Crise no óleo e gás abate mais uma

Crise brasileira não dá trégua e leva Protubo a suspender atividades. IBGE contabiliza 1,131 milhão de dispensas de novembro de 2015 a janeiro deste ano na indústria

  • Data: 29/03/2016 13:03
  • Alterado: 29/03/2016 13:03
  • Autor: Redação
  • Fonte: Petronotícias
Crise no óleo e gás abate mais uma

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A grave situação do Brasil vai além da paralisação e faz a indústria nacional se encolher ainda mais a cada dia, com a perda de empregos, investimentos e conhecimentos importantes para o avanço do País. A empresa Primus Processamento de Tubos S/A – Protubo é mais uma que entra na lista de perdas nacionais, com a paralisação das atividades prevista para ocorrer a partir de abril, depois de sofrer com o impacto da crise econômica e política que engessou todo o setor de óleo e gás brasileiro. O cenário nacional ganha contornos cada vez mais difíceis, já contabilizando um número recorde de demissões de novembro de 2015 a janeiro deste ano na indústria, num total de 1,131 milhão de dispensas segundo o IBGE. A suspensão das operações da Protubo se junta a realidades ainda mais graves para milhares de fábricas pelo País, que teve 4,4 mil unidades fabris fechadas só no estado de São Paulo no ano passado.

No caso da Protubo, trata-se de uma empresa instalada no Rio de Janeiro, com mais de 40 anos de tradição no Brasil, reconhecida como uma referência em soluções integradas para projetos de tubulações industriais na América Latina. É ainda uma das poucas empresas da indústria pesada de base do Rio que investia em tecnologia de ponta, com capacidade de curvar a quente tubos de até 38 polegadas, além de se destacar como fornecedora de curvas especiais e conexões em aço produzidas por meio de indução de alta frequência.

A Protubo, hoje com 32 funcionários, ainda não estuda pedir recuperação judicial, nem avalia outras medidas similares, mas decidiu paralisar a atividade operacional, mantendo apenas o trabalho administrativo, até que o cenário nacional demonstre sinais de alguma retomada, com a perspectiva de novos contratos no horizonte. No auge da atividade recente do setor, a empresa chegou a ter quase 200 funcionários, entre os anos de 2009 e 2012, mantendo uma média de 150 empregados antes de a crise ganhar mais corpo.

Fundada em 1975, a Protubo surgiu a partir da associação de dois grupos japoneses, a Ishikawajima Heavy Industries, atual IHI Corporation, e a Dai-Ichi High Frequency Company, especializada no curvamento de tubos e no revestimento com resina de polietileno.

Em março de 2015, a companhia foi adquirida pela empresa Solina Global, que faz parte do grupo Teak Capital Corporation e pretendia ampliar sua participação no mercado brasileiro. No entanto, do segundo semestre do ano passado para cá a crise nacional não deu trégua e o faturamento da Protubo foi fortemente afetado.

É mais um duro golpe na industrialização brasileira, levando-se em conta que a Protubo foi a primeira empresa da América do Sul a usar o aquecimento por indução de corrente elétrica para o curvamento de tubos. O processo tem sido aplicado na construção de navios, plantas petroquímicas, gasodutos, oleodutos, minerodutos, tubulações especiais para plataformas e equipamentos offshore, entre outras instalações. Além disso, as aplicações do processo incluem diversos tipos de materiais, como aço carbono, aço liga, aço inoxidável, duplex, superduplex, clad pipes, titânio, alumínio, tubos API, entre outros.

A suspensão das operações da companhia, ainda que temporária, dá o sinal do que vive o mercado de petróleo e gás brasileiro hoje, sem perspectivas de retomada no curto prazo, com muitas empresas se estruturando para atender quase que exclusivamente o mercado externo, enquanto a Petrobrás não consegue se reerguer e impulsionar novamente a indústria nacional de bens e serviços. Até lá, em compasso de espera também – e principalmente – em relação à profunda crise política, trabalhadores e empresários vão perdendo investimentos, empregos e oportunidades pelo caminho. A espera não tem data para o fim, mas o que todos mais querem é que deixe de ser espera, e se torne novamente esperança.

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  • Data: 29/03/2016 01:03
  • Alterado:29/03/2016 13:03
  • Autor: Redação
  • Fonte: Petronotícias









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