enquanto o rendimento médio por hora dos trabalhadores negros é de R$ 13,70, o dos brancos chega a R$ 23, evidenciando uma diferença salarial de 40%.

O levantamento também aponta disparidades salariais significativas quando comparados diferentes níveis educacionais. Em todos os graus de instrução, os brancos ganham mais que os negros. Para aqueles sem instrução ou com ensino fundamental incompleto, a diferença é de 30%. A situação se agrava entre indivíduos com ensino superior completo, onde a disparidade atinge 43,2%, com remunerações de R$ 40,24 para brancos contra R$ 28,11 para negros.

Além das desigualdades raciais, o estudo do IBGE destaca diferenças significativas nos rendimentos médios reais. A média salarial nacional foi calculada em R$ 2.979. Entretanto, o salário médio dos brancos alcançou R$ 3.847, superando em 69,9% o valor médio recebido por negros, que foi de R$ 2.264. Comparativamente aos dados de 2019, houve uma leve redução na desigualdade racial nos rendimentos; entretanto, o nível ainda é considerado “extremamente elevado”, conforme observa Denise Guichard Freire, pesquisadora do IBGE.

A pesquisa também evidencia uma divisão ocupacional racial no mercado de trabalho brasileiro. Trabalhadores negros estão majoritariamente empregados em setores menos remunerados como construção civil e serviços domésticos, enquanto os brancos predominam em áreas com maiores rendimentos como tecnologia da informação e administração pública.

No que diz respeito à desigualdade de gênero, os homens continuam a auferir rendimentos superiores aos das mulheres. Em média, eles ganham R$ 3.271 mensais contra R$ 2.588 recebidos por mulheres, representando uma diferença de 26,4%. No tocante à hora trabalhada em 2023, os homens receberam em média R$ 18,81 – cerca de 12,6% a mais do que as mulheres.

A informalidade laboral também reflete a desigualdade racial: em 2023, cerca de 40,7% da população estava inserida no mercado informal. Desse total, a informalidade afetou 34,3% dos brancos e alarmantes 45,8% dos negros. O trabalhador informal carece de direitos trabalhistas fundamentais como férias remuneradas e contribuição previdenciária.

Além disso, os índices de subutilização da mão de obra indicam que os trabalhadores negros enfrentam maiores desafios no mercado: enquanto a taxa geral foi de 18%, para pretos e pardos chegou a 21,3%, contrastando com os 13,5% registrados entre trabalhadores brancos.

Por fim, a pesquisa aborda questões relativas ao trabalho não remunerado realizado majoritariamente por mulheres no cuidado familiar e doméstico – um fator crucial na perpetuação das disparidades ocupacionais entre gêneros. Este tema tem sido amplamente debatido por ativistas durante eventos internacionais como as reuniões preparatórias do G20 realizadas no Brasil.

Esses dados elucidam uma realidade estruturalmente desigual no mercado de trabalho brasileiro e sublinham a necessidade urgente de políticas públicas eficazes para mitigar essas disparidades profundamente enraizadas na sociedade brasileira.

Compartilhar:

  • Data: 04/12/2024 11:12
  • Alterado:04/12/2024 11:12
  • Autor: Redação
  • Fonte: Agência Brasil









Copyright © 2025 - Portal ABC do ABC - Todos os direitos reservados