Capital estrangeiro retira R$ 88 bi da Bolsa brasileira
Valor corresponde ao dobro do valor retirado em 2019
- Data: 02/10/2020 15:10
- Alterado: 02/10/2020 15:10
- Autor: Redação
- Fonte: Estadão Conteúdo
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De acordo com dados divulgados pela B3, a Bolsa de Valores de São Paulo, o saldo negativo no ano até o dia 29 de setembro soma R$ 88,2 bilhões. O valor representa o dobro do registrado em todo o ano passado, quando os estrangeiros levaram de volta para casa R$ 44,5 bilhões.
Os motivos apontados pelos especialistas são o colapso fiscal do País, a destruição ambiental e o baixo dinamismo da economia – o que significa que todo o movimento nas bolsas tem sido sustentado por investidores locais.
Apenas entre janeiro e agosto deste ano, US$ 15,2 bilhões deixaram o Brasil. Trata-se do maior volume para o período desde 1982, quando o Banco Central começou a colecionar a estatística.
O ápice da retirada aconteceu no dia 23, quando no acumulado do ano as retiradas chegaram a R$ 89,2 bilhões. Entradas e saídas de capital estrangeiro seguem oscilando de acordo com notícias sobre avanços na busca de uma vacina contra a covid e sobre a decadência da situação ambiental brasileira.
Apenas em setembro foi registrado saldo negativo de R$ 2,89 bilhões. No acumulado do terceiro trimestre, faltando os dados de apenas um pregão para o encerramento do período, as retiradas somam quase R$ 12 bilhões.
Como efeito dessa saída de recursos, as empresas que estavam buscando recursos em ofertas iniciais de ações terão mais dificuldade, segundo José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator, em entrevista ao Estadão. Para ele, diante das incertezas sobre o ritmo da recuperação da economia global e da instabilidade política no País, será mais fácil fazer caixa por meio de endividamento, mas em um ambiente no qual as taxas de juros mais longas não serão tão interessantes.