Conferência na China com Barroso e Dilma defende maior participação de emergentes na IA
A conferência soltou uma Declaração sobre Governança Global de IA, na mesma direção.
- Data: 07/07/2024 13:07
- Alterado: 07/07/2024 13:07
- Autor: Redação
- Fonte: FolhaPress/Nelson de Sá
Crédito:Flickr/STF
O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, defendeu na Conferência Mundial de Inteligência Artificial, encerrada neste fim de semana em Xangai, que IA é um “bem comum da humanidade” e sua evolução precisa incluir os países em desenvolvimento, por enquanto mantidos à margem.
Li falou para dezenas de convidados, entre eles o presidente do Supremo, Luís Roberto Barroso, e a ex-presidente da República Dilma Rousseff, hoje na chefia do Novo Banco de Desenvolvimento, do grupo Brics, ambos colocados na primeira fileira pela organização chinesa.
A conferência soltou uma Declaração sobre Governança Global de IA, na mesma direção. Entre outros pontos, faz um “apelo ao aumento da representação e voz dos países em desenvolvimento” no esforço de “estabelecer um mecanismo de governança de IA de âmbito mundial”.
Foram três dias de apresentações de executivos e acadêmicos, além de uma exposição paralela de produtos. Sassine Ghazi, CEO da americana Synopsys, e Xue Lan, da Universidade Tsinghua, de Pequim, abordaram a necessidade de uma governança de alcance mais amplo.
“Trabalhar juntos globalmente”, segundo Ghazi, é a melhor forma de equilibrar o ritmo da inovação em IA com o imperativo de uma evolução responsável. Xue defendeu fortalecer a capacitação dos países em desenvolvimento para IA, citando o compartilhamento de aplicações.
A presença brasileira somou cerca de 50 pessoas, sobretudo de empresas, mas também acadêmicos. Romildo Toledo, diretor do parque tecnológico da UFRJ, onde é professor titular de engenharia, foi um dos que falaram ao longo dos três dias da conferência.
Ele concorda com o alerta para os países em desenvolvimento e acrescenta que o Brasil “tem feito progresso, mas precisa de uma infraestrutura mais robusta para a IA crescer, precisa de internet de alta velocidade, data centers, poder de computação”.
Diz que é um problema também de outros latino-americanos mais avançados em IA, como México e Colômbia. “O potencial brasileiro é bem estabelecido, temos instituições como o Coppe da UFRJ, o LNCC [Laboratório Nacional de Computação Científica], a USP, Unicamp”, diz. “Precisa avançar na infraestrutura.”
Isabella Guedes, do Instituto de Inteligência Artificial do LNCC, fez uma palestra de repercussão sobre a experiência brasileira com IA para desenvolver fármacos, sua área, e também sobre um programa para mulheres em STEM (sigla em inglês para ciência, tecnologia, engenharia e matemática).
Questionada sobre os três dias, comentou: “Estou tão impactada. É impressionante o avanço de coisas que foram faladas e mostradas, em todas as áreas, mobilidade urbana, previsão do clima. É um futuro que a gente conseguiu enxergar ali. Coisas que já estão acontecendo”.
Assim como Li, Barroso e Dilma, muitos dos participantes da conferência também visitaram a exposição paralela, com destaque para os robôs humanoides lançados mundialmente em Xangai por empresas chinesas e pela americana Tesla, além dos novos modelos chineses de IA generativa.
A concorrência com os Estados Unidos apareceu mais abertamente nas palestras de executivos chineses de IA generativa, como Robin Li, CEO do Baidu, e Zhang Ping’an, CEO da Huawei Cloud. Executivos americanos, como Stephen Schwarzman, CEO da Blackstone, evitaram confronto.
Li criticou abertamente sua concorrente OpenAI, questionando onde está sendo usado o ChatGPT e em benefício de quem. Zhang afirmou que IA independe dos chips da americana Nvidia, argumentando que o poder de computação pode ser libertado dos aparelhos –como smartphones, que exigem chips– para a nuvem.