COP29: Início das negociações climáticas promete mudanças na agenda ambiental
Países debatem financiamento trilionário para um planeta em crise climática enquanto emissões de CO₂ batem recordes
- Data: 13/11/2024 14:11
- Alterado: 13/11/2024 14:11
- Autor: Redação
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Crédito:Divulgação/Freepik
A 29ª Conferência das Partes (COP29) da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que reúne cerca de 200 nações em Baku, Azerbaijão, está avançando para uma fase crucial: a discussão sobre o financiamento necessário para enfrentar a crise climática. Neste contexto, um novo relatório científico alarmante destaca o acelerado aquecimento global.
O encontro tem como principal meta a formulação de um acordo robusto que defina aportes financeiros significativos para o combate às alterações climáticas nos anos vindouros. Estabelecer montantes específicos, identificar os responsáveis pelo financiamento e determinar as condições associadas são os focos centrais dessas negociações.
Um documento preliminar foi submetido aos negociadores nesta quarta-feira, contendo 34 páginas e ampliando consideravelmente a versão anterior, que não havia encontrado consenso. O objetivo primordial da COP29 é intensificar o apoio financeiro dos países desenvolvidos às nações mais vulneráveis aos efeitos climáticos adversos.
Financiamento Global
Atualmente, o financiamento global anual é pouco superior a US$ 100 bilhões (aproximadamente R$ 575 bilhões), enquanto as necessidades estimadas estão próximas de US$ 1 trilhão (cerca de R$ 5,75 trilhões). As novas propostas delineadas no texto sugerem um mínimo de US$ 1 trilhão anuais, embora com variações significativas nos detalhes.
Entre as sugestões está a apresentada pelo Ailac, bloco regional latino-americano que inclui uma cota específica de assistência para suas nações membros. Outra proposta visa destinar ao menos US$ 220 bilhões para países menos desenvolvidos, principalmente africanos. As decisões finais devem ser consensuais e a conferência se encerra em 22 de novembro.
Fernanda Carvalho, especialista da WWF em negociações climáticas, criticou o rascunho ampliado, ressaltando a necessidade de um financiamento público robusto e transparente, com metas claras para mitigação, adaptação e compensação por danos climáticos.
Enquanto isso, David Waskow, do WRI, antecipa debates intensos entre os ministros nas próximas semanas. Dickon Mitchell, primeiro-ministro de Granada, frisou que os países não estão “mendigando” por assistência.
Em paralelo às negociações políticas, cientistas alertam sobre o estado crítico do planeta. O Global Carbon Project divulgou dados indicando que as emissões globais de CO₂ atingirão um novo recorde neste ano devido ao uso contínuo de carvão, petróleo e gás. Os pesquisadores destacam a urgência de alcançar zero emissões líquidas até o final da década de 2030 para limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais.
Pierre Friedlingstein, professor da Universidade de Exeter no Reino Unido, observa que ainda não há sinais claros de declínio no uso de combustíveis fósseis. Por outro lado, Ilham Aliyev, presidente do Azerbaijão e anfitrião do evento, classificou petróleo e gás como “dádivas divinas” durante a abertura do encontro.
Assim, a COP29 se desenrola sob uma atmosfera carregada de expectativas quanto à responsabilidade compartilhada na luta contra as mudanças climáticas e à urgência em traduzir compromissos financeiros em ações concretas e eficazes.