Demandas domésticas limitam oportunidades de educação e trabalho para jovens negras no Brasil

Atualmente, estima-se que 4,6 milhões de mulheres negras estejam nessa condição

  • Data: 04/12/2024 10:12
  • Alterado: 04/12/2024 10:12
  • Autor: Redação
  • Fonte: Agência Brasil
Demandas domésticas limitam oportunidades de educação e trabalho para jovens negras no Brasil

Reunião da Marcha de Mulheres Negras, no Festival Latinidades (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Crédito:Marcello Casal Jr./Agência Brasil

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Mulheres negras e pardas, na faixa etária de 15 a 29 anos, constituem atualmente 45,2% dos jovens que não se encontram inseridos no mercado de trabalho nem estão em processo educacional formal. Este dado, divulgado pela recente edição da Síntese de Indicadores Sociais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), representa o maior índice já registrado desde o início da pesquisa, em 2012.

O pico anterior foi observado em 2015, quando as jovens negras somavam 44% deste grupo. Em contraste, o menor índice ocorreu em 2020, com 41,6%. Em 2023, enquanto quase metade das jovens negras estavam fora do trabalho e da escola, as mulheres brancas representavam 18,9% dessa população; homens brancos, 11,3%; e homens negros e pardos, 23,4%. Os demais incluem indivíduos de outras etnias ou sem declaração de cor.

Atualmente, estima-se que 4,6 milhões de mulheres negras estejam nessa condição. Destas, apenas 23,2% são consideradas desocupadas pelo IBGE — isto é, fazem parte da força de trabalho mas não encontram emprego. As restantes 76,8% estão fora da força de trabalho formal e nem sequer conseguem procurar uma ocupação.

Segundo Denise Guichard Freire, pesquisadora do IBGE, essas mulheres muitas vezes se veem obrigadas a permanecer em casa para cuidar de filhos ou parentes devido à ausência de uma rede de apoio efetiva. “São mulheres que não têm a oportunidade de buscar uma colocação no mercado”, destaca.

A metodologia da pesquisa exclui aqueles que frequentam cursos pré-vestibulares ou técnicos de nível médio, focando exclusivamente em jovens fora do sistema educacional tradicional e do mercado formal.

Em termos gerais, o Brasil registrou em 2023 um total de 10,3 milhões de jovens fora do mercado de trabalho e do sistema educacional — correspondente a 21,2% da população entre 15 e 29 anos. Este é o menor percentual desde o início do levantamento. O auge foi em 2020 com uma taxa de 26,7%, devido à pandemia de Covid-19.

Comparado ao ano anterior, houve uma redução significativa de 5,8%, resultando em menos 633 mil pessoas nessa situação. Denise Freire atribui essa queda tanto a fatores demográficos quanto à recuperação econômica. “Há menos jovens na população brasileira e a melhora nas condições do mercado de trabalho contribui para essa diminuição”, explica.

Ao segmentar os dados por cor e gênero, observou-se uma diminuição na participação das jovens brancas em 11,4%, dos jovens brancos em 6,5%, dos jovens negros em 9,3%, enquanto as jovens negras apresentaram a menor redução, com apenas 1,6%.

Freire enfatiza a necessidade urgente de políticas públicas voltadas para as jovens pretas e pardas. “É essencial direcionar esforços para este grupo que enfrenta maiores dificuldades para ingressar no mercado ou retornar aos estudos”, conclui a pesquisadora.

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  • Data: 04/12/2024 10:12
  • Alterado:04/12/2024 10:12
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  • Fonte: Agência Brasil









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