Brasileiros vivem em domicílios maiores e com menos moradores, revela IBGE

Desigualdades habitacionais ainda persistem no país

  • Data: 12/12/2024 11:12
  • Alterado: 12/12/2024 11:12
  • Autor: Redação
  • Fonte: Agência Brasil
Brasileiros vivem em domicílios maiores e com menos moradores, revela IBGE

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Crédito:Fernando Frazão - Agência Brasil

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De acordo com os dados preliminares do Censo Demográfico 2022, divulgados nesta quinta-feira (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), observou-se uma tendência crescente de brasileiros habitando residências com um número maior de cômodos e uma redução na quantidade de pessoas compartilhando o mesmo espaço.

A pesquisa revelou que, em 2022, 44,4% da população brasileira residia em domicílios com seis a nove cômodos. Em contrapartida, apenas 0,2% morava em lares com um único cômodo, enquanto 1,5% ocupavam residências de dois cômodos. Os dados ainda mostraram que 5,3% viviam em casas com três cômodos, 13,5% em quatro cômodos e 29,2% em cinco cômodos. Por fim, 5,9% da população habitava imóveis com dez cômodos ou mais.

Conforme definições do IBGE, considera-se cômodo qualquer espaço coberto por teto e delimitado por paredes. Assim, além dos quartos, são contadas cozinha e banheiro. Espaços como corredores e varandas não entram nessa contagem. No caso de domicílios indígenas sem paredes, estes são considerados como tendo apenas um cômodo.

A pesquisa abrange exclusivamente domicílios permanentes ocupados, excluindo moradias improvisadas ou coletivas, bem como residências de uso ocasional ou desocupadas.

Historicamente, os dados indicam uma diminuição no número de domicílios pequenos ao longo das décadas. Em 1970, residências com até três cômodos representavam 29,1%; já em 2010 esse número caiu para 12%, e em 2022 atingiu 9%. Por outro lado, as habitações com cinco cômodos aumentaram significativamente, passando de 19,4% em 1970 para 29,5% em 2022.

As residências com seis ou mais cômodos também apresentaram crescimento entre 1970 e 2000, saltando de 29,5% para 45,7%. Desde então, estabilizaram-se em torno de 46,6% em 2022. Segundo o IBGE, essa estabilidade no aumento pode estar relacionada à diminuição do número médio de moradores por domicílio nas últimas décadas.

O analista Bruno Mandelli destaca: “Os censos demonstram uma evolução positiva na estrutura física das residências brasileiras, tanto em termos dos materiais utilizados quanto na ampliação do espaço disponível”.

Quanto à quantidade de pessoas dividindo o mesmo dormitório no Brasil, os dados também mostram mudanças significativas. Em 2022, mais da metade dos lares (53,9%) tinha duas pessoas por dormitório e mais de um terço (35,1%) registrava apenas um morador por ambiente. Em contrapartida, apenas 8,4% tinham três pessoas compartilhando o espaço e 2,6%, quatro ou mais.

Esses números refletem uma mudança significativa em relação ao Censo Demográfico de 2000. Naquele ano, cerca de 9,6% dos domicílios apresentavam mais de três moradores por dormitório — quase quatro vezes a proporção atual. A taxa de residências com dois a três moradores por dormitório também caiu drasticamente de 18,1% para 8,4% nesse período. Por outro lado, a presença de um único morador por dormitório cresceu substancialmente: subiu de 20,5%, em 2000 para 35,1%, em 2022.

Em termos das características físicas das habitações analisadas no censo deste ano, observou-se que a maioria da população (87%) reside em domicílios com paredes externas feitas de alvenaria ou taipa revestida. O uso da alvenaria sem revestimento corresponde a 7,6%, enquanto a construção em madeira representa apenas 4,1%. Comparando com os dados de 2010: esses índices eram então de 79%, 11,6% e 6,9%, respectivamente.

Mandelli afirma: “Aproximadamente a cada vez mais famílias estão vivendo em casas construídas com materiais mais duráveis como alvenaria — um progresso considerável se comparado às habitações tradicionais feitas de taipa ou palha”.

Os resultados também evidenciam desigualdades regionais significativas entre as unidades federativas no que tange ao número de cômodos das habitações e à quantidade de moradores compartilhando o mesmo espaço. O Distrito Federal destaca-se pela alta proporção (13%) da população vivendo em domicílios com dez cômodos ou mais — um valor superior ao dobro da média nacional. Minas Gerais segue na sequência com uma taxa de apenas 8%. No entanto, o Acre apresenta a menor proporção desse tipo de residência com apenas 1,8%.

No que diz respeito ao número médio de moradores por dormitório nas diversas regiões do país, a região Norte apresenta as maiores taxas: aproximadamente 15% dos lares têm três moradores por dormitório ou mais (7%). Por outro lado, a Região Sul demonstra os menores percentuais para essas categorias (5% e 1%, respectivamente).

A análise também revelou diferenças marcantes conforme cor ou raça dos habitantes. A população amarela apresentou maior proporção vivendo em domicílios maiores e estruturados; seguidos pelos brancos que também demonstraram melhores condições habitacionais que a média nacional. Entretanto indivíduos pretos e pardos enfrentam uma realidade habitacional menos favorável; enquanto entre os indígenas essa situação é ainda mais crítica.

Estudos revelam que entre as populações parda (22%) e preta (20%), existe uma maior incidência vivendo em residências superlotadas — contrastando significativamente com os brancos (12%) e amarelos (6%). Entre os indígenas esta situação é alarmante: aproximadamente53% vivem sob essas mesmas condições desfavoráveis.

Esta divulgação inicial representa a primeira etapa dos resultados do questionário amostral do Censo Demográfico realizado pelo IBGE. As informações foram coletadas junto a cerca de10% da população total; contudo é necessário ressaltar que os dados ainda carecem de ponderação para se tornarem representativos nacionalmente — procedimento que será realizado após consultas às prefeituras locais para assegurar a adequação às políticas públicas planejadas.

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  • Data: 12/12/2024 11:12
  • Alterado:12/12/2024 11:12
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