Crianças e redes sociais: Riscos da exposição digital

47% não controlam seguidores nas redes sociais, gerando ansiedade e preocupações para pais em todo o Brasil

  • Data: 28/01/2025 11:01
  • Alterado: 28/01/2025 11:01
  • Autor: Redação
  • Fonte: Agência Brasil
Crianças e redes sociais: Riscos da exposição digital

Celular

Crédito:Rovena Rosa/Agência Brasil

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Aos 12 anos, uma jovem moradora de São Paulo se vê imersa nas interações que chegam pelo seu smartphone. Para ela, a felicidade reside em cada vibração do celular, seja por novas mensagens ou seguidores. Com um perfil aberto em redes sociais como Instagram e Snapchat, a garota permite que qualquer pessoa visualize suas postagens, o que causa apreensão em sua mãe, a publicitária Suzana Oliveira, de 41 anos.

Um estudo realizado pela empresa Unico, especialista em identidade digital, em parceria com o Instituto de Pesquisas Locomotiva, revelou dados alarmantes sobre a segurança digital de crianças e adolescentes. Publicada no Dia Internacional da Proteção de Dados, a pesquisa constatou que aproximadamente uma em cada três contas de jovens entre 7 e 17 anos no Brasil é totalmente aberta.

A investigação foi conduzida com 2.006 responsáveis por menores em todo o território nacional entre os dias 9 e 24 de outubro de 2024, apresentando uma margem de erro de 2,2 pontos percentuais. Os resultados evidenciam que 47% dos jovens não controlam quem os segue nas redes sociais, interagindo frequentemente com estranhos — uma realidade que tem causado noites sem sono para Suzana.

Ela recorreu a aplicativos para monitorar as atividades da filha e limitou seu tempo de uso do celular. No entanto, essa vigilância tem gerado conflitos familiares e estresse. Suzana expressa sua preocupação: “O uso excessivo do celular resultou em crises de ansiedade, choro e irritabilidade. Mesmo com a prática regular de esportes, as redes sociais têm afetado negativamente a saúde mental dela”.

Diana Troper, diretora de proteção de dados da Unico, alerta sobre o impacto da exposição digital: “Informações acessíveis ao público sobre indivíduos vulneráveis podem ser utilizadas para práticas criminosas e fraudes”. A pesquisa ainda revela que 89% dos pais acreditam estar aptos a proteger os dados dos filhos; no entanto, 73% desconhecem ações que podem resultar em vazamentos.

O estudo mostra que 75% das crianças brasileiras têm perfis em redes sociais. Além disso, 61% dos jovens expõem suas vidas online ao compartilhar fotos pessoais e marcar localizações. Um dado preocupante é que 40% dos entrevistados postam imagens de locais que frequentam e 33% fazem publicações usando uniformes escolares ou mencionando suas instituições.

A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) estabelece diretrizes rigorosas para a coleta de informações pessoais online. Troper reforça que conteúdos compartilhados publicamente podem criar um mapa de vulnerabilidades explorável por golpistas e indivíduos mal-intencionados.

Apesar da maioria dos pais reconhecer a necessidade de educar seus filhos sobre proteção de dados — 86% concordam com essa afirmação —, muitos ainda estão alheios aos riscos envolvidos no uso indevido das redes sociais.

Os riscos identificados pelos pesquisadores incluem abrir links suspeitos ou anexos desconhecidos, usar dispositivos públicos sem proteção adequada e compartilhar senhas entre diferentes contas. Troper enfatiza a importância da educação digital: “Conscientização é essencial para proteger as futuras gerações na internet“, recomendando que os perfis sejam mantidos privados para evitar riscos desnecessários.

No Distrito Federal, Keila Santana, mãe de Pedro (13), optou por um controle mais rígido. Ele pode usar as redes sociais apenas por duas horas diárias e somente para interagir com amigos. A atenção também se estende à irmã caçula, Clara (10), cujo uso do celular é supervisionado. Keila admite que acompanhar os filhos nesse ambiente digital representa um grande desafio.

A preocupação com o conteúdo consumido pelas crianças é um tema recorrente entre os pais. Luciana Alencar, também brasiliense e mãe de dois meninos, expressa sua inquietação em relação às mensagens prejudiciais presentes nas redes sociais. Ela teme que seus filhos absorvam e reproduzam discursos preconceituosos encontrados online.

Luciana enfatiza: “É difícil combater problemas quando não se tem clareza sobre as ameaças enfrentadas”, destacando sua determinação em educar seus filhos para evitar comportamentos nocivos.

Ian, o filho mais velho de Luciana, garante à mãe que pretende reduzir o tempo gasto nas redes sociais em favor de atividades ao ar livre e interação social presencial.

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  • Data: 28/01/2025 11:01
  • Alterado:28/01/2025 11:01
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  • Fonte: Agência Brasil









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