Crescimento do PIB da China em 2024: Resultados e Desafios
Crescimento do PIB da China atinge 5% em 2024, superando expectativas; desafios econômicos e incertezas no horizonte preocupam especialistas.
- Data: 17/01/2025 00:01
- Alterado: 17/01/2025 00:01
- Autor: redação
- Fonte: Folhapress
Na manhã desta sexta-feira (17), horário local, o Escritório Nacional de Estatísticas da China revelou que o Produto Interno Bruto (PIB) do país registrou um crescimento de 5% em 2024. Essa marca se alinha com a meta estipulada no início do ano anterior, que previa um aumento “em torno de 5%”.
O órgão atribuiu esse resultado ao “pacote de políticas de apoio” implementado no final do ano passado, que impulsionou o crescimento no último trimestre para 5,4%. Dados adicionais divulgados revelaram que a indústria cresceu 6,2% e as vendas no varejo aumentaram 3,7% em dezembro, superando as expectativas do mercado.
Kang Yi, diretor do Escritório Nacional de Estatísticas, destacou que, apesar dos avanços, existem desafios significativos. Ele alertou para os efeitos negativos decorrentes de um ambiente externo em deterioração e um consumo interno ainda insuficiente.
O presidente Xi Jinping já havia antecipado os números do PIB em uma declaração feita na véspera do Ano Novo durante uma conferência consultiva política. Na ocasião, ele afirmou: “Diante dos desafios impostos pela dinâmica em evolução tanto interna quanto externa, adotamos uma série de medidas para alcançar nossas metas de desenvolvimento econômico e social e avançar na modernização chinesa”.
Em um pronunciamento posterior na televisão, Xi também fez referência aos desafios esperados para 2025, mencionando a possibilidade de incertezas externas. Ele declarou: “Continuaremos a crescer enfrentando adversidades”.
De acordo com projeções de órgãos de planejamento chinês, o país necessita manter um crescimento anual mínimo de 4,7% até 2035 para cumprir seus objetivos de desenvolvimento qualificado.
A série de estímulos econômicos começou em setembro passado, após sinais preocupantes sobre a possibilidade de não se atingir as metas de crescimento no terceiro trimestre. O Banco do Povo da China adotou cortes nas taxas de juros e no compulsório como parte das medidas.
Outras iniciativas incluíram a flexibilização das restrições à compra de imóveis nas grandes cidades e incentivos ao setor imobiliário. Um dos movimentos mais significativos foi a aprovação por parte do Congresso Nacional do Povo de um programa para refinanciar dívidas locais que totaliza 10 trilhões de yuans (aproximadamente R$ 8 trilhões).
A definição da meta de crescimento para 2025 será anunciada em março durante as reuniões legislativas conhecidas como “Duas Sessões”. Entretanto, algumas províncias já divulgaram suas metas locais, indicando tendências para o crescimento nacional. Por exemplo, Guandong e cidades como Pequim e Xangai preveem um crescimento próximo a 5%, enquanto Fujian estima entre 5% e 5,5%. As províncias de Zhejiang e Hunan estimam cerca de 5,5%.
Os líderes provinciais expressaram preocupações sobre possíveis aumentos nas tarifas dos EUA e restrições comerciais com a Europa. Em resposta a essas incertezas, o governador da província de Guandong anunciou esforços para diversificar mercados com foco na ASEAN (Associação das Nações do Sudeste Asiático), Oriente Médio, América Latina e outras regiões.
No entanto, questões relativas à veracidade das estatísticas econômicas da China geraram controvérsias. Gao Shanwen da SDIC Securities levantou dúvidas sobre o real número do crescimento econômico recente, sugerindo que este poderia ser significativamente menor do que os anunciados. De acordo com reportagens do The Wall Street Journal, ele teria sido advertido pelas autoridades chinesas por suas declarações.
Além disso, Louis-Vincent Gave da Gavekal Research abordou o preconceito cultural e político que pode influenciar a percepção ocidental sobre os números positivos da economia chinesa em setores emergentes como veículos elétricos e energias renováveis.