Conheça os novos movimentos da sociedade civil a favor da democracia
Falas recentes de Bolsonaro e aliados, pregando uma "ruptura" institucional, fazem surgir manifestos, abaixo-assinados e grupos organizados por representantes da direita e esquerda
- Data: 01/06/2020 16:06
- Alterado: 01/06/2020 16:06
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
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Um deles,o ‘Estamos Juntos’ já tem mais de 215 mil apoiadores
Neste domingo, 31, a Avenida Paulista foi palco de um protesto do grupo Somos Democracia, com participação de torcedores de vários times paulistas. Ao mesmo tempo, a internet conheceu dois novos movimentos que já tiverem a adesão de mais de 200 mil pessoas em menos de dois dias.
Apesar de compostos por diferentes segmentos da população, esses grupos defendem a mesma bandeira: respeito à Constituição, harmonia entre os Poderes e obediência às decisões judiciais. O Estamos Juntos já obteve a assinatura de mais de 215 mil pessoas até o início da tarde desta segunda, 1º de junho, dois dias após seu lançamento. Já a hashtag “Somos 70 por cento”, em alusão às pessoas que se declaram apoiadoras ao governos em pesquisas de popularidade, tomou conta das redes no fim de semana, sendo compartilhada até pela apresentadora Xuxa Meneguel.
Conheça os principais deles:
Estamos Juntos
No sábado, 30, foi lançado o movimento Estamos Juntos. O grupo se apresenta como “uma reunião de cidadãs, cidadãos, empresas, organizações e instituições brasileiras que fazem parte da maioria que defende a vida, a liberdade e a democracia. Esquerda, centro e direita unidos para defender a lei, a ordem, a política, a ética, as famílias, o voto, a ciência, a verdade, o respeito e a valorização da diversidade, a liberdade de imprensa, a importância da arte, a preservação do meio ambiente e a responsabilidade na economia”. O grupo reúne figuras públicas de diversos campos políticos como Miguel Reale Júnior, Luciano Huck, Fernando Henrique Cardoso, Caetano Veloso e Fernanda Montenegro. Por meio da página https://movimentoestamosjuntos.org/#MANIFESTO, é possível assinar o manifesto, já apoiado por mais de 215 mil pessoas até o início da tarde desta segunda.
#Somos 70 PorCento
Idealizado pelo economista Eduardo Moreira, o movimento faz referência ao resultado de uma pesquisa divulgada pela DataFolha na semana passada e que aponta que 70% dos brasileiros consideram o governo Bolsonaro ruim, péssimo ou regular. No fim de semana, a hashtag #Somos70PorCento chegou a ocupar o terceiro lugar entre os assuntos mais comentados do Twitter.
Somos Democracia
O movimento Somos Democracia nasceu de forma autônoma dentro da torcida do Corinthians. De acordo com um dos líderes, Danilo Pássaro, a ideia inicial era agregar defensores da democracia que veem em Bolsonaro uma escalada autoritária no País. A manifestação, ainda segundo Pássaro, teve como objetivo fortalecer esse movimento de contraposição ao presidente. Além da atuação política em defesa da democracia, Pássaro diz que o grupo também se reúne para fazer ações sociais durante a pandemia, como a entrega de cestas básicas e marmitas para a população mais vulnerável durante a pandemia do novo coronavírus.
“O que se está dado no Brasil é uma guerra de narrativas. Já que Bolsonaro não garante nenhuma política séria de proteção social e nem de retomada da economia, faz as pessoas furarem a quarentena por meio do sufocamento financeiro, para depois colocar todo o problema econômico que vai suceder a pandemia na conta dos governadores, o que pode tender para a saída autoritária que ele sempre vislumbrou. Ele sempre foi claro que tinha uma sanha por uma ditadura que ele encabeçaria”, disse.
Basta!
Juristas e advogados lançaram neste domingo, 31, um manifesto intitulado Basta!, com posicionamento contra os ataque de Bolsonaro às instituições democráticas e acusando o presidente de cometer crimes de responsabilidade. Assinam o manifesto juristas como Celso Antônio Bandeira de Mello, Dalmo Dallari e José Afonso da Silva, além do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, e o diretor da faculdade de Direito da USP, Floriano de Azevedo Marques.
“O presidente da República faz de sua rotina um recorrente ataque aos Poderes da República, afronta-os sistematicamente. Agride de todas as formas os Poderes constitucionais das unidades da Federação, empenhados todos em salvar vidas. Descumpre leis e decisões judiciais diuturnamente porque, afinal, se intitula a própria Constituição”, diz o artigo.
Pierpaolo Bottini, um dos signatários, explica que a ideia surgiu de um grupo de pessoas incomodadas com as constantes ameaças de ruptura com a ordem democrática. “Vivemos uma sensação permanente de risco ao Estado de Direito. O que se quer e a preservação da democracia. O importante é registrar que a comunidade jurídica jamais apoiará qualquer ruptura com a ordem democrática”, disse. Segundo ele, outras ações estão em desenvolvimento. Até ontem, 25 mil pessoas haviam apoiado a ação por meio de um abaixo-assinado.
Direitos Já!
O movimento Direitos Já! foi fundado em setembro de 2019 como uma frente de resistência ao governo Bolsonaro. O movimento se identifica como um fórum pela Democracia e reúne nomes da esquerda à direita no espectro político. Neste momento, o grupo programou um encontro virtual para o próximo sábado, 6, do qual participarão nomes como Rodrigo Maia (DEM-RJ), Camilo Santana (PT-CE), Nelson Jobim (ex-presidente do STF) e Flávio Dino (PCdoB-MA). O grupo é articulado pelo sociólogo Fernando Guimarães.