Celebração de 50 Anos da Black Music no Brasil
Evento "Eu Amo Black Music" destaca legado cultural e resistência no Teatro Rival Petrobras, RJ
- Data: 08/11/2024 09:11
- Alterado: 08/11/2024 09:11
- Autor: Redação/AI
- Fonte: G1
Crédito: Dj Corello/Arquivo Pessoal
A Black Music, uma expressão cultural de profunda influência e impacto social, celebra seus 50 anos no Brasil com a realização do evento “Eu Amo Black Music”, liderado por Asfilófio de Oliveira Filho, conhecido como Dom Filó, e Marco Aurélio Ferreira, o DJ Corello. O evento, promovido pelo Teatro Rival Petrobras em parceria com a Cultne TV, acontece no Centro do Rio de Janeiro nesta sexta-feira (8).
A comemoração remonta a 1974, ano em que Dom Filó organizou o primeiro baile “Noite do Shaft” no Renascença Clube, simbolizando a chegada da black music ao Brasil. A festa recebeu esse nome em homenagem a John Shaft, personagem icônico dos filmes dos anos 70 interpretado por Richard Roundtree, que representava um herói negro em meio a uma programação televisiva predominantemente branca.
O surgimento da black music está enraizado na resistência cultural e emocional das comunidades negras escravizadas nos Estados Unidos, que utilizavam o canto como forma de suportar as adversidades. Esse gênero deu origem a ritmos como o soul, o rhythm and blues e o jazz. No Brasil, a música negra encontrou ressonância especialmente nas escolas de samba e nas religiões de matriz africana, locais frequentados por Dom Filó desde jovem.
Ao longo dos anos, as rádios brasileiras tornaram-se canais de introdução para a música negra americana, culminando na criação de movimentos culturais significativos. Um exemplo é o Movimento Black Rio, que emergiu nos subúrbios do Rio de Janeiro durante os anos 70, adaptando estilos americanos ao contexto local e contribuindo para a afirmação da identidade negra em tempos de ditadura militar.
O Movimento Charme, iniciado nos anos 80 pelo DJ Corello, também desempenhou um papel crucial ao diversificar o cenário musical dos bailes de black music com a inclusão do rhythm and blues. Este movimento inovador conquistou uma nova geração e permanece em evolução constante.
Para Denise Barata, professora da UERJ, toda música no Brasil carrega traços da cultura negra devido à diáspora africana. Gêneros como o samba e o funk são vistos como continuidades dessa tradição musical. A música negra brasileira é assim uma poderosa forma de sociabilidade e memória cultural.
O impacto da black music transcendeu barreiras musicais e sociais, enfrentando preconceitos enquanto influenciava profundamente a cultura brasileira. Hoje, gêneros híbridos como o samba-funk e o samba-rock atestam essa herança vibrante.
Dom Filó reflete sobre essas cinco décadas como um período transformador para a comunidade negra no Brasil. Ele celebra as conquistas obtidas na luta contra a discriminação racial e ressalta a importância de transmitir esse legado às novas gerações. Em suas palavras: “Essa transformação vem desde muito antes; é um processo contínuo que precisa ser reconhecido e valorizado.”