Cresce número de pessoas vivendo sozinhas no Brasil, revela pesquisa

Por outro lado, os lares ocupados por famílias tradicionais têm enfrentado um declínio

  • Data: 20/12/2024 10:12
  • Alterado: 20/12/2024 10:12
  • Autor: Redação
  • Fonte: Agência Brasil
Cresce número de pessoas vivendo sozinhas no Brasil, revela pesquisa

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Crédito:Marcello Casal Jr - Agência Brasil

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A recente edição da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, publicada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelou uma tendência crescente no número de pessoas vivendo sozinhas em todo o Brasil. Os dados, divulgados na última sexta-feira (20), mostram que a proporção de lares unipessoais saltou de 12,2% em 2012 para 18% em 2023, indicando que quase um em cada cinco lares no país é composto por apenas uma pessoa.

Por outro lado, os lares ocupados por famílias tradicionais têm enfrentado um declínio. Apesar dessa diminuição, a estrutura familiar predominante ainda é a nuclear, que abrange casais com ou sem filhos. Esse tipo de arranjo domiciliar representava 68,3% em 2012 e agora corresponde a 65,9% do total de domicílios no Brasil. Além disso, as famílias monoparentais, formadas por mães ou pais com seus filhos, também se enquadram nesse grupo.

As chamadas famílias estendidas, que incluem pelo menos um parente além do núcleo familiar direto, também apresentaram uma queda significativa, passando de 17,9% em 2012 para 14,8% em 2023. Já os lares compostos por pessoas sem relação de parentesco diminuíram levemente de 1,6% para 1,3% durante o mesmo período.

O economista Wiliam Araujo Kratochwill, analista da Pnad, aponta que o crescimento dos domicílios unipessoais reflete uma mudança nas dinâmicas sociais. “Estamos observando uma nova configuração onde indivíduos estão saindo da casa dos pais ou se estabelecendo sozinhos após divórcios”, explica Kratochwill.

Regionalmente, as regiões Sudeste e Centro-Oeste destacam-se com as maiores porcentagens de domicílios unipessoais, ambas com 18,9%. Em contrapartida, a Região Norte apresenta a menor proporção, com apenas 13,9%. No que tange às famílias estendidas, o Norte e Nordeste possuem as maiores taxas, com 21,4% e 16,6%, respectivamente.

No perfil demográfico das pessoas que moram sozinhas, observa-se uma predominância masculina: em 2023, homens representavam 54,9% desse arranjo. As diferenças regionais são notáveis; enquanto no Sul a presença feminina alcança quase metade dos lares unipessoais (48,2%), no Norte essa porcentagem cai para 35,5%. Em termos de faixa etária, 12,1% dos que vivem sozinhos têm entre 15 e 29 anos; 47% estão na faixa de 30 a 59 anos; e 40,9% têm 60 anos ou mais.

Kratochwill sugere que os dados sobre homens vivendo sozinhos podem estar relacionados a divórcios recentes. Por outro lado, as mulheres nessa situação frequentemente são viúvas ou mães que viram seus filhos se estabelecerem em suas próprias famílias.

A pesquisa também revela mudanças na condição habitacional ao longo dos anos. Em 2023 havia aproximadamente 77,7 milhões de domicílios no Brasil; destes, a maioria (84,6%) eram casas. A análise dos dados indica uma redução contínua na proporção de domicílios próprios já pagos — que caiu de 66,7% para 62,3% — e um aumento nos aluguéis, que passaram de 18,5% para 22,4% entre 2016 e 2023.

Kratochwill ressalta que este aumento nos aluguéis sinaliza uma fragilidade na capacidade da população em adquirir imóveis próprios. “Esse fenômeno pode ser um reflexo da falta de planejamento público voltado à facilitação do acesso à compra da casa própria”, conclui o economista.

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  • Data: 20/12/2024 10:12
  • Alterado:20/12/2024 10:12
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  • Fonte: Agência Brasil









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