Bolsa cai e dólar sobe, em semana de decisão de juros no Brasil
O Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) se reúne nesta terça para deliberar sobre o patamar da taxa básica de juros do Brasil, a Selic.
- Data: 17/06/2024 14:06
- Alterado: 17/06/2024 14:06
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: FolhaPress
Crédito:Reprodução
A Bolsa brasileira tinha queda nesta segunda-feira (16), com investidores de olho na nova decisão sobre juros no Brasil, prevista para quarta.
Por volta das 13h45, o Ibovespa desacelerava a queda a 0,14%, aos 119.496 pontos. Já o dólar, no mesmo horário, tinha alta de 0,48%, cotado a R$ 5,407 na venda.
O Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) se reúne nesta terça para deliberar sobre o patamar da taxa básica de juros do Brasil, a Selic. A decisão será divulgada na quarta-feira, às 18h.
A expectativa do mercado é que o colegiado decida manter a Selic no atual nível de 10,50% ao ano em unanimidade.
Na visão de analistas ouvidos pela Folha, um novo racha entre os membros do colegiado, como ocorreu em maio, provocaria mais ruído no mercado e colocaria a credibilidade do BC na mira. Por isso, a previsão é de uma votação sem divergências e um comunicado mais coeso.
A manutenção da taxa Selic em 10,50% deve se estender até o final do ano, na análise de economistas consultados pelo BC para a elaboração do Boletim Focus. A projeção é 0,25 p.p. maior do que prevista no último ajuste de expectativas, após duas semanas sem alterações.
“Há um mês a previsão de Selic para 2024 estava em 10%”, destacou Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos. “Depois foi para 10,25%… e da semana passada para essa, saiu de 10,25% para 10,50%. Isso é bem preocupante.”
Na projeção, pesa o cenário de deterioração das expectativas de inflação, depreciação do real frente ao dólar, percepção de maior risco fiscal e incerteza externa, além da atividade econômica resiliente.
O dólar vem tendo ganhos contínuos contra o real em meio às preocupações do mercado com a área fiscal, fomentadas por derrotas do governo no Congresso, declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ruídos em torno da estabilidade do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no cargo.
A divisa norte-americana fechou acima de R$ 5,40 na quarta-feira (12) pela primeira vez desde janeiro de 2023, à medida que os investidores perdiam confiança no compromisso fiscal do governo.
Também houve aumento na percepção de que Haddad, um defensor do ajuste das contas públicas dentro do Executivo, perdia força em meio às pressões vinda tanto de dentro do governo quanto de parlamentares, o que só foi contido por falas de Lula na quinta-feira exaltando o trabalho ministro.
Nesta segunda, o câmbio ainda era pressionado pelo Focus, que, além de antever a manutenção da Selic no atual patamar até o final do ano, piorou as expectativas para a inflação.
Agora, a previsão é que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) encerre 2024 em 3,96%, aumento de 0,06 p.p. desde a última semana. Esta é a sexta alta consecutiva na inflação.
Dados fracos da economia da China também entraram no radar dos investidores. A produção industrial de maio do país asiático ficou aquém das expectativas e a crise no setor imobiliário não mostrou sinais de abrandamento, pressionando o minério de ferro.
Por aqui, isso se refletia nas ações da Vale, uma das empresas de maior peso no Ibovespa. A mineradora perdia 0,71%, puxando o índice para baixo. Ainda foi reportado um incêndio em uma das correias transportadoras na planta de Salobo 3, no Pará. Segundo a Vale, o fogo, ainda sem origem definida, foi contido sem vítimas ou perdas materiais.
Ainda na cena corporativa, Petrobras operava mista, com os preferenciais subindo 0,52% e os ordinários recuando 0,19%.
Itaú liderava os ganhos do pregão, a 2,31%, após o Morgan Stanley elevar a recomendação do banco brasileiro de neutra para compra. A justificativa é que, diante da expectativa de uma Selic mais alta por mais tempo, o Itaú tem um valor de mercado atrativo e uma gestão de alto nível, de acordo com os operadores.
Na última sexta (14), o dólar registrou leve alta de 0,27% e terminou o dia cotado a R$ 5,381. Já a Bolsa brasileira teve variação positiva de 0,07%, fechando praticamente estável aos 119.662 pontos.
Na semana passada, a moeda americana acumulou alta de 1,07%, e o Ibovespa, recuo de 0,91%.