Bolsonaro demite ministro do Turismo; presidente da Embratur assume cargo
Queda de Álvaro Antônio é atribuída ao ministro-chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos; Gilson Machado fica na pasta de forma temporária
- Data: 09/12/2020 19:12
- Alterado: 09/12/2020 19:12
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
Álvaro Antônio foi demitido do ministério do Turismo
Crédito:Valter Campanato/Agência Brasil
O presidente Jair Bolsonaro demitiu nesta quarta-feira, 9, o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio. O presidente da Embratur, Gilson Machado, assumirá o cargo de forma temporária. O ministério deve entrar no pacote de negociação com o Centrão como forma de o Palácio do Planalto aumentar sua base de apoio no Congresso e influenciar na eleição do parlamento. Esta é a 15ª troca de ministros feita por Bolsonaro desde o início do mandato.
Como mostrou o Estadão, o cargo de Álvaro Antônio era um dos que deveriam entrar na reforma ministerial inicialmente prevista para fevereiro. A queda, no entanto, foi antecipada após uma briga com o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos. Bolsonaro se irritou porque Álvaro Antônio acusou Ramos, no grupo de WhastApp dos ministros, de oferecer a sua pasta ao Centrão em troca de apoio para a eleição para a presidência da Câmara. O Palácio do Planalto apoia o deputado Arthur Lira (PP-AL) para a sucessão do atual presidente, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
No texto, revelado pela CNN e obtido pelo Estadão, Álvaro Antônio apontou a ineficiência do colega do governo e disse que Ramos entra na sala do presidente “comemorando algumas aprovações insignificantes no Congresso, mas não diz o altíssimo preço que tem custado”. “Enfim, dito isso, não me admira o Sr Ministro Ramos ir ao PR pedir minha cabeça, a entrega do Ministério do Turismo ao Centrão para obter êxito na eleição da Câmara dos Deputados”, disse o agora ex-ministro na mensagem enviada ao grupo.
Com a demissão, Álvaro Antônio deve reassumir seu mandato de deputado federal por Minas Gerais. Ele é filiado ao PSL e é investigado pelo Ministério Público sob suspeita de desviar recursos de campanha por meio de candidaturas de mulheres nas eleições de 2018. O caso, porém, não tem qualquer relação com a demissão.
Álvaro Antônio foi recebido na tarde desta quarta-feira por Bolsonaro. Logo em seguida, foi a vez de Gilson Machado também se reunir com o presidente. O governo ainda não havia oficializado a troca até as 18h.
Na noite anterior, os dois estiveram no lançamento do Instituto Conservador-Liberal do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente. Na ocasião, Álvaro Antônio lembrou que foi um dos primeiros a embarcar na candidatura de Jair Bolsonaro.
A reforma ministerial de Bolsonaro
Além da troca no Turismo, mais mudanças devem ocorrer em breve. O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Oliveira, deixa o governo no final do ano para assumir uma vaga no Tribunal de Contas da União (TCU). Também é aguardada a substituição de Onyx Lorenzoni no Ministério da Cidadania.
Como mostrou o Estadão, o atual ministro da Secretaria de Governo pode mudar de sala e passou a ser cotado para substituir Oliveira na Secretaria-Geral. Defensores dessas mudanças argumentam que o general, responsável pela articulação política e amigo do presidente há mais de 30 anos, está desgastado com outros integrantes do governo e também pela própria natureza da função que exerce. Entregar a ele uma pasta com menos exposição, mas mantendo o status de “ministro palaciano” é visto como uma saída de prestígio.
As mudanças estavam previstas para ocorrer em fevereiro, mas a briga entre Álvaro Antonio e o Ramos abreviou o processo. Oliveira também tem insistido que Bolsonaro anuncie seu substituto até o fim do ano. Inicialmente, foi cogitada a hipótese do secretário-executivo da Secretaria-Geral, Antônio Carlos Futuro, assumir interinamente o posto até uma definição do presidente. Agora, a expectativa é que o anúncio de Bolsonaro ocorra até o Natal.
Todas as trocas de ministérios no governo Bolsonaro
Fevereiro/2019
Secretaria-Geral da Presidência – Gustavo Bebianno é substituído por Floriano Peixoto
Abril/2019
Ministério da Educação – Ricardo Vélez por Abraham Weintraub
Junho/2019
Secretaria de Governo – Carlos Alberto dos Santos Cruz por Luiz Eduardo Ramos
Junho/2019
Secretaria-Geral da Presidência – Floriano Peixoto por Jorge Oliveira
Junho/2020
Ministério do Desenvolvimento Regional – Gustavo Canuto por Rogério Marinho
Fevereiro/2020
Casa Civil– Onyx Lorenzoni por Walter Braga Netto
Ministério da Cidadania – Osmar Terra por Onyx Lorenzoni
Abril/2020
Ministério da Saúde – Luiz Henrique Mandetta por Nelson Teich
Ministério da Justiça – Sergio Moro por André Mendonça
Advocacia-Geral da União – André Mendonça por José Levi
Maio/2020
Ministério da Saúde – Nelson Teich por Eduardo Pazuello
Ministério das Comunicações – Fábio Faria assume após desmembramento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Comunicações
Junho/2020
Ministério da Educação – Abraham Weintraub por Carlos Alberto Decotelli
Ministério da Educação – Carlos Alberto Decotelli por Milton Ribeir