Como se preparar emocionalmente durante a gestação?
Especialista fala sobre as principais pressões sociais que uma gestante sofre e como lidar com elas
- Data: 03/06/2023 12:06
- Alterado: 03/06/2023 12:06
- Autor: Redação
- Fonte: Assessoria
Young Asian Pregnant woman holding her belly talking with her child. Mom feeling happy smiling positive and peaceful while take care baby, pregnancy near window in living room at home concept.
Crédito:Divulgação/Freepick
Planejada ou não, uma gestação traz mudanças profundas para a vida dos cuidadores, indo da rotina prática a transformações internas intensas. Além disso, a gravidez em si representa uma série de mudanças físicas e hormonais que fazem com que a futura mãe passe por uma montanha-russa de surpresas e emoções.
Nesse trajeto, mais do que organizar o enxoval ou arrumar o quartinho do bebê, é preciso olhar atenciosamente as necessidades básicas dessa gestante, que agora entrega toda sua energia para gerar um novo ser. “Todo esse processo é um verdadeiro teste de resistência para a mãe, mas também uma oportunidade de fortalecimento e amadurecimento”, comenta a Psicanalista Clínica e Educadora Parental Nathalia de Paula.
Ela ressalta que a maternidade é um trabalho em tempo integral, que exige dedicação e entrega constantes. A mãe precisa estar disponível para o bebê 24 horas por dia, sete dias por semana, sem férias ou folgas, trabalho que pode ser solitário e cansativo. “No entanto, é importante ressaltar que a maternidade não é uma tarefa exclusivamente feminina. O pai também pode e deve participar ativamente dos cuidados com o bebê, dividindo as tarefas e oferecendo suporte emocional à mãe. A criação de vínculos afetivos com o filho é uma responsabilidade que deve ser compartilhada entre os pais, para que a criança cresça em um ambiente saudável e amoroso”, completa.
Essa preparação deve estar presente desde o início da gestação, com a presença ativa do parceiro no pré-natal, decisões a respeito do tipo de parto, cuidados relacionados a possíveis riscos da gravidez, entre tantos outros elementos que fazem parte desse momento. É importante ainda apoiar essa mãe no que diz respeito a pressões sociais impostas de maneiras diferentes. A forma como a criança vem ao mundo (parto normal, natural, cesariana), por exemplo, não define quem essa mulher é enquanto cuidadora.
O casal precisa estar alinhado emocionalmente e entender que passarão juntos por essa experencia e precisarão se apoiar mutuamente , que o amor não se transfere da relação para o bebê, mas sim se origina dela para um novo ser. Ouvir atentamente as necessidade de cada um e se abrir emocionalmente com o parceiro sem medo de julgamentos aumenta os laços entre o casal e faz com que as tarefas fiquem mais leves para ambos. Gosto de ressaltar que o bom humor é uma fórmula maravilhosa para lidar com os desafios desconhecidos do universo do bebê.
Outro aspecto que pode ser estudado em conjunto é a amamentação que, às vezes, é muito simples para algumas e muito desafiadora para outras. Entender o que envolve tudo isso, contar com apoio de profissionais de saúde para tirar dúvidas e estarem prontos para desempenhar os papéis que cabem a cada um dos cuidadores é crucial nesse preparo, alinhando expectativas com as variações da realidade para amenizar sofrimentos durante a amamentação para a mãe e para o bebê.
“É importante que a mãe não se sujeite a fazer coisas que não estão dentro de suas preferências ou limites. Por exemplo, se ela não se sente confortável com a ideia de deixar o bebê dormir em um quarto diferente, ela deve impor essa regra e deixar claro para os outros. É crucial que as pessoas que oferecem ajuda respeitem as decisões dos pais, pois a mãe sabe o que é melhor para o seu bebê e para si mesma”, destaca a especialista.
Existem ainda outros pontos com os quais as mulheres mais sofrem durante esse período de espera pela chegada do bebê:
Expectativas irreais de ser uma mãe perfeita: A sociedade muitas vezes cobra que as mães sejam perfeitas em todas as áreas, desde a amamentação até o cuidado do bebê, o que pode ser esmagador para elas, que estão tentando lidar com a transição para a maternidade.
Pressões para “recuperar” rapidamente o corpo após o parto: As mulheres são frequentemente pressionadas a voltar à forma após o parto, o que pode ser difícil, especialmente quando estão tentando cuidar de um recém-nascido.
Julgamentos sobre escolhas de alimentação: São frequentemente julgadas por suas escolhas de alimentação para seus bebês, seja amamentando ou optando por fórmulas.
Pressões para voltar ao trabalho: Muitas mulheres sentem pressão para voltar ao trabalho logo após o nascimento do bebê, o que pode ser difícil, especialmente se elas desejam ficar em casa com ele por um período mais longo.
Julgamentos por suas escolhas de criação dos filhos: As mães podem ser julgadas por escolhas como a maneira que eles dormem, quando devem ser desmamados e outras decisões importantes.
“A natureza nos dá nove meses para nos prepararmos para receber um bebê tão dependente. Muitas mães passam esse tempo comprando o enxoval, mas é importante também ler e se informar sobre as necessidades do recém-nascido. Além de comprar, leia livros, converse com outras mães e conheça a verdadeira jornada, sem romanizações”, conclui.
Sobre Nathalia de Paula
Nathalia de Paula é psicanalista clínica e educadora parental especializada em terapia emocional de famílias e terapia integrativa do sono infantil. Além disso, ela é co-fundadora e gestora do Lumina Instituto Educacional desde 2017, uma escola de ensino regular com educação infantil e fundamental.
Para mais informações, acesse: @nathaliadepaula.parental @nasuapsique